“O agravamento do congestionamento de tráfego obstruindo as artérias globais de carga não diminuirá até depois do Ano Novo Chinês em fevereiro de 2022.” Bem, pelo menos é o que acredita o CEO da C.H. Robinson Worldwide Inc., uma das maiores corretoras de frete do mundo. “A cadeia de abastecimento global está sofrendo de uma dramática falta de capacidade para navios, caminhões, trens, contêineres e trabalhadores de depósito”, avalia Bob Biesterfeld.
A análise se dá sobre o mercado norte-americano, mas se aplica muito bem à realidade brasileira e latino-americana. “Não há realmente nenhum ponto na cadeia de abastecimento global que não esteja passando por algum tipo de deslocamento ou problemas”, disse Biesterfeld em uma entrevista à Bloomberg.
Efeito In-Fa na cadeia de abastecimento global
E, claro, além de questões pontuais como a falta de mão de obra nos depósitos e a super-precificação do frete marítimo em todo o mundo, mais atrasos nas cargas vindas da China já são esperados depois que o tufão In-Fa forçou o fechamento de portos e aeroportos na última semana no país.
O fenômeno trouxe chuvas devastadoras e inundações em diversas regiões da China. Interrompendo, entre outras questões, as operações em importantes centros de frete para transportadoras. Como o Aeroporto de Pudong e os portos de Ningbo, Xangai, Changzhou e Nanjing.
“As interrupções no transporte estão se mostrando de moderadas a significativas, devido a ventos prejudiciais, tempestades em alto mar e inundações. Danos à infraestrutura são possíveis. As cadeias de abastecimento devem monitorar a situação de perto e tomar medidas preparatórias para quaisquer locais dentro dessa zona”, alertou a Everstream Analytics em sua previsão do tempo no início da última semana. Os analistas meteorológicos, a propósito, dizem ser possível que as interrupções continuem acontecendo, à medida que o In-Fa se move lentamente atravessando diferentes regiões da Ásia.
Crise de fornecimento de matérias-primas e insumos
Entre os locais afetados estão os centros aéreo, marítimo e ferroviário de Xangai, onde está localizado o maior porto do mundo. De acordo com a própria C.H. Robinson, aliás, os armazéns também chegaram a interromper o carregamento de contêineres e as entregas aos terminais.
Chamadas para o escritório geral da Administração de Segurança Marítima do Porto de Yangshan ficaram sem resposta. No entanto, o que sabemos é que diversos navios chegaram a ser evacuados e todos os terminais interromperam as operações pelo menos até o início da última semana.
O porto de Yangshan também evacuou centenas de navios. Incluindo todos os grandes porta-contêineres, à medida que a velocidade do vento na costa chegou a atingir 102 quilômetros por hora (63 mph) no penúltimo fim de semana.
Com esses novos acontecimentos, a cadeia de abastecimento global que já apresentava problemas anteriormente, deve atrasar ainda mais sua normalização. Afetando, então, diretamente a oferta e demanda de diversos produtos, matérias-primas e insumos produtivos, incluindo aqueles para abastecimento da indústria moveleira. Afinal, os portos chineses são responsáveis por movimentar grandes quantidades de exportações que ajudam a sustentar a economia global. Dessa forma, devemos observar uma oferta de serviços de transporte, especialmente os portuários, mais restrita que a atual já nas próximas semanas, caso esse cenário se prolongue.