Se por um lado vemos um movimento de “consumo de vingança”, com consumidores cansados e desiludidos olhando cada dia mais para si. De outro, cresce também a mentalidade de recessão, ditando, assim, o ritmo de algumas grandes tendências de consumo. Os gastos com supérfluos estão diminuindo devido às incertezas no cenário econômico. A ordem é pechinchar e priorizar produtos e serviços com bom custo-benefício. As empresas, então, devem fazer propostas de valor para o dinheiro. Oferecendo, assim, opções acessíveis sem comprometer a qualidade dos produtos e serviços. Dessa forma, itens de maior valor agregado devem vir acompanhados de uma história que desperte empatia e tenha forte ligação com a saúde, o autocuidado e o bem-estar psicológico.
Incertezas econômicas incentivam a moderação
Diante de um cenário macroeconômico estagnado e da redução da renda familiar, os consumidores revisitam seus valores e prioridades. Adotando, segundo a Euromonitor International — especialista em tendências de mercado —, novos hábitos de consumo. Com a queda na confiança dos consumidores e a insuficiência dos estímulos fiscais e financeiros, as famílias estão cortando gastos e economizando recursos para encarar o futuro incerto.
O pessimismo se dá especialmente entre os millennials e a geração Z. Devido, sobretudo, à crise financeira global de 2008, que coincidiu com o início das suas carreiras. A insegurança financeira adiará às compras de alto valor e os produtos supérfluos serão os mais impactados pela pandemia. Os itens essenciais, porém, deverão sofrer menos, como é o caso dos móveis, especialmente frente às medidas de isolamento social e à consolidação do home office.
Posicionamento acessível como uma das grandes tendências de consumo
A Covid-19 estimulará, portanto, as compras planejadas e intencionais, bem como o consumo racional e sustentável em todos os segmentos. A elasticidade de preço entre as categorias de produtos, por exemplo, já está mudando à medida que os adeptos da tendência “A Ordem é Pechinchar” recorrem às marcas próprias em busca de valor pelo dinheiro.
Estes consumidores com consciência de valor estão movimentando a economia de compartilhamento e repensando aluguéis, revendas e negócios de remodelação com um marketing focado na acessibilidade e sustentabilidade. Comprar agora e pagar depois, por exemplo, é uma opção positiva já que a ordem é pechinchar. Pois permite que eles possam comprar pelo preço total e aumentarem o tamanho da sua cesta.
Famílias com orçamentos limitados também se beneficiam de compras em lojas de descontos e modelos de assinatura flexíveis, que oferecem conveniência, acesso a produtos seguros e promoções. Marcas premium também estão lançando produtos a preços mais acessíveis para atrair consumidores interessados neste aspecto e otimizar a competitividade do mercado. Dessa forma, para vender em meio à pandemia, as marcas agora oferecem descontos em produtos supérfluos para atrair compradores moderados, elevando as margens de lucro no curto prazo.
‘A Ordem é Pechinchar’: Perspectivas
É fato que o ambiente econômico continuará influenciando os gastos dos consumidores. Como eles estão recorrendo a marcas genéricas devido à crise econômica, a expansão das marcas próprias beneficiará os varejistas. Além disso, as empresas devem identificar as oportunidades e oferecer itens de valor agregado para os consumidores dispostos a pagar por eles. Reformular portfólios, canais de distribuição, promoções e cadeias de suprimento para atender aos adeptos da tendência “A Ordem é Pechinchar” também são pontos essenciais para preparar as empresas para o futuro e o novo normal.
Mas óbvio, não existe uma abordagem aplicável a todos os casos. As marcas devem encontrar soluções inovadoras para recuperar a importância e otimizar a equação preço-valor. Conveniência, maior presença on-line, entregas rápidas e serviços complementares são opções ao alcance dos empresários para atingir este resultado. Um plano promocional focado em insights e adaptado para a realidade local também poderá aumentar o retorno sobre o investimento. E essas são só algumas ideias sugeridas pelos especialistas em mercado da Euromonitor.
Na próxima semana, nós traremos o último conteúdo da série “Dez tendências globais de consumo” e o tema não poderia ser outro: “Novos espaços de trabalho”. Fique com a gente!