Nichos de mercado emergentes: Tendências na Indústria Moveleira B2B

Nichos de Mercado Emergentes: Tendências na Indústria Moveleira B2B

A indústria moveleira B2B está diante de um momento crucial. O cenário global passou por profundas transformações e, com isso, surgiram novas demandas de consumo. Muitos desses movimentos não seguem mais os caminhos tradicionais. Agora, é nas bordas que estão os sinais de crescimento. Os nichos de mercado emergentes ganham protagonismo ao responder a mudanças estruturais na sociedade, como o envelhecimento populacional, a valorização do bem-estar e a reinvenção dos espaços de convivência. Segmentos como saúde, educação especializada, co-living, co-working e hotelaria boutique estão entre os que mais crescem e exigem novas soluções do setor. Esses nichos ganham força em meio a um consumidor mais exigente, conectado e disposto a investir em experiências significativas. Nesse novo contexto, os móveis deixam de ser apenas objetos e passam a desempenhar papéis estratégicos na rotina das pessoas, exigindo das indústrias uma resposta mais criativa, ágil e adaptada. 

Esse processo não é fruto do acaso. Segundo o especialista Paulo Pacheco, CEO da Evecom Marketing Estratégico, o grande desafio está em perceber o que o mercado já vem mostrando. “O problema é enxergar o que está acontecendo. Muitas vezes as empresas veem, mas não enxergam”, afirma. Para ele, falta preparo e tempo para interpretar sinais, ainda que estes estejam por toda parte. Na moda, nas viagens, na concorrência e nos próprios dados disponíveis ao alcance das mãos. Ao longo do texto, você entenderá por que esses segmentos vêm se destacando, quais os benefícios e os desafios para a indústria moveleira e como se adaptar de forma estratégica. Ainda mais:

  • Afinal, o que são nichos de mercado emergentes na indústria moveleira B2B?
  • Como identificar sinais concretos de oportunidades em segmentos alternativos?
  • Por que setores como saúde e co-living ganham relevância?
  • Quais os maiores obstáculos na adaptação para esses nichos?
  • Como inovar em design, materiais e modelo de negócios para conquistar esses mercados atualmente?

Saúde e bem-estar: um dos nichos de mercado emergentes mais promissor?

Entre os nichos citados, o de móveis voltados à saúde, principalmente para a terceira idade, desponta como um dos mais maduros para a exploração industrial. “Vemos uma profusão de residenciais com serviços de saúde sendo construídos. Esse público tem boa renda, demanda conforto e exige mobiliário com design específico e funcional”, aponta Paulo Pacheco. A longevidade e a qualidade de vida impulsionam esse segmento, tornando-o uma oportunidade concreta e urgente.

Dados do IBGE de 2022 indicam que o número de brasileiros com mais de 60 anos chegou a 32 milhões. Até 2030, esse público superará a população de crianças de até 14 anos. O envelhecimento populacional exige reconfigurações nos espaços de moradia, atendimento e lazer, o que afeta diretamente o setor moveleiro. A personalização, a ergonomia e a acessibilidade deixam de ser diferenciais e passam a ser critérios obrigatórios nesse nicho.

Educação especializada e novos arranjos de ensino

Outro nicho de destaque é o da educação especializada, com foco em escolas inclusivas, ambientes adaptados e espaços de aprendizado híbrido. A pandemia acelerou a transformação digital nas instituições de ensino, mas também expôs a fragilidade dos ambientes tradicionais. Isso abriu espaço para propostas mais flexíveis e inclusivas, desde o ensino infantil até a educação técnica e superior.

Segundo relatório da McKinsey & Company de 2023 sobre o futuro da aprendizagem, a personalização dos ambientes físicos terá papel central nos próximos anos. Os móveis devem acompanhar metodologias ativas, incluir recursos para alunos com necessidades específicas e permitir diferentes configurações de sala. Para a indústria moveleira, isso significa uma demanda crescente por soluções que combinem flexibilidade, resistência e design funcional.

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De acordo com Paulo Pacheco, CEO da Evecom Marketing Estratégico, os sinais de transformação estão por toda parte. Nas feiras, nas viagens, nas vitrines e até nas mudanças de comportamento do consumidor. O desafio é saber enxergar essas mudanças com um olhar estratégico, antes que elas se consolidem no mercado

Co-living e co-working: novos estilos de vida em alta

Além disso, o crescimento dos modelos de moradia compartilhada e escritórios colaborativos também redefine a forma como os espaços são mobiliados. No caso do co-living, cada vez mais presente entre jovens profissionais e estudantes, há uma exigência por móveis compactos, multifuncionais e adaptáveis. Por outro lado, os co-workings demandam estética moderna, conforto e infraestrutura tecnológica.

Conforme o relatório da Statista de 2024, o mercado global de co-living deve ultrapassar US$ 15 bilhões até 2027. No Brasil, startups do setor vêm expandindo a atuação em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Esse movimento cria uma janela de oportunidades para fabricantes que consigam entregar peças que otimizem espaço, garantam conforto e valorizem a experiência dos usuários em ambientes compartilhados.

Hotelaria boutique: a sofisticação sob medida

Diferente das grandes redes, a hotelaria boutique aposta na personalização, no design exclusivo e na experiência acolhedora. Isso abre espaço para fornecedores que entreguem soluções sob medida, com atenção ao detalhe, materiais sustentáveis e acabamento refinado. Cada projeto se torna único, exigindo um olhar mais próximo entre cliente e indústria.

Embora mais nichado, esse setor vem ganhando espaço no Brasil. Segundo dados da Revista Hotéis (2023), os empreendimentos independentes de luxo cresceram 8% no último ano, mesmo com a desaceleração econômica. A aposta está no turismo de experiência e na diferenciação do ambiente. Assim, fabricantes que souberem interpretar essas demandas específicas poderão conquistar um público fiel e disposto a investir em exclusividade.

Nichos de mercado emergentes: os desafios para quem quer se posicionar

Apesar das oportunidades, adaptar-se aos nichos de mercado emergentes exige superar obstáculos relevantes. A começar pela capacidade industrial: produzir em menor escala, mas com alta personalização, exige versatilidade, investimento em tecnologia e mão de obra qualificada. Para Paulo Pacheco, soma-se a isso a necessidade de uma nova abordagem comercial e operacional, mais próxima e especializada.

“Muitos fabricantes ainda operam sob o mesmo modelo tradicional. Porém, esses nichos são exigentes e não aceitam soluções genéricas”, alerta. A complexidade da operação também aumenta. Atender setores como saúde e educação envolve certificações, padrões técnicos e garantias específicas. Por isso, o preparo para atuar nesses nichos precisa ser estratégico e bem planejado.

Inovação como caminho para diferenciação

Para se destacar nesses novos segmentos, a inovação precisa estar presente desde o design até o modelo de negócios. Paulo Pacheco acredita que o design estratégico, com foco em sustentabilidade, bem-estar e propósito, será um diferencial cada vez mais valorizado. “Não é apenas estética, mas sim um design com significado, com impacto social e ambiental positivo”, destaca.

Nesse contexto, o uso de materiais eco-friendly ganha força. Madeira de reflorestamento, tecidos recicláveis, pintura atóxica e montagem sem cola ou parafusos são apenas algumas das soluções adotadas por marcas de vanguarda. Além disso, a digitalização dos processos, desde o projeto até o atendimento, permite maior agilidade e personalização, fundamentais para atuar em nichos com demandas específicas.

Como se preparar para atender aos nichos de mercado emergentes

A entrada em nichos de mercado emergentes não deve ser feita de forma oportunista ou pontual. É necessário um reposicionamento estratégico. O primeiro passo é estudar o comportamento do consumidor, identificar tendências sólidas e analisar se a estrutura da empresa permite atuar com consistência naquele nicho. Isso exige investimento, mas também visão de longo prazo.

Por fim, Paulo Pacheco alerta que as oportunidades estão por toda parte, mas que é preciso apurar o olhar. “Os sinais estão aí: nas feiras, nas viagens, nas vitrines, no digital. Basta saber olhar”, resume. Para as indústrias moveleiras dispostas a sair do óbvio e investir em diferenciação, esses nichos podem representar não só novas receitas, mas também um posicionamento mais sólido e relevante no mercado B2B.

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