A Lei do Orçamento para 2022 apresentada ao Senado da Itália introduziu uma forte redução do limite máximo de despesas do “Bonus Mobili”. Trata-se de um benefício para compra de mobiliário no país, que ressarce em até 50% em 10 anos o consumo de mobiliário e outras intervenções ligadas ao ambiente residencial, como reformas. O bônus, que tinha um teto de €16 mil, deverá cair para €5 mil no ano que vem. Situação que vem gerando descontentamento e movimentação por parte do setor moveleiro italiano, considerado o mais importante de todo o mundo.
Para os opositores ao novo teto de gastos, a redução do limite máximo da despesa para € 5 mil deverá diminuir fortemente a recuperação e requalificação da procura por mobiliário. Podendo atingir negativamente em média 10% do consumo de móveis e outros itens relacionados à casa já a partir deste ano. Com consequências, portanto, em toda a cadeia.
A macro-cadeia produtiva de madeira e móveis na Itália emprega mais de 300 mil funcionários em cerca de 72 mil empresas. Representando, em relação ao “4A” do Made in Italy — Mobiliário, Vestuário, Agroalimentação e Automação —, o segundo maior setor em número de empresas. Com valor de produção de €39,1 bilhões.
Entidades se mobilizam contra novo teto dos gastos em nota oficial
Em conjunto, as maiores entidades representativas do setor de abastecimento, produção e distribuição ligadas ao setor moveleiro italiano — Federmobili, FederlegnoArredo, CNA Produzione, Confartigianato Imprese Arredo e Applia — enviaram uma nota aos dirigentes das mesas no Senado e aos dirigentes de todos os partidos políticos para solicitarem, com uma proposta de emenda, a manutenção do teto de gastos original da bonificação em €16 mil.
Solicitação que, segundo eles, visa tornar o subsídio mais coerente e funcional para a prossecução dos objetivos de sustentabilidade social e ambiental, bem como consolidar o efeito expansionista em curso no mercado doméstico, que mobiliza capilaridade na cadeia econômica italiana, gerando vantagem significativa para as famílias e para a economia de todo o país.
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Setor moveleiro italiano
De fato, a casa e o mobiliário desempenham um papel essencial para a sustentabilidade, não só ambiental mas também social e econômica na Itália. O que se torna ainda mais intenso após um ano e meio de pandemia e distanciamento social, considerando o papel primordial que o lar tem desempenhado na prevenção e combate à propagação do vírus e ao mesmo tempo permitindo a continuidade das atividades de trabalho e educação.
“Este é um papel que deverá continuar a ser desempenhado nos próximos anos, no qual cidadãos, empresas, instituições e organizações estarão ainda mais comprometidos com a proteção da saúde, do meio ambiente, das novas gerações e outras categorias mais sensíveis e, de forma mais geral, das famílias. Para isso, precisarão adequar seus espaços domésticos e de trabalho. Ao mesmo tempo, para tornar a habitação e os modos de vida mais sustentáveis, portanto, será necessário movimentar a indústria moveleira”, ressaltam as instituições em nota oficial.
O mobiliário Made in Italy é, por excelência, um dos que de fato melhor podem responder e inspirar outras respostas a essas novas necessidades de consumo pela via do design, da durabilidade e das qualidades intrínsecas que sempre os distinguiram o móvel italiano ao redor do mundo. Pontos que, claro, não elevam só o valor agregado, mas o preço de produção e distribuição desse mobiliário, tornando o valor de €5 mil do novo bónus inviável e discrepante com a realidade do setor.
“Estimular a compra de móveis Made in Italy, viabilizando um teto de gastos adequado, é, dessa forma, uma medida fundamental e imprescindível. Isto, não só para a consolidar no médio prazo o processo de recuperação e aceleração da demanda interna por móveis, mas também, e sobretudo, para ampliar o consumo direto e, consequentemente, manter a produção moveleira italiana no caminho virtuoso da transação ecológica em curso”, finalizam as entidades.