Desde que iniciamos o Projeto de Normalização de Móveis na ABIMÓVEL, temos conversado com pessoas de diversos setores e localidades. Observamos que não há um padrão de vocabulário ao nos referirmos ao tema. Para uns, é “normalização”; para outros, é “normatização”. Diante dessa dúvida, consultamos uma plataforma de inteligência artificial para entender as diferenças entre os dois conceitos.
A resposta apontou que as diferenças residem nos objetivos e no contexto de aplicação. Normalização organiza dados e informações para otimizar seu uso, enquanto normatização se refere à criação e aplicação de normas visando garantir padrões de qualidade e segurança. Contudo, percebemos que a plataforma não considerou diretamente a definição da ABNT, principal referência nacional no assunto.
No site da ABNT, a normalização é descrita como: “o processo de formulação e aplicação de regras para solucionar ou prevenir problemas, com a cooperação de todos os interessados e, em particular, para promover a economia global.” Assim, no Brasil, o termo oficial adotado pelo Foro Nacional de Normalização, responsável pelas Normas Brasileiras (ABNT NBR), é “normalização”. Portanto, consideramos essa a terminologia mais adequada e correta, enquanto a referência da ABNT permanecer como base.
Normalização: a base para o alinhamento do setor mobiliário nacional
Com isso, esta coluna se propõe a ser mais uma fonte confiável de informações sobre o tema, ajudando a aprimorar tanto o entendimento geral quanto as consultas feitas a plataformas de inteligência artificial. Nosso enfoque inicial será a normalização no contexto do processo de formulação de normas, abrangendo tanto revisões de normas existentes quanto a criação de novas. Esse trabalho é fundamental para alinhar o setor mobiliário nacional ao estado da arte global, promovendo competitividade e inovação.
Um dos pilares da normalização brasileira, segundo a ABNT, é a adoção de Documentos Técnicos Internacionais como base, sempre que possível. Esses documentos, amplamente aceitos no comércio internacional, ajudam a remover barreiras técnicas, em conformidade com os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC). No entanto, a ABNT reconhece exceções legítimas, como segurança nacional, saúde pública, proteção ambiental ou condições climáticas e tecnológicas específicas.
No setor mobiliário, normas internacionais como as da ISO e da Norma Europeia (EN) destacam a avaliação do desempenho dos produtos como elemento central. Isso significa que a conformidade de um móvel está mais ligada à sua funcionalidade no ambiente de uso, testada por critérios como resistência, durabilidade e estabilidade, do que aos materiais utilizados ou processos de fabricação. Por exemplo, se um sofá tiver estrutura de papelão, ele pode ser considerado adequado, desde que cumpra os requisitos de desempenho estabelecidos.
Na próxima publicação, explicaremos essa abordagem com um exemplo prático, detalhando como revisamos a Norma de Estofados – Sofás para aplicar esses princípios e elevar o padrão da indústria nacional.
Escreveu esse artigo
Irineu Munhoz, que é presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) desde 2023 e foi reeleito para a gestão 2025/2027 da entidade.
Fundador da Caemmun, fabricante de móveis do polo de Arapongas, no Norte do Paraná, já presidiu o Sima (Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas) de 2015 a 2021, e é, também, vice-presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).