O setor moveleiro, tal como outros mercados, passou por transformações significativas ao longo do primeiro semestre de 2024. Nesse contexto, o Vitrine Setor Moveleiro reúne uma análise detalhada desse período, feita por cinco líderes do setor, que destacam as principais tendências, desafios enfrentados e as oportunidades que surgiram ao longo dos primeiros meses do ano. Além disso, o material irá abordar as expectativas dos especialistas para o segundo semestre, fornecendo insights para gestores que buscam se preparar e se adaptar às dinâmicas futuras do setor. Boa leitura!
O primeiro semestre de 2024 foi marcado por desafios e oportunidades para o setor moveleiro.
Os reflexos da pandemia, por exemplo, ainda são sentidos nas cadeias de suprimentos globais, com custos de produção em alta. A instabilidade cambial e a alta carga tributária no Brasil também exercem pressão sobre o setor.
Mesmo assim, a indústria moveleira demonstra resiliência, com sinais de recuperação e crescimento tanto na produção quanto na receita. Isso porque a demanda por móveis se mantém aquecida, impulsionada pela retomada da economia e por um mercado interno em expansão.
Nesta edição do programa Vitrine Setor Moveleiro, que está publicada no canal do YouTube, Carlos Bessa, que é fundador da Plataforma Setor Moveleiro, conversou com cinco líderes do segmento sobre o ano de 2024:
– Anderson Cielo, que é CEO da Ciello Móveis;
– Paulo Freitas, que é diretor comercial da Eucatex;
– Alberto Luparia, que é diretor comercial da Maclinea;
– Irineu Munhoz, que é presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário);
– Euclides Longhi, que é presidente da Movergs (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul).
Desafios do primeiro semestre no setor moveleiro
Ao longo desta edição do Vitrine Setor Moveleiro, os líderes compartilharam os principais obstáculos que enfrentaram em suas respectivas atuações ao longo do primeiro semestre de 2024. Dentre os principais aspectos, destacam-se:
Aumento dos custos de produção
Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel, pontua que os impactos da pandemia nas cadeias de suprimentos resultaram em aumentos nos preços das matérias-primas e em obstáculos logísticos.
“Os painéis de MDP, por exemplo, que são as principais matérias-primas da nossa indústria, registraram um reajuste médio de 5% nos últimos meses.”
Instabilidade cambial
Munhoz argumenta, também, que a variação cambial trouxe grandes impactos ao setor moveleiro. “A variação cambial com o dólar, que variou 9,17% entre dezembro de 2023 e abril de 2024, atingiu o mercado.”
Eventos climáticos
O Rio Grande do Sul, importante polo moveleiro do Brasil, enfrentou desastres climáticos no início do ano, o que afetou a produção e o transporte na região.
Euclides Longhi, presidente da Movergs, ressalta que as empresas do setor “tiveram muitos problemas de transportes, de logística, sobretudo em função da catástrofe ambiental que o Estado enfrentou”.
Oportunidades e projeções para o setor moveleiro no segundo semestre
Do mesmo modo, os líderes compartilharam com Carlos Bessa as principais expectativas que têm para o setor moveleiro para os próximos meses de 2024. Dentre as principais oportunidades, destacam-se:
Demanda aquecida
Apesar dos desafios, a demanda por móveis deve se manter em alta, conforme pontua Paulo Freitas, diretor comercial da Eucatex. “O ano começou animado, com uma velocidade um pouco diferente e ainda temos seis meses pela frente.”
Exportações em alta no setor moveleiro
As exportações do setor moveleiro brasileiro seguem em ritmo acelerado, com quatro altas consecutivas entre janeiro e abril de 2024. “Esperamos que esse ritmo continue impulsionando a produção interna”, projeta Munhoz.
Inovação e tecnologia
Empresas como a Maclínea investem em soluções tecnológicas para atender às necessidades do mercado moveleiro, com foco em otimização de processos, automação e flexibilidade, o que deve aumentar ainda mais no segundo semestre.
“A tecnologia não vem só do fato de termos máquinas mais performáticas ou máquinas concentradas mais rápidas, mas também da integração disso em softwares, hoje, de gestão industrial”, explica Alberto Luparia, diretor comercial da empresa.
Mudanças no comportamento do consumidor
Anderson Cielo, CEO da Móveis Cielo, observa que as mudanças no comportamento do consumidor brasileiro estão cada vez mais presentes.
“A gente percebe que o cliente passou a ter mais cuidado, a valorizar mais a casa”, afirma. “A gente tem um jargão aqui interno que é ‘estar presente nos momentos’. Você chega no trabalho, cansada, abre a porta de casa e diz: ‘Ufa! Agora eu tenho o meu lado, o meu canto.”
O CEO destaca, ainda, a crescente impaciência dos clientes em relação a prazos e eventuais problemas com os produtos.
“O consumidor não vai entender que precisa de 30 dias para uma assistência”, exemplifica. A personalização da experiência, com clientes cada vez mais exigentes em relação a cores, composições e tecidos, também é uma tendência em alta.
Ações e estratégias
Os líderes entrevistados no Vitrine Setor Moveleiro apontaram, também, quais ações têm sido fomentadas para a conquista de resultados.
Diversificação de mercados
A Movergs, por exemplo, tem atuado para auxiliar as indústrias a diversificarem seus canais de venda, incluindo o mercado on-line.
“A gente vê, cada vez mais, as empresas diversificando a presença em canais digitais, tanto na loja virtual própria como no marketplace”, explica Longhi.
Apoio aos associados do setor moveleiro
Entidades como a Abimóvel e a Movergs trabalham para apoiar as empresas do setor, buscando soluções para os desafios enfrentados, promovendo o diálogo com o Governo e incentivando a inovação e o desenvolvimento sustentável.
Ações sociais
O setor moveleiro também tem se mobilizado para auxiliar as comunidades afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. “Temos um compromisso firme com a questão social, entendendo o papel crucial da indústria de móveis na reconstrução de lares e da esperança da população de áreas afetadas por catástrofes”, pontua Munhoz.
Fortalecimento do pós-venda
A Móveis Ciello, por sua vez, investe no fortalecimento do pós-venda, buscando agilidade na resolução de problemas e acompanhando de perto a satisfação do cliente.
“Acompanhar a percepção do cliente com relação ao atendimento e entender internamente o que precisa ser ajustado é essencial. Acho que isso é se manter conectado com o mercado, com as tendências, mas principalmente com a satisfação do nosso cliente”, destaca o CEO.
Investimento em treinamento
Para atender às novas demandas do consumidor, a Móveis Ciello investe em treinamento da equipe comercial, com foco em oferecer um atendimento consultivo e personalizado.
“Temos um programa de treinamento para a equipe comercial, já que entendemos que precisamos estar, constantemente, capacitando nossos profissionais”, revela Cielo.
Expectativas positivas para o setor moveleiro nos próximos meses
As perspectivas para o segundo semestre de 2024 são positivas, com expectativa de continuidade do crescimento, impulsionado pela demanda interna e pelas exportações.
De maneira geral, o setor moveleiro se prepara para um ano dinâmico e com muitas oportunidades.
Nesse cenário, é válido considerar que a instabilidade econômica e os desafios na cadeia de suprimentos ainda permanecem como fatores de atenção.
No entanto, a resiliência, o investimento em tecnologia e a busca por soluções inovadoras, reforçam o potencial do mercado moveleiro do Brasil.
Esses e outros insights podem ser conferidos no vídeo completo, publicado no canal da Plataforma Setor Moveleiro no YouTube. Assista:
