Com certeza, a inteligência artificial (IA) não é apenas uma inovação; ela é uma inovação disruptiva que está prestes a revolucionar o trabalho de praticamente todas as pessoas.
Assim como o smartphone revolucionou a indústria dos telefones, aposentando todos os celulares que estavam sendo produzidos até então, agora a inteligência artificial vai obrigar todos os profissionais a se reinventarem. Aqueles que não se adaptarem à IA podem enfrentar desafios significativos nesse novo cenário. E é importante frisar que a inteligência artificial não vai roubar o seu emprego, mas sim, algum profissional que se atualizou usando inteligência artificial. Esse vai estar mais apto para produzir de forma mais rápida, mais eficiente e com muito mais qualidade.
No entanto, é importante segmentar o que entendemos por “produto”, pois o mercado está passando por mudanças significativas. Muitos usam o termo “produto” para se referir a produtos digitais, como sites, aplicativos e outras soluções. Nesse espaço, o desenvolvimento está em pleno vapor, com empresas utilizando IA para melhorar suas criações. No entanto, no campo de produtos físicos, como móveis, a IA ainda está engatinhando, mas já começamos a ver alguns resultados promissores.
Acredito que a adoção da IA no setor de móveis ainda é lenta devido a algumas barreiras de entrada. Tanto em relação ao conhecimento técnico quanto ao fato dos melhores aplicativos ainda serem pagos. O que muitas pessoas não compreendem é que essas ferramentas pagas representam um investimento acessível para empresas, e o conhecimento técnico pode ser adquirido com relativa facilidade através de treinamento, que pode ser concluído em apenas um dia.
Workshop: explorando possibilidades da Inteligência Artificial
Esse treinamento é muito simples e prático para as empresas. Ele abrange todos os fundamentos da IA para imagens e sua aplicação no processo criativo. Através de exercícios práticos, apresentamos centenas de casos e oportunidades de uso da IA. A ferramenta Midjourney é uma das mais amplamente utilizadas, mas também mencionamos e explicamos outras ferramentas, como Stable Difusion e Leonardo Ai.
O intuito desse treinamento é atualizar as empresas para essa tecnologia disruptiva. Esse workshop foi projetado para que, em apenas um dia, toda a equipe de criação possa estar apta a exponenciar suas possibilidades criativas em mais de 20 vezes.
Eu acredito que muitos profissionais podem perder espaço, emprego, mas outros ganharão visibilidade. Como sempre acontece na história da humanidade, precisamos nos adaptar às novas realidades e tecnologias. Charles Darwin explicou que o ser humano que sobrevive não é o mais forte, mas sim o mais adaptável.
Aqueles profissionais que se dedicarem a aprender sobre a IA e a melhorar seus processos de trabalho com essas ferramentas poderão se destacar profissionalmente e ocupar cargos que ainda não existem, mas serão criados. Certamente, seus empregadores farão o possível para mantê-los, pois será difícil encontrar outros funcionários com habilidades similares.
É importante reconhecer que haverá uma redução no número de empregos, estimando-se que cerca de 90% da mão de obra criativa seja eventualmente substituída ou reduzida. Isso porque os ganhos que se tem de produtividade e qualidade com inteligência artificial são gigantes, diminuindo assim a necessidade de uma equipe inchada. Em vez disso, empresas podem contar com poucos profissionais altamente treinados para realizar o trabalho.
Portanto, é importante estarmos atentos e nos prepararmos o quanto antes, pois um trem está chegando, ou seja, a revolução da IA está em curso, e aqueles que não estiverem preparados podem ser deixados para trás, e ele vai passar por cima.
Minha jornada na Inteligência Artificial
Durante um breve período sabático após deixar um emprego desafiador, encontrei-me pesquisando assuntos que me interessavam profundamente. Como sou apaixonado por inovação tecnológica e tenho amigos na área, deparei-me com impressionantes imagens de produtos postadas por um amigo em uma rede social. E foi aí que descobri a ferramenta chamada Midjourney. Imediatamente busquei entender do que se tratava, assisti vídeos na internet e, em uma semana, já estava utilizando a inteligência artificial. No início, os primeiros resultados ainda foram muito frustrantes, pois eu ainda não compreendia suas possibilidades. Naquela época, a tecnologia estava em estágio inicial, cerca de oito meses atrás.
À medida que mergulhei mais fundo na tecnologia, percebi seu potencial ao gerar imagens incríveis, conceitos abstratos e colaborações eficientes, como se eu tivesse uma designer como dupla altamente competente ao meu lado. Nesse momento, entendi que precisava largar tudo e me dedicar ao estudo aprofundado da IA, a fim de me tornar um profissional destacado e, ao mesmo tempo, preparado para treinar outras pessoas.
Como eu naveguei nessa onda antes de todos, fui convidado a dar palestras em empresas renomadas como Electrolux, Stellantis, Questtonó ManyOne, entre outras. O interessante do meu discurso e do aprendizado que eu proporciono é que tenho bagagem e experiência nas mais diversas áreas criativas, já que trabalhei em fábricas, agências e já empreendi na área de móveis e cenografia. Isso me permite mostrar às equipes criativas como integrar a inteligência artificial de maneira eficaz no processo criativo, resultando em soluções mais satisfatórias e impactantes.
Aplicando a IA no processo criativo
Uma vez que você pode colocar um projeto seu na inteligência artificial, podendo gerar uma série de novos conceitos a partir daquela criação. Além disso, a IA é inspiracional, ou seja, você pode gerar um mood board de imagens, reunindo a equipe para debater fotos e referências para enriquecer o projeto desde o início. Dentre outras milhares de formas de utilizar a IA, ela também pode aprimorar a apresentação de projetos, com fundos, iluminação e até mesmo variações sutis do mesmo produto.
Por fim, a IA pode acelerar o processo de criação, economizando horas de trabalho em design, modelagem 3D e apresentação. Embora algumas dessas áreas ainda estejam em desenvolvimento, em poucos meses, elas estarão prontas para oferecer qualidade excepcional no mercado de trabalho. Portanto, é essencial permanecer atento, pois já existem IAs que criam modelos 3D e vídeos a partir de uma simples imagem, e o progresso continua.
Inclusive já temos inteligências artificiais que fazem detalhamentos técnicos complexos na área de arquitetura e engenharia, e não está longe o dia em que essa tecnologia será aplicada ao setor de móveis, detalhando peças complexas que demoraríamos semanas para fazer em apenas alguns minutos.
Após estudar e ter um material forte para as palestras eu senti necessidade de produzir um produto que materializasse esse conhecimento e mostrasse que é possível colocar essas ideias para o mundo real. E, mais uma vez pesquisando, descobri uma empresa chamada Pangeia Lab, que é um laboratório de design e fabricação digital, localizado no Rio de Janeiro, e que utiliza a mais avançada tecnologia de impressão 3D para grande porte. Com a colaboração de Arian Rayegani, diretor da empresa, trabalhamos juntos para desenvolver um produto e transformar um conceito em realidade. Felizmente, esse produto foi um sucesso e acaba de ganhar o maior prêmio da América Latina, Prêmio Salão Design Movelsul na categoria Desafio da Tecnologia Embutida. Saiba mais sobre a poltrona Sinuosa, clicando AQUI, para ler essa matéria completa.
Esse artigo foi escrito por Rodrigo Erthal:
Designer industrial de produtos, com especialidade em mobiliário residencial e corporativo. Atua no mercado de design de produtos no Rio de Janeiro e São Paulo há mais de 15 anos com domínio de diferentes softwares 3d como Rhinoceros, Solidworks e Keyshot. Coordenador de equipes de design e de produção, assim como gerenciamento de projetos de diferentes escalas.
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@rodrigoerthal_