Após um movimento de retomada do crescimento na indústria moveleira em março de 2021, o volume produzido de móveis e colchões em abril apresentou recuo de 18,3% sobre o mês anterior. Apesar de demonstrar perda de ritmo nas fábricas, que vinha de uma série histórica na segunda metade de 2020, o panorama continua satisfatório. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2021 em relação a igual período no ano passado, o aumento em volume na produção de móveis é de 24,7%.

O consumo aparente de móveis e colchões no Brasil foi de 28,4 milhões de peças no quarto mês do ano. Número que representa recuo de 20,4% em comparação ao mês anterior e aumento de 25,1% em relação ao acumulado do ano. A participação dos produtos importados sobre o consumo interno nacional foi de 3,1% em abril ante 3,4% em março.
Tal ambiente é retratado na última “Conjuntura de Móveis” — relatório desenvolvido pelo IEMI – Inteligência de Mercado sob encomenda para a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (ABIMÓVEL). E não é difícil compreender tais resultados.
Por um lado, as restrições sociais mais rígidas limitavam a produção de móveis e o comércio no segundo trimestre do ano passado, justificando, assim, o crescimento significativo no confronto entre os primeiros meses de 2021 e 2020. Por outro, a estabilização da demanda combinada aos desafios relacionados à compra de insumos e matérias-primas após o boom nas vendas no setor, apontavam para uma desaceleração do consumo e da atividade fabril.
Emprego na indústria moveleira
Neste cenário, portanto, o volume do emprego na indústria moveleira nacional diminuiu em 0,8% em abril no comparativo com março de 2021. Como observado nas demais categorias do estudo, no entanto, houve crescimento do emprego no acumulado do ano: +3,6%. Um resultado que mantém o setor como referência na geração de emprego no País.
O número de horas trabalhadas também teve recuo em relação ao mês anterior (-6,6%). Já frente ao acumulado entre janeiro e abril, o crescimento foi de 19,1%. Dessa forma, era de se esperar que a produtividade do trabalho também recuasse no mês (-12,6%) e subisse no ano (+6,9%). A massa salarial, por sua vez, diminuiu 1,7% em abril, chegando a R$ 351,7 milhões.
Varejo de móveis e colchões: Entendendo o comportamento de consumo
Para finalizar a análise compartilhada pela ABIMÓVEL, auxiliando o setor a ter um entendimento mais palpável do comportamento de compra na ponta, ou seja, dos consumidores finais no comércio, as vendas em volume de peças no varejo nacional apresentaram crescimento de 9,9% em abril no comparativo com o mês anterior (quando houve queda de 3,4%). No acumulado do ano, o indicador registrou variação ainda maior, na ordem de 18,7%.
Já as vendas nominais, portanto em valores, registraram crescimento de 11% no comparativo com março e de 21,4% no acumulado entre janeiro e abril de 2021 na relação com igual período do ano anterior. Panorama que demonstra que a procura por móveis apresentou avanço com recuperação no quarto mês do ano.
Importante ressaltar que segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os preços nacionais de mobiliário apresentaram alta de 0,81% em maio de 2021 frente ao mês anterior. No ano, o índice já acumula um aumento de 5,1% no varejo. O que pode, portanto, intimidar o consumo nos próximos meses.
Por isso mesmo, é essencial que fabricantes e lojistas compartilhem e debatam os indicadores aqui apresentados, com o objetivo de entender e atender às novas dinâmicas do setor moveleiro e às demandas de consumo no Brasil. Ressaltando o constante desafio de agregar valor sem onerar a produção de móveis, tampouco ao consumidor.