Não se pode dizer que a mão de obra qualificada para as áreas de gestão na indústria moveleira no país seja um problema. Mas estes profissionais estão, em geral, colocados – e bem colocados. A oferta do trabalho remoto e um bom pacote de benefícios são fatores que podem fazer com que estes talentos aceitem uma recolocação.
Para a diretora executiva e sócia do Talenses Group, Isis Borge, empresas que tomam a decisão de buscar gerentes e diretores em diversas regiões do país ganham em abrangência, quantidade e qualidade nas contratações.
Em tese, isso significa mais chances de encontrar profissionais que atendam às suas necessidades em termos de competências e habilidades. Sejam elas específicas ou gerais.
“E nesse caso, possibilitar o trabalho remoto ou até mesmo o híbrido, com idas quinzenais ou semanais ao escritório ou à fábrica, agrada o candidato. Além de trazer economia à empresa, que não vai arcar com custos de aluguel, por exemplo”, explica.
O grupo atende empresas do setor moveleiro de diversos segmentos, em especial, nos polos do Sul do país. E, de acordo com Isis, algumas delas já estão flexibilizando o regime de trabalho, com bons resultados.
A preferência dos candidatos foi observada em uma pesquisa do grupo, em conjunto com a Fundação Dom Cabral. O estudo apontou o regime híbrido como o favorito entre os entrevistados, de acordo com as funções desempenhadas.
Entre as empresas, pouco mais da metade das que foram consultadas no mesmo estudo afirmaram a possibilidade de adotar o trabalho híbrido. A pesquisa foi feita em setembro de 2021.
Mobilidade é desafio, mas benefícios e autonomia também atraem
Já o sócio da Consultoria Evermonte Executive Search, que também atende indústrias moveleiras, Guilherme Neves, pondera que a mobilidade é importante, mas não determinante, em especial em casos de contratação de executivos C-Level (cargos mais altos).
Portanto, o trabalho remoto pode ser interessante, mas não é fundamental. “Esse profissional será atraído, muito mais, pela marca e pelo impacto que ele vai poder deixar nesta empresa, pelo quanto de autonomia ele terá na companhia”, lista. “E, claro, um fortalecimento no pacote de benefícios é de grande ajuda”, completa.
O essencial, para as indústrias, de acordo com Neves, é fazer movimentos criativos e de inteligência de mercado ao buscar os profissionais. “Consultorias especializadas, que tenham vivência no setor moveleiro são grandes aliadas nesses casos”, sugere.
Atributos técnicos e comportamentais
Em relação às habilidades, as tech skills (habilidades tecnológicas) vêm ganhando espaço com o próprio regime de trabalho remoto, com a evolução tecnológica e a digitalização e mudanças dos processos industriais.
“Isso já é algo inerente a qualquer área do mercado, que exige, cada vez mais, processos mais rápidos e uma visão mais prática em relação à produção”, reforça a diretora do grupo Talenses.
Além disso, na visão de Isis, o setor moveleiro precisa de profissionais com capacidade analítica e visão abrangente, orientação para melhoria contínua, boa comunicação com todos os níveis, além de serem multitarefas, comprometidos e com senso de urgência.
A gestão familiar quase predominante quando se trata das fabricantes de móveis no país é um ponto importante, destaca Neves, da Evermonte. Para ele, é fundamental que o profissional consiga trazer inovação sem deixar de se adaptar à estrutura tradicional.
“A adaptabilidade e a forma de comunicação devem ser cuidadosamente analisadas na escolha desse profissional”, alerta.