Após a venda de móveis no varejo nacional bater um recorde histórico no mês de agosto de 2020 , a produção industrial no setor também continuou em alta durante setembro. Dando, assim, indicativos de que os números positivos deverão ser mantidos por toda a cadeia moveleira nos meses subsequentes. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o relatório, a produção de móveis no Brasil cresceu 2,3% em setembro comparando-se ao mês anterior. Já no comparativo com agosto de 2019, o aumento foi mais representativo: 9,3%.
Apesar dos bons indicadores atuais, no entanto, o acumulado do ano ainda registra queda: -8,3% com base no mesmo período do ano passado; e -5,8% nos últimos 12 meses. Não precisamos mais sequer explicar que tal número reflete o abismo dos primeiros meses da quarentena no Brasil. Período, este, que fez despencar a produção acumulada em 2020.
Elevação do preço dos móveis na indústria
Outro fator delicado a se observar é o aumento no preço dos móveis na indústria, refletindo, potencialmente, o aumento nos valores dos insumos básicos para a produção moveleira. O IBGE mostra que os preços médios na indústria sofreram aumentos de 4,17% em setembro. O que, no acumulado dos primeiros nove meses do ano (janeiro a setembro), já representa uma evolução de 11,60%.
Para se entender a sensibilidade do momento, esta é a maior alta verificada no período desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 2010. A taxa anualizada — ou seja, aquela que exprime a taxa de juro anual levando em conta o efeito dos juros compostos —, por sua vez, esteve em 11,30% até setembro. Podendo, sim, ser elevada nos próximos meses, quando os aumentos do segundo semestre forem adicionados à produção.
Números gerais na indústria
Quando falamos na produção industrial geral, no entanto, o crescimento foi de 2,6% em setembro comparado a agosto de 2020 na série com ajuste sazonal. Quinta alta seguida: 8,7% em maio; 9,6% em junho, 8,6% em julho e 3,6% em agosto. Esses cinco meses de crescimento, então, eliminaram a perda de 27,1% acumulada entre março e abril, quando a produção industrial havia caído ao nível mais baixo da série.
Apesar do crescimento menor em setembro, a boa notícia é que, com isso, a atividade industrial no país se encontra 0,2% acima do patamar de fevereiro deste ano, quando a pandemia de Covid-19 ainda não havia afetado a produção industrial no país. Já na comparação sem ajuste sazonal com o mês de setembro de 2019, a indústria cresceu ainda mais: 3,4%. Interrompendo, dessa forma, dez meses de resultados negativos seguidos. Ainda assim, a indústria geral acumula perda de – 7,2% no ano e de – 5,5% em 12 meses.
Produção de móveis: O que está por vir?
Como já falamos em outras ocasiões, acredita-se que, mesmo com resultados negativos no acumulado dos 12 meses do ano (janeiro a dezembro), tanto a produção moveleira quanto a geral deverão fechar 2020 em situação bastante superior à esperada em março e abril. O que, em meio à uma pandemia, já é por si só um progresso.
Apesar disso, as incertezas ainda são grandes para os primeiros meses do ano. Isso, especialmente na indústria de móveis, que já vem experimentando o cancelamento de pedidos, bem como uma estabilização na demanda devido a fatores como o iminente fim do auxílio emergencial; a normalização das taxas de juros; o relaxamento das restrições de distanciamento social; bem como o atendimento dessa alta demanda gerada no período. Isso, desconsiderando, ainda, outra possível onda de restrições sociais devido ao recente avanço da Covid-19 no mundo. É esperar, torcer e continuar trabalhando em soluções assertivas para contornar os obstáculos de um período cheio de surpresas — muitas das quais, infelizmente, não temos controle.