Após alta de 1% no Produto Interno Bruto nacional no fechamento do primeiro trimestre de 2022, a maior parte dos setores produtivos apresentou desempenho também positivo em abril. Com isso, as previsões do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) para a atual conjuntura econômica, divulgadas na última semana, mostram que o nível de atividade deve ter avançado em maio na comparação com o mês anterior e com ajuste sazonal: +1,2% na indústria, +0,6% no comércio e +0,3% nos serviços.
Segundo a instituição, a evolução dos indicadores de atividade está em linha com o desempenho do mercado de trabalho, cujos dados recentes mostram que o ritmo de recuperação se intensificou ao longo dos últimos três meses. Combinando, para tanto, expansão da população ocupada e redução significativa da taxa de desocupação, mesmo com o aumento da taxa de participação.
As informações fazem parte do relatório Visão Geral da Conjuntura Econômica, análise trimestral da economia brasileira, com previsão de crescimento de 1,8% para o PIB em 2022.
Conjuntura econômica: indústria e consumo
Embora o destaque fique para o setor de serviços, com estimativa de alta de 2,8%, o setor industrial deve mostrar relativa estabilidade, de acordo com os especialistas do Ipea. Já do lado da demanda, por sua vez, a projeção de crescimento do consumo das famílias ficou em 1,6% para este ano.
Esse conjunto de indicadores, de uma forma geral, sugere boas perspectivas para o PIB no segundo trimestre de 2022. Com a projeção de crescimento no primeiro trimestre deste ano ficando em 0,6% em termos dessazonalizados, em relação ao trimestre anterior; e de 2,3% sobre o mesmo trimestre do ano passado.
Para o segundo semestre deste ano, contudo, há expectativa de desaceleração da atividade econômica, em função de fatores externos e internos. “Os aspectos externos apontam para menor crescimento e maior incerteza, dada a elevação das taxas observadas e esperadas de inflação na maioria dos países. Outro fato é a persistência da guerra entre Rússia e Ucrânia, que deve prolongar os atuais problemas nas cadeias produtivas”, ressalta o Ipea em comunicado.
Do ponto de vista dos fatores internos, todavia, a persistência de taxas de inflação elevadas — que além de inibirem o consumo por meio da redução da renda real das famílias, têm levado ao aperto da política monetária no país — vêm atingindo também ao mercado de crédito e tendem a se intensificar nos próximos meses.
Economia brasileira em 2023
Para 2023, a projeção de crescimento do PIB é de 1,3%. “Em termos de atividade econômica, o próximo ano deve ser tímido, no início, mas caracterizado por aceleração ao longo do ano”, ressaltam.
Tal cenário tem como base duas hipóteses para nossa conjuntura econômica. Primeiro, com o fim da guerra na Ucrânia, a atenuação dos problemas pelo lado da oferta reduzirá grande parte da pressão inflacionária do exterior, possibilitando que a política monetária possa cumprir seu papel de reduzir gradualmente a inflação sem a necessidade de uma queda mais profunda dos níveis de atividade. Além disso, no início do ano que vem, parcela importante do impacto adverso do aperto monetário interno sobre a atividade econômica já terá ocorrido, espera-se.
Com essas previsões, a expectativa é de crescimento para todos os setores da economia no próximo ano: agropecuária (2,5%), indústria (1%) e serviços (1,4%). Do lado da demanda, os destaques são o consumo das famílias e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), com altas de 1% e 3%, respectivamente.
Em relação à inflação, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022 é de 6,6%, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deve ficar em 6,3%.
A alta maior dos preços livres é compensada pela desaceleração dos preços administrados, por conta da Lei Complementar 194/2022. Para 2023, a alta de ambos os índices é projetada em 4,7%.