As empresas enfrentam desafios inéditos para garantir a resiliência de suas cadeias de suprimentos no cenário pós pandemia, adotando estratégias como regionalização, digitalização, tanto quanto diversificação de fornecedores para se adaptar às novas exigências globais.
Durante a pandemia, empresas ao redor do mundo enfrentaram interrupções severas em suas cadeias de suprimentos. Os lockdowns e restrições de mobilidade expuseram vulnerabilidades nas redes globais de fornecimento, gerando escassez de produtos essenciais e aumento nos custos operacionais. De acordo com o relatório Global Life Sciences Outlook 2022 da Deloitte, a necessidade de criar redes de suprimentos resilientes e adaptáveis é mais urgente do que nunca, levando empresas a explorar modelos digitais que promovam maior visibilidade e colaboração ao longo da cadeia de suprimentos.
Nesta essa matéria, você vai conferir a opiniões de profissionais que viveram as vantagens e desafios pós pandêmico na área de logística, além disso:
- Como a pandemia impactou as cadeias de suprimentos e o que as empresas estão fazendo para mitigar esses riscos?
- Afinal, de que forma a regionalização das operações tem ajudado as empresas a enfrentar desafios logísticos?
- Qual o papel da digitalização e de novas tecnologias na resiliência das cadeias de suprimentos?
- Por que a diversificação de fornecedores é crucial para garantir a continuidade dos negócios?
- Quais adaptações e melhorias as empresas implementaram para fortalecer suas cadeias de suprimentos no pós pandemia?
Regionalização: Uma nova estratégia para cadeias de suprimentos
Uma das principais estratégias adotadas pelas empresas tem sido a regionalização das cadeias de suprimentos. De acordo com pesquisa da McKinsey, quase 90% das empresas pretendem regionalizar parte de suas operações nos próximos três anos, visando reduzir a dependência de fornecedores distantes e aumentar o controle sobre suas operações logísticas. No entanto, essa mudança traz desafios significativos, como a dificuldade de encontrar fornecedores locais qualificados e a necessidade de investir em novas infraestruturas de produção.
Marcelo Ariotti, Diretor Presidente da Telasul – Thela destaca que sua empresa adotou diversas estratégias para suavizar os riscos na cadeia de suprimentos. Eles desenvolveram novos fornecedores e expandiram a cadeia para outros estados. Além disso, investiram em tecnologia e software de gestão logística, além de fortalecer o relacionamento com fornecedores. “Estamos em um polo moveleiro, com muitos componentes fornecidos localmente. Isso nos permitiu expandir a cadeia com novos fornecedores de outras regiões.” – afirma Ariotti.
Digitalização: a chave para a resiliência
Além da regionalização, as empresas estão investindo fortemente na digitalização de suas operações. A implementação de tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial e análise de dados avançada permite monitorar riscos em tempo real. Além disso, isso facilita a tomada de decisões mais informadas para mitigar os impactos de possíveis quebras. A McKinsey destaca que 59% das empresas adotaram novas práticas de gestão de riscos na cadeia de suprimentos nos últimos 12 meses. “Melhoramos o controle de estoques e otimizamos nosso mix de produtos, investindo em automação para aumentar a eficiência dos processos produtivos.” – completa Ariotti.
Diversificação de fornecedores na cadeia de suprimentos
Outro aspecto crítico é a diversificação dos fornecedores, não apenas em termos geográficos, mas também na profundidade da cadeia de suprimentos. A pandemia evidenciou que a falta de visibilidade além dos fornecedores de primeiro nível pode ser uma grande vulnerabilidade, especialmente em setores dependentes de componentes específicos, como o de semicondutores.
Com apenas 2% das empresas afirmando ter visibilidade sobre fornecedores de terceiro nível ou além, investir em tecnologias que proporcionem maior entendimento da cadeia de valor é essencial para a continuidade dos negócios. Maic Caneira, diretor do Grupo Caneira, enfatiza a necessidade de adaptação constante: “A estratégia de just in time, por exemplo, já não funciona como antes. Hoje, mantemos estoques maiores devido às rupturas ainda presentes na cadeia.”
O Futuro das Cadeias de Suprimentos
As cadeias de suprimentos continuarão a evoluir e se adaptar às novas realidades globais. Marcelo reforça que a melhoria contínua e o investimento em tecnologias serão essenciais para aumentar a resiliência das operações no futuro. As cadeias de suprimentos continuam a evoluir para atender às exigências de um mercado global cada vez mais volátil e interconectado. No cenário pós pandemia, a resiliência e a capacidade de adaptação se tornaram os pilares das operações logísticas.
Empresas em diversos setores estão reavaliando suas estratégias para garantir que possam lidar com novos rompimentos e desafios futuros. Caneira, destaca que o aprendizado da pandemia moldou as decisões de longo prazo. “Estamos mais preparados hoje do que antes da pandemia, mas isso não significa que podemos relaxar. O mercado é imprevisível, e novos desafios podem surgir a qualquer momento.”