Home office – Se você acompanhou a nossa série “Os caminhos para a compra”, lembra que, no ano passado, grande parte dos consumidores procuravam por um “oásis ao ar livre”, tanto para fazer suas compras como para trocar um pouco de ambiente, mudando-se temporariamente para áreas rurais ou passando mais tempo na natureza. Agora, os chamados “urbanos rurais” estão tornando essa mudança permanente.
Os benefícios da vida na cidade, incluindo proximidade e conveniência, foram prejudicados ou minimizados por lockdowns e pelo trabalho remoto. Esses consumidores se sentiam confinados em seus pequenos espaços, ao mesmo tempo em que tinham de arcar com um custo de vida alto, em especial nos grandes centros urbanos.
Enquanto isso, uma transformação foi ocorrendo, tornando questões como a melhor qualidade do ar, menos congestionamento, o desejo por simplicidade e a sustentabilidade, pontos-chave para atrair novos moradores para regiões fora do centro, áreas rurais e até mesmo cidades menores.
Home office: Realocação e reaproximação com o lar impulsionam setor moveleiro
Mas, claro, nem todas as pessoas e famílias estão dispostas a abrir mão completamente da vida urbana. Ainda assim, os moradores da cidade também querem que esses benefícios sejam trazidos para seus bairros. Dessa forma, a necessidade por espaços verdes perto da residência e por deslocamentos mais rápidos está remodelando as preferências de moradia mesmo dentro das cidades. Com isso, no geral, os consumidores estão investindo mais na casa e na comunidade onde vivem, já que passam mais tempo nelas.
E, claro, essa tendência de realocação ou de reaproximação com o lar, impacta diretamente no setor moveleiro, com estes espaços tendo de ser mobiliados ou remobiliados. Além disso, empresas que fortalecerem a distribuição do comércio eletrônico, expandirem as linhas de produtos sustentáveis e atenderem com empatia aos urbanos rurais vão sair como vencedoras a partir de 2022.
Marcas e produtos sem limites físicos
O fato é que à medida que o trabalho se torna menos vinculado a um escritório físico,os consumidores estão se movendo para e além dos limites da cidade. Mais de 37% dos consumidores esperam trabalhar em casa no futuro; novas oportunidades de negócios surgem com essa realocação em massa.
Escalar a distribuição do comércio eletrônico, portanto, é vital. Estabelecer centros de micro atendimento e aumentar a “entrega de última milha” (last mile delivery) são medidas que podem melhor atender às comunidades rurais ou interioranas e expandir a base de clientes.
O transporte de encomendas também está aumentando a cobertura geográfica. No Reino Unido, por exemplo, a DPD fez parceria com a Collect+ para adicionar mais de 3 mil lojas em 2020. O que coloca 97% da população em um raio de oito quilômetros de uma DPD Pickup (onde se pode retirar os produtos).
A incorporação de iniciativas mais sustentáveis nas áreas metropolitanas deverá ter, portanto, boa repercussão entre este grupo de consumidores denominados urbanos rurais.
Perspectivas para os consumidores urbanos rurais
O cultivo dentro de casa e os jardins nos terraços podem oferecer produtos de origem local bem próximos aos residentes da cidade. O reaproveitamento da infraestrutura vazia ou não utilizada para parques públicos e espaços verdes impacta positivamente comunidades densamente povoadas. Empresas e governos estão se esforçando para criar minicentros, onde lojas, restaurantes e escolas, entre outros, estejam a 15 minutos de distância.
Os consumidores querem ambientes seguros, limpos e verdes, seja na cidade, seja no subúrbio ou no campo. Comunidades espaçosas e sustentáveis ditarão onde os urbanos rurais escolherão viver.
Independentemente da localização, porém, as marcas e as empresas precisarão ajustar suas estratégias para reter esses clientes. Expandir os pontos de venda e serviços tradicionais e, ao mesmo tempo, investir em e-commerce ajudará as empresas a atingir um público mais amplo.