Que os primeiros meses do ano chegam também com uma baixa na produção de móveis, isso já é esperado. Preocupa, porém, a forte queda no volume produzido em janeiro de 2022 quando comparado à performance da indústria moveleira em igual mês no ano passado. Com recuo de 33%, na série com ajuste sazonal, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o setor apresentou a pior baixa na comparação entre todas as atividades industriais pesquisadas.
A nova edição da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) também revelou queda de 5% no volume de móveis produzidos na passagem de dezembro de 2021 para janeiro de 2022.
Resultados indústria geral
É importante ressaltar, contudo, que na comparação com janeiro de 2021, a indústria brasileira no geral também recuou, -7,2%, no primeiro mês de 2022. Apresentando resultados negativos em todas as grandes categorias econômicas; bem como em 20 dos 26 ramos; 56 dos 79 grupos; e 67% dos 805 produtos pesquisados. Sendo que janeiro de 2022 (21 dias) teve um dia útil a mais do que igual mês do ano anterior (20).
Na passagem de dezembro para janeiro, o impacto foi de -2,4% na produção industrial brasileira, ainda na série com ajuste sazonal. Eliminando, dessa forma, parte da expansão de 2,9% registrada no mês anterior. Em 12 meses, porém, a indústria acumula alta de 3,1%.
Produção de móveis e outras atividades industriais
“Verificamos que o mês de janeiro está bem caracterizado pela perda de dinamismo e de perfil disseminado de queda. Uma vez que todas as grandes categorias econômicas mostram recuo na produção, tanto na comparação com o mês anterior quanto na comparação com janeiro de 2021”, destaca o gerente da pesquisa, André Macedo.
O pesquisador ressalta que a expansão verificada em dezembro do ano passado, pode estar relacionada à antecipação da produção, por conta de janeiro ser um mês muito marcado por férias coletivas e paralisações. Ele também lembra que o comportamento negativo do setor industrial verificado no mês é algo que já vem sendo observado há mais tempo, com o ano de 2021 tendo registrado oito taxas negativas na produção geral.
“Até no indicador acumulado dos últimos 12 meses, no qual a indústria permanece em crescimento, com expansão de 3,1%, os avanços perdem cada vez mais a intensidade. Em agosto de 2021, a taxa chegou a registrar 7,2%. Em setembro, foi para 6,5%; 5,7% em outubro, 5% em novembro e 3,9% em dezembro.”, pontua Macedo.
Produção de móveis
Mudanças nos parâmetros da PIM-PF
Em tempo, o IBGE informou que atualizará os parâmetros do modelo de ajuste sazonal da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, já na divulgação de 1º de abril (a próxima), com dados referentes a fevereiro de 2022.
“Em função da utilização de novos modelos de ajuste sazonal e métodos de estimação, as séries dessazonalizadas podem ter seus valores revisados desde o início da série histórica até o dado mais recente. Isso ocorrerá para todas as séries cujo novo modelo de ajuste sazonal diferir daquele previamente utilizado”, avisou o IBGE, em nota técnica.
Segundo o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, o procedimento é “normal” e já foi adotado em ocasiões anteriores.
“A última atualização que fizemos foi em 2018. A ideia é que a gente faça essas atualizações a cada dois anos. Mas o processo da pandemia, a migração do trabalho presencial para o home office, a adaptação ao novo processo de coleta de informações, tudo isso acabou adiando [a atualização]”, justificou Macedo.