Projeções para a economia brasileira – Chegamos na segunda quinzena do primeiro mês de 2023, e a tendência continua de alta para a inflação no Brasil. Culminando, assim, num efeito em cadeia nada bem-vindo no setor moveleiro, que vem buscando a restabilização após um ano conturbado em toda a indústria e no varejo.
Segundo projeções divulgadas nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central, por meio do Relatório Focus, a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, subiu para 2023: de 5,36% para 5,39%. Um pouco abaixo, contudo, do acumulado do ano passado.
Em 2022, o índice geral do ano, de acordo com o mais recente levantamento oficial do IPCA, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi de 5,79%. Embora mais baixo do que o de economias importantes, como a dos Estados Unidos e de outros mercados europeus, o impacto inflacionário tem sido corrosivo sobre determinados setores, como é o caso do moveleiro.
Impacto da inflação nos preços de móveis e colchões
O preço do mobiliário cresceu 18,38% em 2022, mais de três vezes a média geral do País. O impacto é ainda maior no segmento de cozinhas, com um pico de até 22,74%. No setor, apenas os colchões tiveram deflação (-0,12%).
Dessa forma, a continuidade da tendência de alta apontada pelo Banco Central para a inflação brasileira, já abre o ano assombrando mais uma vez os empresários moveleiros. Estes que veem, ainda, como efeito de uma possível tentativa de controlar a escalada inflacionária, uma nova elevação das taxas de juros (Selic) e, consequentemente, uma maior dificuldade no acesso ao crédito por parte dos consumidores. Questões essenciais na jornada de compra de móveis, em especial nos segmentos populares.
Como já trouxemos AQUI, segundo análise realizada pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), entre os produtos mais procurados para financiamento no varejo estão, justamente, os móveis, além de artigos de linha branca (geladeira, fogão e máquina de lavar) e eletrônicos (TVs, computadores e celulares).
As vendas desses produtos podem ficar, portanto, prejudicadas. “É que esse aumento [das taxas de juros], além de encarecer o financiamento, também diminui prazos para pagamento e os bancos passam a conceder menos crédito para os consumidores”, explica Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.
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Projeções para a economia brasileira em 2023
A previsão da taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) foi mantida em 12,25% para este ano: acima dos 11,75% tidos como suficientes para a contenção da inflação no País, de acordo com fontes e especialistas de mercado.
A inflação de 2024 foi mantida em 3,70%. Mas a de 2025 avançou de 3,30% para 3,50%. Com isso, a taxa de juros manteve-se em 9,25% para 2024 e nas projeções para 2025 subiu de 8% para 8,25%.
A projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2023 foi reduzida de 0,78% para 0,77%. Já a estimativa para o dólar americano continuou em R$ 5,28 para este ano, e em R$ 5,30 em 2024. Para 2025, continuou em R$ 5,30.
Para as contas públicas, a projeção da dívida líquida manteve a perspectiva de alta ao longo dos próximos anos: de 61,85% do PIB em 2023; para 64,33% em 2024; e 67,30% em 2025. A estimativa para o déficit primário é de queda: de 1,19% do PIB em 2023 para 1% em 2024; e 0,65% em 2025.
Balança comercial
Esperada pela indústria moveleira, a projeção de superávit para a balança comercial de 2023 voltou a subir: de US$ 56,61 bilhões para US$ 57,20 bilhões. Enquanto a dos próximos anos foi mantida: US$ 52,40 bilhões em 2024; e US$ 55 bilhões em 2025.
De acordo com a ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), quando se trata da balança comercial no setor de móveis, esta permaneceu consideravelmente favorável em 2022, acumulando US$ 634,4 milhões entre janeiro e novembro. O que aponta para um bom fechamento de ciclo, apesar da atenuação das exportações durante o ano passado.