Quatro em cada 10 brasileiros acreditam que vão gastar mais com bens de maior valor como móveis

Quatro em cada 10 brasileiros acreditam que vão gastar mais com bens de maior valor como móveis

Quando se trata de planejar os gastos, os brasileiros estão demonstrando uma inclinação notável para investir em bens de maior valor. É o que revela a recente pesquisa, divulgada em março de 2024, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Intitulada ‘Retratos da Sociedade Brasileira (RSB)’, foi realizada em colaboração com o Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI). A pesquisa revela que uma parcela significativa da população está considerando aumentar seus investimentos. Especificamente, há um interesse crescente em destinar recursos para a aquisição de itens como móveis nos próximos 12 meses.

Embora essas intenções de gastos sejam promissoras, é importante contextualizá-las dentro do atual cenário econômico do país. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 10 de abril de 2024. Adicionalmente, revelou uma desaceleração da inflação em março. Isso pode representar um alívio para os consumidores, tornando mais atrativo o investimento em bens duráveis.

Fonte: IBGE – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. IPCA – Variação mensal

Tendências econômicas: expectativa de gastas mais 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) revelou que a inflação do país desacelerou em março, registrando alta de 0,16%, ou seja, 0,67 ponto percentual (p.p) menor que em fevereiro, quando marcou 0,83%. 

A inflação acumulada no ano está em 1,42%. Nos últimos 12 meses, os preços subiram 3,93%. Em março de 2023, o índice havia sido de 0,71%. Dos nove grupos pesquisados, seis tiveram alta na passagem de fevereiro para março.

A pesquisa do CNI revelou que do total de entrevistados, 58% acreditam que a inflação vai aumentar nos próximos 12 meses, 21% acreditam que a inflação não vai mudar e 15% acham que a inflação vai diminuir. 

Desafios da indústria e crescimento econômico

Por outro lado, os números da Pesquisa Industrial Mensal e Regional mostram variações negativas na produção da indústria. O índice da PIM de 0,3% na passagem de janeiro para fevereiro, demonstra o segundo resultado negativo consecutivo, acumulando queda de 1,8%. Um cenário que requer atenção e estratégias para impulsionar a recuperação.

Comparado a fevereiro de 2023, a indústria registrou um crescimento de 5,0%, marcando o sétimo resultado positivo consecutivo. O acumulado para janeiro e fevereiro de 2024, em relação ao mesmo período de 2023, foi de 4,3%, com um crescimento anual de 1,0%. Esses números destacam um aumento no ritmo de crescimento, superando os resultados de janeiro de 2024 (0,4%) e dezembro de 2023 (0,1%). Em fevereiro de 2023, o resultado havia sido de -2,5%.

Apesar dessas dificuldades, há regiões do país que mostram sinais de crescimento na produção industrial, como o Rio Grande do Sul, o Amazonas e o Espírito Santo, conforme os dados da mesma pesquisa.

Desempenho da indústria por região

Com variação negativa de 0,3% na indústria nacional em fevereiro, na série com ajuste sazonal, cinco dos 15 locais pesquisados pelo IBGE neste indicador apresentaram taxas negativas. Os maiores recuos foram registrados no Mato Grosso (-3,3%), Goiás (-2,4%) e Pará (-2,2%). Santa Catarina (-0,6%) e São Paulo (-0,5%) completaram o conjunto de locais com resultados negativos. Já o Rio Grande do Sul (9,4%), Amazonas (7,3%) e Espírito Santo (5,9%) apontaram as expansões mais elevadas do mês. Ceará (5,2%), Pernambuco (5,2%), Rio de Janeiro (2,0%), Bahia (1,8%), Região Nordeste (1,6%), Minas Gerais (0,9%) e Paraná (0,6%) mostraram os demais resultados positivos nesse indicador.

Por outro lado, Rio Grande do Sul (9,4%), Amazonas (7,3%) e Espírito Santo (5,9%) mostraram as expansões mais acentuadas nesse mês, com o primeiro eliminando a queda de 5,7% verificada em janeiro último; o segundo completando o terceiro mês seguido de crescimento na produção, período em que acumulou ganho de 35,1%; e o último voltando a crescer após recuar 5,8% no mês anterior. Ceará (5,2%), Pernambuco (5,2%), Rio de Janeiro (2,0%), Bahia (1,8%), Região Nordeste (1,6%), Minas Gerais (0,9%) e Paraná (0,6%) assinalaram os demais resultados positivos em fevereiro de 2024.

No acumulado do ano de 2024, o setor industrial assinalou expansão de 4,3%, frente a igual período do ano anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, o setor industrial avançou 1,0%, com taxas positivas em 12 dos 18 locais pesquisados.

Perspectiva de consumo e endividamento do consumidor

Apesar desses sinais de melhora, existe uma preocupação em relação ao futuro econômico do país. Isto por que 58% dos brasileiros acreditam que a inflação aumentará e 38% temem um aumento no desemprego nos próximos 12 meses. Esses receios podem impactar as decisões de consumo e investimento das famílias brasileiras.

Os resultados da pesquisa realizada pela CNI também revelam uma evolução positiva da situação financeira e da renda do consumidor brasileiro em 2024. Afinal, 41% dos entrevistados afirmam estar menos endividados em comparação com o ano anterior. Assim, há indícios de uma redução no peso das dívidas sobre a renda familiar. Ademais, 38% avaliam uma melhora na situação financeira em relação aos últimos 12 meses, sugerindo uma maior estabilidade econômica para uma parte significativa da população.

Como citado no início desta matéria, quatro em cada 10 brasileiros estão menos endividados em 2024. Portanto, isso indica uma melhora na situação financeira e um possível impulso ao consumo. Além disso, 41% dos entrevistados esperam aumentar seus gastos com bens de maior valor, como móveis e eletrodomésticos, nos próximos 12 meses. Esse otimismo reflete uma tendência de recuperação econômica e confiança do consumidor.

Esse aumento esperado nos gastos é particularmente evidente entre os mais jovens. Pois 47% dos entrevistados entre 16 e 40 anos é que estão projetando um aumento nos gastos com bens duráveis. Essa perspectiva otimista pode ajudar na personalização do atendimento para impulsionar o setor de varejo e a indústria de móveis e eletrodomésticos nos próximos meses.

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