O setor moveleiro brasileiro tem se consolidado cada vez mais no cenário internacional. Nos últimos anos, diversas empresas nacionais se lançaram no desafio de expandir suas operações para mercados globais, superando barreiras culturais, econômicas e estruturais. Essa internacionalização é vista tanto como uma estratégia para aumentar a competitividade quanto para ampliar o alcance das marcas brasileiras, especialmente em mercados com alta demanda por produtos diferenciados e de qualidade.
Ao longo desta matéria, você encontrará respostas sobre quais fatores contribuem para o sucesso de empresas brasileiras no exterior, os desafios enfrentados, o impacto nos processos internos, as expectativas futuras de expansão e os mercados estrangeiros que mais atraem essas marcas. Ainda mais:
- Quais estratégias específicas de internacionalização ajudaram empresas brasileiras a se destacarem no mercado moveleiro global atualmente?
- Como a internacionalização promoveu mudanças culturais e estruturais dentro das empresas?
- Afinal, quais características do setor moveleiro brasileiro ajudam ou dificultam a expansão internacional?
- De que forma a colaboração com parceiros locais em mercados estrangeiros impacta o sucesso das empresas?
- Quais práticas de outros países foram adaptadas para melhorar a competitividade das empresas brasileiras?
Fatores de sucesso na internacionalização: know-how e adaptabilidade
Para empresas brasileiras, a expansão internacional no setor moveleiro exige mais do que bons produtos; requer conhecimento profundo do mercado alvo e capacidade de adaptação. Claudia Gonçalves, fundadora da LION Assessoria Comercial, destaca que o sucesso de sua empresa na expansão para mercados estrangeiros está diretamente ligado ao know-how acumulado no setor moveleiro e à rede de contatos estabelecida ao longo dos anos. “A LION é uma empresa jovem, mas com experiência sólida. Nosso diferencial está em descomplicar o processo de internacionalização, aproveitando os relacionamentos fortes que temos com parceiros globais”, afirma Claudia.
Marcelo Haefliger, CEO da Plan35 International Business, reforça a importância de entender o negócio e as necessidades específicas de cada cliente no exterior. Para ele, é fundamental adaptar-se ao contexto local e compreender as “dores” de cada cliente. “Quando passamos a entender o negócio do cliente, conseguimos identificar suas necessidades e oferecer soluções alinhadas ao mercado local, o que é crucial para o sucesso”, explica Haefliger. Com essa abordagem, as empresas conseguem se destacar em mercados competitivos, oferecendo produtos que agregam valor e se ajustam ao perfil do consumidor estrangeiro.
Desafios de entrar em novos mercados: obstáculos e superação
Apesar das vantagens, a entrada em mercados internacionais apresenta inúmeros desafios, especialmente para empresas que dependem de parcerias locais comprometidas. De acordo com Haefliger, a principal barreira está em encontrar parceiros que se comprometam a cumprir os padrões de qualidade e prazos exigidos pelo mercado externo. Para ele, a falta de comprometimento de fornecedores no Brasil é um dos maiores obstáculos na prestação de serviços para clientes no exterior. “Nossa maior dificuldade tem sido encontrar parceiros no Brasil que realmente se comprometam com as necessidades do cliente lá fora”, comenta.
Claudia também aponta os desafios relacionados às políticas e prioridades das empresas brasileiras em sua experiência positiva com clientes como a Tecidos Fiama e a Fitaflex, que incentivam boas praticas comerciais voltadas a exportação. No entanto ela destaca que o foco excessivo nos custos utilizadas por outras empresas pode impedir que empresas explorem o potencial do mercado externo. Ela cita, por exemplo, a concorrência acirrada com produtos chineses no caso da Fitaflex, e a resistência de algumas empresas em alocar recursos necessários para a internacionalização. Mesmo com esses desafios, a LION conseguiu firmar a presença de clientes em vários países, mostrando que a perseverança e a adaptação são essenciais para superar barreiras.
Para Vitor Guidini, sócio e Diretor Comercial da CIMOL, o maior desafio foi adaptar a produção a demandas fora do padrão usual da empresa. “A quebra de paradigmas entre nossos colaboradores, com relação a fazer diferente, foi a principal dificuldade”, afirma. Segundo ele, a comunicação clara e o engajamento da equipe foram determinantes para atender às necessidades de clientes internacionais.
Impacto da internacionalização nos processos internos das empresas brasileiras
A internacionalização traz mudanças significativas para os processos internos das empresas brasileiras. De acordo com Claudia, a experiência internacional ajuda a maturar a cultura organizacional, aprimorando a estrutura e os processos. “A internacionalização não apenas amplia o alcance da empresa, mas também transforma a organização internamente, criando uma cultura mais madura e eficiente”, afirma. Isso é fundamental para empresas que desejam competir em um cenário global, onde a qualidade e a eficiência são exigências constantes.
Para Haefliger, o impacto positivo da internacionalização é visível na integração de diferentes culturas e práticas. Ele observa que essa interação permite que empresas no Brasil e no exterior compartilhem conhecimentos e métodos de trabalho que beneficiam ambas as partes. “Adaptamos práticas de outros países que são eficazes e ensinamos nossas melhores práticas aos parceiros estrangeiros, promovendo uma troca valiosa que fortalece todos os envolvidos”, explica. Dessa forma, a internacionalização promove um intercâmbio cultural e operacional que pode transformar as empresas para melhor.
Mercados em expansão e expectativas para o futuro
Com as conquistas obtidas, as expectativas para o futuro são ambiciosas. Claudia planeja fortalecer as marcas com as quais trabalha nos mercados já conquistados e expandir para novos territórios até 2025. De acordo com ela, a LION busca aumentar o valor agregado e o serviço dos produtos brasileiros, além de desenvolver alianças estratégicas com escritórios locais. “Nosso objetivo é fortalecer as marcas e romper novas fronteiras, trabalhando com desenvolvimento de produtos e diferenciais de serviço”, afirma Claudia. A empresa também aposta no mercado de móveis e decoração, onde a demanda por produtos personalizados e de alta qualidade continua em alta.
Haefliger, por sua vez, pretende continuar acompanhando a expansão de seus clientes para outros países, especialmente na América Latina. Ele ressalta a importância de atender mercados como a Colômbia e o Panamá, onde a Plan35 já possui uma forte atuação. “Hoje, trabalhamos para um cliente no mercado colombiano e panamenho, e estamos sempre em busca de novos clientes e oportunidades”, comenta. A continuidade dessa expansão depende de estratégias sólidas de adaptação e do fortalecimento de redes de parceiros locais, essenciais para o sucesso a longo prazo.
De acordo com Guidini, o planejamento cuidadoso é essencial para manter a qualidade nos mercados externos. Ele destaca que, antes de qualquer nova negociação ou entrada em novos países, a equipe é instruída sobre os desafios burocráticos e logísticos. “Deixamos claro para a equipe a importância de evitar problemas com produtos no exterior, o que cria uma rotina de melhoria contínua nos processos e produtos”, explica.
Uma tendência sustentável e os benefícios da internacionalização para as empresas brasileiras
A tendência de internacionalização no setor moveleiro brasileiro parece sustentável e promissora, especialmente em um cenário onde o mercado global busca por produtos diferenciados e de qualidade. Empresas que conseguem superar os desafios iniciais de adaptação e firmar parcerias sólidas têm a oportunidade de ampliar suas operações e estabelecer uma presença duradoura no mercado internacional. A expansão internacional oferece benefícios tanto para as empresas quanto para o setor como um todo, promovendo uma troca de práticas e conhecimentos que contribuem para a melhoria da indústria moveleira brasileira.
Guidini afirma que a América Latina segue sendo o principal destino das exportações. Destaque para mercados como Chile, Colômbia, Equador e Panamá. “Atualmente, nosso principal mercado é o Chile, mas também estamos em negociações com alguns países da África e buscamos constantemente novas oportunidades”, explica. Ele acrescenta que a empresa está focada em fortalecer as operações nas regiões onde já atua e que, em 2025, participará de eventos específicos para exportação.
Para Claudia, os ganhos vão além do aumento de vendas: a internacionalização transforma a forma como a empresa opera e pensa seus produtos, criando uma mentalidade global que reflete em inovação e aprimoramento constante. Haefliger acrescenta que as práticas e aprendizados adquiridos no exterior ajudam a tornar a operação no Brasil mais eficiente, além de expandir a capacidade de inovação da empresa. Esse movimento internacional, se bem executado, pode consolidar o setor moveleiro brasileiro como um dos mais competitivos do mercado global.