Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE em 18 de outubro, revelam uma variação de -0,2% no volume de vendas do varejo em agosto de 2023, em comparação a julho do mesmo ano (consulte o gráfico). No entanto, ao comparar com agosto do ano anterior, observamos um aumento de 2,3%. Os últimos 12 meses apresentaram um crescimento de 1,7%, enquanto o acumulado no ano ficou em 1,6%. No setor de comércio varejista ampliado, que inclui materiais de construção, houve uma queda de 1,3% nas vendas em agosto em relação a julho, após uma variação de -0,4% em julho de 2023. Especialistas apontam indícios de estabilidade nessa variação do varejo.
Economistas do IBGE, ao analisarem o cenário, destacam vários fatores que explicam o baixo crescimento do comércio varejista em 2023. Especificamente, alguns setores apresentam indicadores negativos de forma consistente, como é o caso dos móveis e eletrodomésticos, que registraram uma queda de -2,2%.
Esses especialistas também atribuem esse baixo desempenho ao persistente problema de crises contábeis. Ao longo do ano, até agosto, grandes redes de varejo enfrentam desafios contábeis e estão reduzindo o número de suas lojas. Em agosto, por exemplo, um levantamento do Bank of America (Bofa) indicou o fechamento de 127 lojas em shoppings. Além disso, em outubro, o Carrefour anunciou o fechamento de 16 lojas em Belo Horizonte (MG).
Volume de vendas do varejo agosto 2023
Na comparação anual varejo de móveis diminui ritmo
No indicador interanual, móveis e eletrodomésticos apresentaram queda de -1,5% nas vendas em comparação a agosto de 2022. Essa diminuição marca a primeira queda após conquistar três meses consecutivos de taxas positivas, quando o setor registrou um crescimento de 0,4% em maio, 2,7% em junho e 3,3% em agosto. Um sinal de alerta para a indústria, que enfrenta uma desaceleração significativa.
Além disso, ao observar o acumulado do ano até agosto, o comércio emite sinais de alerta. Após passar de 1,4% até julho para 1,0% no mês de referência, a atividade mostra diminuição no ritmo de crescimento.
Sinais de recuperação em meio a índices negativos
A análise dos últimos doze meses, até agosto, revela um marco no varejo de móveis e eletros. É o primeiro resultado positivo de 0,4%, após 22 meses consecutivos de perdas. A última vez que o setor registrou um resultado positivo foi em setembro de 2021, quando apresentou um crescimento de 3,1%.
Na comparação com agosto de 2022, de forma isolada, o setor de móveis registrou uma variação negativa de -7,9%. No acumulado do ano, de janeiro a agosto, o setor apresentou uma queda de -7,3%. Os móveis também mantiveram índices negativos nos últimos 12 meses, com uma redução de -9,4%. No entanto, é importante notar que esses números representam uma melhoria em relação ao registro até junho (-11,4%) e julho (-10,5%).
Varejo ampliado recua 1,3% em agosto
Os materiais de construção é um setor que o moveleiro deve acompanhar sua movimentação. Para o comércio varejista ampliado (-1,3%), o setor de material de construção variou -0.1%, em agosto frente a julho. Na série sem ajuste sazonal, o varejo ampliado cresceu 3,6% frente a julho de 2022, completando seis meses com crescimento ininterrupto. O acumulado no ano foi 4,2% e o acumulado em 12 meses foi de 2,7%.
A análise dos dados da Pesquisa Mensal do Comércio e a investigação dos fatores que afetam o desempenho do comércio varejista em 2023 revelam um cenário de desafios. Da mesma forma que observamos uma recuperação no setor de móveis e eletrodomésticos, com o primeiro resultado positivo em 22 meses, também é evidente que o comércio enfrenta obstáculos significativos.
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