fbpx

A importância da normalização no setor mobiliário

A importância da normalização no setor mobiliário

A normalização técnica é uma ferramenta importante para o desenvolvimento da indústria moveleira. Por meio de normas bem estruturadas, é possível estabelecer critérios objetivos de qualidade, segurança e desempenho, promovendo maior confiança no mercado e facilitando a inserção de produtos brasileiros em contextos nacionais e internacionais. Ademais, a normalização é referência para projetos e processos produtivos, contribuindo para a padronização e a inovação no setor

Nas publicações anteriores, abordamos temas relacionados às prescrições, ao escopo e também alguns elementos que não devem estar presentes no conteúdo da norma. 

Nesta publicação, por sua vez, desenvolveremos assuntos relativos ao desempenho de sofás, definido como a capacidade de atender às suas funções e necessidades específicas de forma eficiente, segura e duradoura. 

Esse desempenho será representado pelas características de resistência, durabilidade e estabilidade. Os aspectos estéticos ou de ergonomia, qualidade dos materiais, bem como requisitos para a resistência ao envelhecimento, degradação ou inflamabilidade não serão incluídos nesta normalização, pois existem normas específicas para esses requisitos, que podem ser utilizadas conforme exigências técnicas e comerciais.

Ao adotar esta norma de qualidade para sofás, as alinhamos com normas internacionais relevantes, como as normas ISO e as normas europeias. 

É importante destacar esse alinhamento, especialmente quando produtos brasileiros competem tanto no mercado internacional quanto no mercado doméstico. 

Dessa forma, não é necessário ser extremamente rigoroso em certos aspectos como na norma anterior à revisão, mas também não devemos relaxar em relação aos padrões internacionais.

A importância da normalização no setor mobiliário

Os requisitos de uma norma devem ser estabelecidos através de estudos técnico-científicos, obtidos por meio de procedimentos de medições padronizados, realizados por instituições ou laboratórios especializados. 

Após serem aprovados e certificados, estes se tornam procedimentos de normalização, garantindo resultados representativos e confiáveis. No nosso caso, ao invés de realizarmos, nós mesmos, um estudo técnico completo do produto, adotamos os Documentos Técnicos Internacionais.

Reforçando o que tínhamos comentado nas publicações anteriores, estes Documentos Técnicos Internacionais são amplamente reconhecidos no mundo e aplicados por fabricantes, organizações de comércio, compradores, consumidores, laboratórios de ensaio, autoridades e outras partes interessadas e são como uma das mais importantes bases para a remoção das barreiras técnicas ao comércio. 

Isto é explicitamente reconhecido no TCT (Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, na tradução literal para o português), da OMC (Organização Mundial do Comércio).

A importância das regras de produção no setor mobiliário

Desse modo, ao possibilitar comparações nacionais ou internacionais, os fabricantes podem atestar o nível de qualidade de seus produtos, facilitando decisões que promovem a competitividade das empresas.

Tecnicamente, os ensaios de resistência simulam o funcionamento sob condições mais severas do que as de uso normal, assim como possíveis usos indevidos, aplicando cargas ou forças intensas por um número reduzido de ciclos. 

Esses ensaios incluem simulações de pessoas com peso de até 110 quilos realizando ciclos de senta-levanta, compressão do encosto e pressão sobre os apoia-braços, quando presentes no modelo do sofá.

Os mesmos tipos de aplicação de carga são utilizados nos ensaios de durabilidade, que simulam o uso prolongado, prevendo solicitações normais por um número elevado de ciclos. 

Por fim, os ensaios de estabilidade simulam condições que podem levar ao tombamento do sofá, seja para frente, para trás, ou eventualmente para as laterais.

A importância da normalização no setor mobiliário

Nos ensaios laboratoriais, os equipamentos de aplicação de cargas devem simular ao máximo a anatomia humana, com superfícies de aplicação de cargas compatíveis com formatos anatômicos para ensaios em assentos ou encostos. 

À medida que as exigências aumentam, devido a novas aplicações ou modelos, pode surgir a necessidade de desenvolver novas metodologias de ensaios e, consequentemente, novos equipamentos de laboratório, justificando a revisão periódica das normas.

Nesta revisão, foram incluídas especificações distintas para diferentes ambientes de uso de sofás, como ambientes domésticos e não domésticos, com usos intensos divididos em “uso geral” (escritórios, salões públicos, salas de eventos, restaurantes, bancos, etc.) e “uso extremo” (casas noturnas, delegacias, terminais de transporte, vestiários esportivos, entre outros). 

As diferenças fundamentais, nesse caso, residem nos critérios de severidade. Aplica-se, por exemplo, um total de 20 mil ciclos de senta-levanta para uso doméstico, 100 mil ciclos para uso não doméstico geral, e 200 mil ciclos para uso não doméstico extremo.

A importância das regras de produção no setor mobiliário

Com essas informações, o fabricante de sofás poderá otimizar o desenvolvimento de seus produtos para diferentes finalidades, reforçando adequadamente a estrutura de madeira ou de outros materiais estruturais ou ainda escolhendo tecidos ou ferragens específicos para atender a diferentes usos.

A revisão da Norma de Sofás está em fase de correções gramaticais e de formatação. Em seguida, será submetida à Consulta Pública Nacional por 30 dias. Se não houver objeções, será publicada e incluída no Catálogo de Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

A importância da normalização no setor mobiliário

Escreveu esse artigo

Jorge M. Kawasaki, que é engenheiro e mestre em engenharia de materiais. 

Tem experiência em desenvolvimento de novos produtos em vários segmentos industriais, incluindo autopeças (velas de ignição), aeronáutica (mobiliário da aviação executiva), florestal (certificação FSC na Amazônia Oriental) e madeira e mobiliário (Instituto Senai de Tecnologia), entre outros.

Atualmente, é colaborador da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), responsável pelo desenvolvimento do Projeto de Normalização de Móveis.

Veja também