Prejuízo! Sem dúvida um dos maiores fantasmas para gestores da indústria moveleira. E, de fato, não há caminho mais curto e certeiro para se chegar ao prejuízo do que por meio de desperdícios diários. Como já falamos em nosso primeiro conteúdo de uma microssérie sobre o assunto, os desperdícios produtivos vão muito além do plano material. “Qualquer atividade que absorve recursos, mas não traz valor real agregado ao produto é considerada desperdício”, é enfático o time de especialistas em gestão de projetos da Terzoni.
Os profissionais apontam os oito desperdícios produtivos mais corriqueiros e perigosos numa fábrica de móveis. São eles: espera, transporte, movimento improdutivo, processamento desnecessário, estoque, excesso de produção, defeitos e intelectual. Problemas que devem ser urgentemente eliminados na busca por uma produção mais ágil, assertiva e com qualidade, especialmente em tempos de demanda aquecida.
Muito além do prejuízo material
Nós já falamos sobre os três primeiros desperdícios desta lista em outro conteúdo da série.
Agora que você já ficou por dentro do que é desperdício produtivo e sobre como o setup pode influenciar positiva ou negativamente no processo produtivo, então, é hora de irmos mais afundo nos demais problemas.
PROCESSAMENTO DESNECESSÁRIO
Processo executado mais vezes que o necessário por falta de ferramenta adequada; produzir em uma qualidade acima da necessária ou exigida; atividades extras por conta de definições insuficientes; processo executado mais vezes que o necessário por falta de software adequado; produzir informações acima do exigido; cópias adicionais de documentos; excesso de relatórios; assinatura de documentos que já contém aprovação eletrônica… Proatividade é essencial, mas desde que colocada em prática de forma inteligente e necessária para o negócio.
Além disso, tais problemas podem ser originados de projetos com etapas mal definidas, da falta de manutenção das máquinas e equipamentos, bem como da falta de motivação do time. Uma das formas mais eficientes de evitar esses problemas é, na verdade, bem simples e essencial em qualquer etapa: entender o cliente (externo ou interno) para verificar o que realmente ele precisa, evitando etapas e atividades que não agregam valor.
ESTOQUE
Num período em que a escassez de matérias-primas tem sido o pior inimigo de todo um setor, é comum, portanto, ver empresários tentando compensar a falta de um produto com o excesso de outro, seja por insegurança no futuro ou por um planejamento desapropriado. Quando falamos no estoque como um desperdício, portanto, são ações como esta que devemos evitar. O momento mostrou que estocar é necessário, mas com inteligência. Afinal, para o que nos serviriam chapas empenadas, espumas úmidas e ferragens desgastadas?
Todo estoque, de matéria-prima (comprada em excesso), material em produção (processos longos com muita espera entre as células) ou móvel pronto (mas sem demanda), que gera retrabalho ou simples prejuízo (como a defasagem comercial ou física do produto) é um desperdício. “O estoque em excesso oculta problemas como desbalanceamento de produção, entregas atrasadas dos fornecedores, defeitos, equipamentos em manutenção e longo tempo de setup”, afirmam os especialistas da Terzoni.
Para evitar esse tipo de erro, crie fluxo contínuo produzindo de forma unitária ou em pequenos lotes. Reduza setups para eliminar os estoques de segurança entre processos. Nivele a produção, fabricando todos os itens durante um intervalo de tempo de acordo com a demanda.
EXCESSO DE PRODUÇÃO
O que nos leva a outro desperdício: o excesso de produção. Produzir produtos, informações ou serviços além do que o cliente final solicitou, desde materiais ou um simples relatório; antecipar lançamentos de documentos antes da data prevista, apenas porque existe ociosidade; muitos são os exemplos e, de fato, este talvez um dos piores desperdícios produtivos na sua fábrica.
Produzir itens para os quais não há demanda pode gerar diversos outros desperdícios, como: estoque em excesso; imobilização de capital desnecessário; maior ocupação de área industrial (área nobre); distorção da percepção de produtividade da equipe; exposição do produto a avarias; etc. Dessa forma, o aconselhável é sempre se puxar a produção apenas com o que o processo seguinte pede. Produzindo, então, de acordo com o Tempo Takt (ritmo).
DEFEITOS
Processos inadequados de fabricação, produtos danificados devido ao transporte ou alocação inadequadas, falta de procedimentos de trabalho, falta de equipamentos ou máquinas adequadas, além da falta de treinamentos são as principais causas da má qualidade de produtos. Gerando, assim, retrabalho.
Usar Gestão Visual para sinalizar imediatamente o problema, resultando em análise imediata; atuar na causa raiz do problema usando o Relatório A3; criar sistemas de identificação automática de erro, com interrupção de funcionamento para evitar que o erro passe para o próximo processo… Estas são apenas algumas dicas (preciosas!) da Terzoni – Especialista em gestão de projetos.
INTELECTUAL
Aqui temos: projetos iniciados e não terminados; projetos lançados com pouco planejamento; baixa utilização da criatividade, ideias e habilidades dos funcionários; processos, campanhas e investimentos que não agreguem valor ao produto na perspectiva do cliente; falta de capacitação / treinamento para trabalhar no cargo. Enfim, um desperdício não tangível, mas extremamente impactante em todos os níveis de uma empresa.
Aliás, dentro de um negócio é muito comum convocar colaboradores para reuniões longas e desnecessárias, onde decisões são sempre postergadas para outra reunião. É comum também iniciar projetos sem planejamento e não terminá-los. Tudo isso gera um investimento grande de tempo do colaborador que poderia estar trabalhando em algo que realmente agregue valor para o negócio.
Envolva seu times nos projetos do tipo Kaizen , gaste mais tempo com o planejamento correto e mantenha sua equipe sempre treinada.
Eliminando desperdícios produtivos
Agora que você já conheceu os principais desperdícios produtivos na indústria moveleira e sabe como eliminá-los dos seus processos, que tal colocar essas ações em prática? A gente sabe que as mudanças não acontecem do dia para a noite e muitas já estão enraizadas na cultura da empresa. Mas é assim, passo a passo que chegamos a outro lugar. Comece hoje!
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