A sociedade está cada vez mais polarizada em suas opiniões. Gerando, assim, a ascensão do que podemos chamar de uma espécie de catastrofismo. Ou seja, a ênfase contínua em tudo o que há de errado e ruim na vida e nos negócios. A mídia, inclusive a segmentada, aproveita o momento para colocar em ação uma estratégia sensacionalista. Fazendo da “desgraça” uma editoria e ganhando, assim, cada vez mais espectadores ou seguidores ao alimentar o caos e discursos de ódio. Mas é daí também que surge a tal da “resiliência”.
Com os veículos de comunicação trazendo histórias desanimadoras a todo momento e as redes sociais nos tornando, contraditoriamente, cada vez mais antissociais, às vezes parece que o mundo todo perdeu a esperança. Mas há mudanças ocorrendo e, até 2022, estima-se que o otimismo radical deixará a negatividade para trás. Trazendo uma sensação imensa de alegria e prazer. Bem, ao menos é o que acredita a WGSN – líder global no levantamento de tendências do consumo.
O sensacionalismo e o catastrofismo
Continuando a falar sobre o consumidor de 2022 – tema que iniciamos na última semana, hoje compartilhamos um pouco mais sobre o perfil e os sentimentos que movem esses compradores em ascensão. Como comentamos em nosso último artigo sobre o tema, a WGSN Insight destaca os quatro principais sentimentos que vêm orientando as escolhas desse consumidor do futuro. São eles: medo, dessincronização social, resiliência equitativa e otimismo radical.
Mesmo com a volatilidade social, política e econômica dos dias atuais, entende-se que, aos poucos, o mundo (e o nosso mercado) esteja melhorando. Um exemplo disso vem do Our World in Data, um hub de pesquisa on-line. Segundo eles, o número de pessoas vivendo em extrema pobreza caiu de quase dois bilhões em 1990, para 0,7 bilhão em 2015. “Durante este período de 25 anos, no entanto, nenhum jornal publicou a manchete ‘O número de pessoas vivendo em extrema pobreza caiu em 137 mil desde ontem’.”
Vale ressaltar, aliás, que esse dado por si só já é um indicativo bastante positivo para se compreender aos rumos do consumo no mundo. Mas por que nos voltamos tanto a questões pontuais e negativas, e nos esquecemos de observar as boas mudanças em evolução contínua? Justamente porque elas não estão na mídia! Em tempos de crise epistêmica, porém, precisamos focar no que é verdadeiro, não apenas no que dá ibope.
Do medo ao otimismo
Quando falamos na economia, exclusivamente, a volatilidade financeira vem afetando o mundo desde a crise econômica de 2008. Apesar de alguns países registrarem crescimento nos últimos anos, em 2019, porém, o medo relacionado às questões financeiras aumentou.
Mas por que ele está crescendo inclusive em regiões onde a economia é estável? A resposta, para os especialistas em tendências comportamentais da WGSN, está no contágio emocional – um traço comportamental em que as pessoas tendem a adotar e a imitar as emoções umas das outras. Sentimento mais rapidamente transmitido em escala global agora que vivemos numa era digital.
Segundo a WGSN, uma pesquisa sobre contágio emocional e viralização on-line revelou que os artigos do jornal The New York Times mais compartilhados por e-mail, por exemplo, eram aqueles que geravam emoções mais fortes. Tais como espanto, raiva e medo. Embora essas manifestações negativas sejam diferentes de geração para geração e lugar para lugar, há questões em comum que impactam todas as faixas etárias e regiões, portanto à sociedade como um todo. Entre elas estão especialmente as incertezas ambientais e financeiras.
Resiliência equitativa
Nesse clima atual de incerteza, dessincronização e aceleração, não surpreende, portanto, que a resiliência – ou seja, a capacidade de resistir, absorver, se recuperar e se adaptar à adversidade ou à mudança – esteja rapidamente se transformando em uma prioridade emocional. Ela é tão importante que o tema da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a sua política de 2020 é, justamente, o “fortalecimento da resiliência”. Tornando-se, inclusive, pauta escolar em países como os Estados Unidos, China, Índia e Reino Unido. Mas o que isso tem a ver com o setor moveleiro? Tudo!
Observar o comportamento humano é também delinear os rumos do viver, do morar e do consumir. É entender o que os novos consumidores querem e porque querem. É compreender aos próximos passos do mercado e se adiantar na entrega de soluções. E não teria como ser diferente: esse sentimento de resiliência tem sido um dos pontos que mais vem definindo ao consumidor do futuro, que ainda busca por equidade social e econômica, com a ampliação das possibilidades de acesso (inclusive ao consumo) ao redor do mundo.
Setor moveleiro resiste
No mais, acreditamos que esse sentimento de resiliência define não só o perfil dos consumidores em ascensão, mas também revela muito do perfil da própria indústria moveleira. Que apesar da perplexidade generalizada, vem mostrando que em tempos de incerteza, o otimismo é não só uma opção corajosa, como uma forma de resistência. E, olha, parece que essa insistência em se acreditar e continuar trabalhando trará ainda muito mais bons frutos!