Na primeira edição da Pesquisa Industrial Mensal de 2023, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou leve aumento na produção moveleira nacional em novembro do ano passado. Apontando, assim, para números de retração um pouco menos desfavoráveis no fechamento de 2022.
Os indicadores do instituto demonstram crescimento de 3,6%, o que é um avanço considerável, no volume de peças produzidas em novembro na comparação com outubro de 2022. Com isso, o acumulado do ano que estava em -17,6% em dez meses, passou para -17,2% entre janeiro e novembro.
Já a perda acumulada nos últimos 12 meses, que era de -18,5% até outubro passou para -18% até novembro do ano passado. Veja mais números abaixo.
Produção moveleira e indústria geral
Apesar de em ritmo decrescente, as quedas são algumas das maiores entre as atividades industriais pesquisadas na PIM-PF (Pesquisa Industrial Mensal).
Estima-se que os resultados reflitam não só o momento conflituoso pelo qual a indústria de móveis nacional atravessa (questões que falaremos mais aprofundadamente ao longo dessa semana aqui na Plataforma Setor Moveleiro — não perca!) como também esteja diretamente relacionado ao desempenho singular do setor no ano de 2021, quando vivia um aquecimento transitório (como prevíamos) da produção devido a fatores externos relacionados ao isolamento social e à injeção de benefícios financeiros na economia nacional.
Vale ressaltar que com as medidas de incremento de renda e impulsionamento do setor industrial implementadas pelo governo à época, houve de fato um ganho de ritmo pela indústria geral no País, que espelharam quatro avanços seguidos entre os meses de fevereiro e maio de 2022. A recuperação, no entanto, foi pontual.
“Posteriormente, ainda tendo como pano de fundo inflação alta, especialmente de alimentos, além do elevado número de trabalhadores fora do mercado de trabalho, precarização dos postos de trabalho e uma massa de rendimentos que avançou muito pouco, o setor industrial voltou a mostrar perda de ritmo nos meses subsequentes”, analisa o gerente da PIM-PF, André Macedo.
A novidade, contudo, é que em novembro, diferentemente do cenário dos meses anteriores, houve um predomínio de atividades no campo positivo: foram 15, do total de 26. O indicador geral na indústria brasileira, porém, continuou negativo, mas estável: -0,6% entre janeiro e novembro de 2022, e em 12 meses queda de 1%.
Mercado de produtos para a casa
A título informativo, para se ter uma dimensão ainda maior do panorama no mercado de produtos para a casa, as maiores influências negativas para o resultado da indústria geral no mês de novembro frente ao mês anterior, que foi de -0,1%, vieram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-6,5%).
“Essa perda tem relação com a produção de eletrodomésticos da linha marrom, especialmente os televisores. Os aumentos de agosto [+6,5%] e setembro [+0,9%] podem estar relacionados com a Copa do Mundo de Futebol, e agora estaríamos apresentando um movimento de compensação”, pontua o gerente da pesquisa.
Ele ainda ressalta que não se pode tirar de vista que a economia mostra sinais de perda de intensidade, com taxas de inadimplência em patamares altos, taxa de juros em elevação e a relação direta do consumo de bens duráveis com o acesso ao crédito, que encontra-se bastante limitado. “Esses fatores inibem o consumo na ponta final e consequentemente afetam a produção”, complementa Macedo.