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Design para o fim do mundo: de bunkers a mochilas de sobrevivência, como os produtos podem nos salvar?

Design para o fim do mundo: de bunkers a mochilas de sobrevivência, como os produtos podem nos salvar?

O design sempre respondeu às necessidades humanas, e a sobrevivência não é exceção. Produtos como bunkers compactos, mochilas equipadas para emergências e abrigos inteligentes mostram como a criatividade pode oferecer segurança em tempos incertos. Mais do que funcionalidade, essas soluções incorporam tecnologia, ergonomia e materiais inovadores para proteger vidas.

Ouvi dizer que tem um asteroide previsto para possivelmente colidir com a Terra em 2032

Também que, segundo a Fundação Copérnico, nos últimos anos temos uma temperatura acima do solo que está constantemente se mantendo a 1.5°C da média pré-industrial. 

E também ouvi que um iceberg (o maior do mundo, chamado A23a) está se deslocando nas águas do Oceano Antártico.

Não! Eu não quero ser portadora de más notícias! Infelizmente elas estão aí, misturadas a tantas outras notícias em qualquer canal de divulgação, sem o menor filtro ou pudor….

Entre os designers e arquitetos já se ouve também falar em manuais de construção de bunkers (pois realmente é um projeto específico e até o momento pouco conhecido ou convencional). 

E, entre as pessoas em geral, depois do início da última guerra na Ucrânia, tornou-se comum a ideia de todos terem preparado uma mochila com itens de sobrevivência (pasmem: não carregamos quase nada útil conosco para qualquer emergência básica).

Isso mesmo! Itens como canivete, papel higiênico, toalha, kit primeiros socorros, fósforo (embalado em sacola, claro!), isqueiro, talheres, comidas! Sim, comidas enlatadas, já prontas para esse tipo de emergência: muita nutrição e prazo de validade extenso.

Como nas baleeiras dos grandes navios, preparados para sobreviver aos desastres marítimos, o kit com água em saquinho de bala jujuba, também chamada de ração humana, se torna tão necessário para os momentos que não estão planejados em nosso “radar”.

E o que isso tem a ver com design?!

Bom, eu diria tudo! Pensar como vivemos e quais artefatos dos mais simples aos mais elaborados vão nos auxiliar em tarefas básicas ou complexas é algo que nos torna genuinamente humanos.

Aquele humano criativo que consegue moldar seus pensamentos. Transformar um conjunto de imagens mentais (sonoras, olfativas, visuais, táteis, entre tantas outras) em um conjunto consciente. Capaz de organizar, dar sentido e visualizar o próximo passo a partir daí.

Me considero esperançosa, com certeza! Bem mais que muitas pessoas que conheço. Acredito no gol feito nos 45 minutos do segundo tempo levando a torcida ao delírio… Quem sabe se o despertar coletivo não estiver prestes a acontecer? 

Não acredito que a humanidade possa deixar passar assim esse momento crucial de sobrevivência, pensando que poderemos achar resposta em alguma ferramenta de IA (inteligência artificial). 

A vida é mais que isso!

A criatividade é uma caixa complexa. Ela não é óbvia e previsível. Ela traça caminhos pouco conhecidos e tem seu “start” em momentos silenciosos de muita dor, muito amor ou ambos.

Quando iniciei o estudo de design sensorial, me surpreendi ao descobrir um importante professor do tema falar em uma apresentação TED – de pouco mais de vinte minutos – que o ser mais criativo é aquele que mais carrega amor em si mesmo. 

E ele não falava em amor entre casais ou até mesmo das mães para seus filhos. Ele falava de um amor maior que consegue transpor a compaixão humana.

E quem estuda como encontrar boas ideias ou procura se tornar criativo através de métodos vai perceber que muitos deles defendem esse olhar. 

A criatividade exige liberdade e liberdade é o oposto de medo. O medo, por sua vez, é a insegurança de perder algo. 

Por isso que quem é livre é, também, sereno. Quem é sereno, é quase que, incontestavelmente, criativo. Porque ele enxerga, enxerga onde o caos não deixa alcançar…

Fim do mundo: de bunkers a mochilas de sobrevivência, como os móveis e os itens decorativos podem nos salvar?

Para isso, é necessário autoconhecimento.

Porque se você conhecer a si mesmo, consegue entender suas emoções, reações e consegue evoluir. E isso te liberta!

Saúde mental não é uma moda. Nem nunca foi. Saúde mental é uma das saúdes. Estudamos muito elas no design. 

Segundo o antropólogo canadense Lionel Tiger, a saúde mental é uma das quatro que precisamos equilibrar para alcançar a plenitude (que aqui chamei de serenidade): saúde física, saúde mental, saúde social e saúde ideológica. Como vai esse equilíbrio por aí?

Por aqui é sempre um desafio! Mas, se queremos sair desse momento caminhando para uma vida em um novo mundo, e, nesse sentido, digo o nosso mundo mesmo, chamado Planeta Terra (dispenso a ideia de Marte e muito menos o de viver em uma caverna escondida, enquanto a natureza exuberante esteja sendo devastada), precisaremos – contradizendo a tudo – serenar e buscar a plenitude que clareia as escolhas e percepções e nos salva “a nós mesmos das nossas tristes e perversas escolhas”.

Eu ainda acredito! E você?

(Continua…).

Design para o fim do mundo: de bunkers a mochilas de sobrevivência, como os produtos podem nos salvar?

Escreveu esse artigo

Katalin Stammer, que é arquiteta e urbanista formada pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e designer de móveis pelo Cefet PR (Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná), com intercâmbio na Facultad de Arquitectura, Diseño y Urbanismo, na Universidad de la República, no Uruguai, possui experiência na área de projetos de interiores comerciais e residenciais com foco em design sensorial, projetos de estratégia corporativa e inovação.

Além disso, é premiada com projetos na mostra de decoração CasaCor Paraná e com coordenação de equipe de alunos em concurso, tendo como prêmio uma viagem à feira Isaloni em Milão, na Itália.

É diretora da Escola Curitibana de Design e tem participação como palestrante em eventos como a Semana Acadêmica de Design da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), a Semana D – Museu Oscar Niemeyer, o Congresso Nacional Moveleiro e outros.

Desde 2009, é sócio-fundadora do Katalin Stammer Arquitetura e Design e, em 2022, à convite do Shopping Alto da XV Mall, em Curitiba, no Paraná, lançou a Exposição Artisticamente com sua coletânea de peças autorais.

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