Até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária, do Banco Central do Brasil, prevista para a segunda quinzena de junho, segue a incerteza sobre a queda na taxa de juros do país. E a expectativa é grande, especialmente entre o setor moveleiro.
O head da Fundação de Dados, Newton Guimarães, diz que o mercado financeiro já projeta uma redução para a próxima reunião. “A expectativa é em função de o IPCA-15 ter vindo abaixo do esperado”, explica o especialista.
Mas, de acordo com ele, para que se veja maior estabilidade na economia, também é preciso que o Governo Federal dê sinais de que vai cumprir o teto de gastos e as medidas do arcabouço fiscal. “Isso é o que vai, efetivamente, baratear o crédito para o consumo”, diz.
Momento atual pede serenidade
Mantida em 13,75%, a taxa básica de juros tem como objetivo, justamente, reduzir a demanda por bens e serviços para frear a inflação. Em relação aos bens duráveis – o que inclui os móveis e materiais de construção, Guimarães vê uma acomodação no mercado.
“Vivemos um hiato em função do pico de vendas observado durante a pandemia da covid-19, quando as pessoas fizeram reformas e melhorias em casa”, avalia.
Para o próximo ano, com inflação controlada, pode-se esperar que a economia volte a crescer, com previsão de 2% (de acordo com o IPEA), em um “círculo virtuoso”, desde que o Governo dê os sinais certos para o mercado, reforça Guimarães.
Produção em baixa, mas com portas abertas e em busca de soluções
Apesar da percepção do impacto percebido nas vendas e no emprego, as indústrias têm mantido a produção, ainda que em menor escala, de acordo com o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Móveis de Ubá (Intersind), Áureo Barbosa. “Estamos com a produção em baixa e sem novos investimentos, as expectativas não são boas”, reconhece.
O consumidor anda mesmo um pouco desaparecido do varejo de móveis, concorda o diretor de Vendas da Rede Novo Mundo, João Ferreira da Silva. O tíquete-médio das compras também anda mais baixo, segundo ele.
A alta taxa de juros e as incertezas na economia brasileira trouxeram mudanças inclusive nos meios de pagamento. O carnê vem ganhando espaço, enquanto diminuíram as vendas à vista e por cartão de crédito. As grandes varejistas vêm tentando atrair o consumidor para os pagamentos via pix, imediatos e sem custos, para driblar a crise.
Mas a rede varejista oriunda de Goiás ainda mantém uma boa carteira de clientes e resultados melhores do que a média. “Tivemos crescimento no primeiro trimestre de 2023, na comparação com o ano passado”, conta Silva. Hoje a Novo Mundo está presente em nove estados do Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país e no Distrito Federal.
Para ele, a melhora se deve à parceria com a indústria para trazer os produtos que terão saída neste momento, com a oferta de serviços de qualidade agregados à venda e à experiência do cliente. “Não vendemos uma cama nova, vendemos o conforto e o aconchego que esse móvel vai trazer para a casa do consumidor”, explica.