Recapitulando. O “supersalone”, como foi chamado este ano a edição especial do Salone del Mobile.Milano, na Itália, ocorreu entre os dias 5 e 10 de setembro, em um formato muito diferente dos eventos anteriores. Em 2021, 423 marcas, das quais 12 brasileiras (incluindo uma ação memorável do Projeto Brazilian Furniture), expuseram seus produtos de forma padronizada, em corredores com paredes modulares e móveis soltos. Diferente dos glamorosos estandes, como estamos acostumados.
Isso porque, o arquiteto Stefano Boeri, curador do evento, e seu time de profissionais foram incumbidos da missão de desenvolver uma versão única, mais compacta e circular do evento — que é considerado a maior feira do setor moveleiro no mundo, tanto em número de expositores quanto de visitantes e, claro, por sua magnitude enquanto marca e vitrine de tendências. O próprio curador explicou melhor o que, na visão dele, fez desta edição, um super-Salone: clique para ler a entrevista.
Mas, afinal, este foi mesmo um super-salone?
Se, para ele, o que fez desta uma super edição é o formato inovador para atender as necessidades sanitárias e as restrições físicas que ainda atravancam a organização de grandes eventos ao redor do mundo. Por outro lado, o mercado moveleiro estava mesmo é aguardando para desvendar as novidades em produtos, materiais, soluções e estilos desenvolvidos pelas maiores marcas moveleiras do mundo durante um hiato de 18 meses sem grandes exposições no setor.
Com tamanho anseio e expectativa, primeiro foi de se esperar a frustração de muitos dos tradicionais visitantes e daqueles que sonham em visitar a Semana de Design de Milão, mas não puderam comparecer à capital mundial do design neste ano. Isso, devido às restrições às viagens de estrangeiros à Itália, que ainda estão em vigor.
Pensando justamente em quem não pôde estar por lá, mas nem por isso deixa de acompanhar e fazer suas leituras sobre os principais movimentos e notícias desta edição histórica do popular iSaloni, é que convidamos Andrea Krause, consultora de marketing da Eucatex e especialista em design e marketing de produtos, para compartilhar o seu olhar sobre o supersalone 2021.
supersalone 2021, formato inusitado ou inovador?
A profissional já começa pela dinâmica expositiva do evento. Como era aguardado, o novo formato trouxe consigo opiniões distintas. Enquanto alguns adoraram a nova proposta, outros ‘torceram o nariz’. Colocando em discussão uma ruptura entre o glamour das marcas e a apresentação dos móveis num formato mais democrático e contra o desperdício.
Por outro lado, no entanto, a dinâmica trouxe consigo a ideia do inclusivo para aproximar as pessoas após meses de isolamento. Respeitando o distanciamento e as regras de segurança, o evento ofereceu salas de reuniões e ambientes abertos para os expositores e o público visitante, já que as marcas não tiveram suas próprias áreas de recepção. Criou-se, portanto, uma nova forma de contato entre os expositores e seu público físico e digital.
Sustentabilidade como tendência em Milão
Todos os espaços expositivos foram, então, padronizados, produzidos com material reciclado e de reuso, incluídos no conceito de economia circular. Esse conceito de exposição teve a curadoria de profissionais de destaque no setor.
A sustentabilidade aparece como uma forma de repensar os eventos em equilíbrio com o meio ambiente. Considerando práticas de reuso e reciclagem. Afinal, já que a pandemia nos traz um momento de transição sobre o consumo, estamos mais conscientes sobre adquirir produtos e insumos que diminuam o impacto sobre a natureza, os meios em que habitamos e as mudanças climáticas.
Compromisso verde, transversalidade do design e segurança são algumas das mensagens da Semana de Design de Milão 2021
Esta preocupação ambiental, aliás, influenciou inclusive na forma de identificar e de se pensar tendências para a fabricação de móveis e para o morar a partir da feira. Sendo o segmento de móveis na Itália um dos mais importantes setores da economia local, então, o supersalone trouxe a mensagem para o mundo de que Milão está pronta para retomar seu lugar de destaque. Porém, agora dentro de pilares como compromisso verde, transversalidade do design e segurança.
Além disso, a verdade é que assim como no Brasil, como aponta a consultora de marketing da Eucatex, o mercado global de móveis está superaquecido e as indústrias italianas não tiveram tempo para investir em novos modelos. Apresentando, portanto, releituras, reedições e relançamentos de linhas com novas cores. Destacando, dessa forma, o valor da tendência da biofilia, por exemplo. Ou seja, da fusão da natureza com os interiores, a combinação do in & out.
Milão 2021: Tendências para móveis e ambientes no supersalone
Em termos estéticos, o que mais chamou a atenção de Andrea e da maioria dos visitantes foram as cores dominantes. As cores foram apresentadas em tonalidades terrosas, verdes, amarelos, tijolo, salmão, laranja, rosê e azul pastel. Parece que, para compensar a situação dos fabricantes de móveis, a saída seria trazer novas cores, energéticas, aconchegantes e calmantes, de fato biofílicas, em meio as releituras e reedições de linhas, frente à falta de tempo para criar algo inovador. Afinal, as fábricas estão altamente demandadas.
Se as cores se tornaram o destaque, aliás, as madeiras foram o complemento. Continua presente a tendência de mesclar materiais naturais com couro, pedras, tramas e metais, in e outdoor. Algumas marcas, tal como a gigante Moroso, lançaram peças com materiais recicláveis. Outras mostraram que, no momento atual, a contribuição de produções simples, mas essenciais, elevam a marca made in Italy ao patamar de liderança internacional na fabricação de móveis.
supersalone sugere novas alternativas para expor e fazer negócios no setor moveleiro
Outro ponto importante destacado por Andrea Krause, da Eucatex, se dá também em relação às novas tendências e comportamentos de mercado, apontando novas maneiras inclusive de se vender móveis e de se pensar nas grandes feiras de negócios a partir de agora.
Nesse novo formato, o supersalone foi aberto ao público em geral e os expositores puderam vender as peças do seu catálogo durante o evento, seja no B2B ou no B2C. Ao mesmo tempo, outras grandes marcas preferiram participar somente do Fuorisalone e investiram em showroom próprio. Fora dos pavilhões do Rho Fiera, onde ocorre o iSaloni, o circuito Fuorisalone de fato já surgiu com este conceito de liberdade criativa, tanto na forma de exposição quanto no design e na arquitetura das peças e instalações apresentadas.
Essa “liberdade criativa” deverá ditar tanto as tendências estéticas quanto comerciais num mundo que precisa se reinventar. No Brasil, a Eucatex, fabricante de painéis para a indústria moveleira e para o segmento da construção civil, oferece uma gama de produtos e serviços bastante diversificada para atender com assertividade e possibilidades neste novo momento.