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Políticas governamentais no Setor Moveleiro: como inovação e sustentabilidade estão transformando a indústria brasileira

Nos últimos anos, a indústria moveleira brasileira tem passado por transformações relevantes, impulsionadas por políticas governamentais focadas em inovação, sustentabilidade e competitividade. Essas diretrizes têm modificado o funcionamento das empresas, exigindo uma postura mais proativa e estratégica para enfrentar os desafios do mercado nacional e internacional. Além disso, têm influenciado diretamente a forma como o setor se organiza, se relaciona com o poder público e se projeta no cenário global. Com programas como a Nova Indústria Brasil, incentivos à exportação e medidas de estímulo à sustentabilidade, as políticas governamentais no setor moveleiro estão reconfigurando as bases de operação do setor.

Além de estimular o crescimento e a geração de empregos, elas exigem uma reestruturação das práticas produtivas, fortalecem a governança setorial e ampliam a relevância da indústria moveleira na agenda econômica do país, promovendo um ambiente mais competitivo e inovador. Nesta matéria, você vai entender como as políticas governamentais influenciam diretamente a estrutura e a competitividade da indústria moveleira brasileira, seus efeitos concretos e os desafios enfrentados pelas empresas para se adaptar às novas exigências. Ainda mais:

  • Como as políticas governamentais estão moldando o setor moveleiro brasileiro.
  • Os principais programas de incentivo à exportação e seus impactos no mercado.
  • A importância da sustentabilidade e da inovação na competitividade industrial.
  • Desafios enfrentados pelas empresas e caminhos para se adequar.
  • A representatividade do setor nas discussões sobre políticas públicas.

Políticas governamentais que fortalecem o setor moveleiro

Anunciada em janeiro de 2024, a Nova Indústria Brasil (NIB) representa, portanto, uma guinada estratégica na política industrial do país, com metas estruturadas até 2033. O programa, que conta com um orçamento previsto de R$ 300 bilhões até 2026, contempla, entre outras iniciativas, ações voltadas à descarbonização da economia, à transformação digital e ao fortalecimento da produção nacional. Para o setor moveleiro, essa política oferece não apenas linhas de crédito especiais, como também apoio à pesquisa e desenvolvimento, além de incentivos fiscais voltados à inovação e sustentabilidade que, juntos, podem transformar profundamente a competitividade das empresas brasileiras.

Vitor Guidini, sócio-diretor da CIMOL MÓVEIS e presidente do SINDIMOL, destaca que “a Nova Indústria Brasil representa uma oportunidade concreta de reposicionar o setor moveleiro no cenário global”. Segundo ele, as empresas precisam, desde já, aproveitar esses mecanismos para modernizar seus processos e investir em diferenciais sustentáveis que atendam às exigências dos novos mercados. Além disso, Guidini acredita que o programa traz diretrizes consistentes, que dialogam diretamente com as necessidades do setor, permitindo que as empresas avancem de forma estruturada

Exportações em alta: políticas de incentivo ampliam a presença do móvel brasileiro no mundo

Medidas como o REINTEGRA e o regime Drawback têm sido fundamentais para ampliar a presença da indústria moveleira brasileira em mercados estrangeiros. O REINTEGRA, por exemplo, permite a restituição parcial de tributos pagos na cadeia produtiva de bens exportados, oferecendo maior previsibilidade financeira às empresas. Já o Drawback suspende impostos sobre insumos importados utilizados na fabricação de produtos destinados à exportação, reduzindo custos operacionais e melhorando a margem de lucro das exportações brasileiras.

Combinadas, essas políticas criam condições mais favoráveis para a expansão internacional das empresas. Segundo o relatório Brasil Móveis 2024, produzido pela ABIMÓVEL em parceria com o IEMI, a produção brasileira de móveis teve um crescimento de 7,1% no último ano, impulsionada pelo aumento das exportações e pela recuperação da demanda global. Esses resultados mostram que a competitividade do setor depende cada vez mais de uma articulação eficaz entre políticas públicas bem estruturadas e estratégias empresariais consistentes.

Exigência do mercado e oportunidade de competitividade

A regulamentação do mercado brasileiro de carbono e a implantação da taxonomia verde têm mudado significativamente a lógica de operação do setor moveleiro. Desde a aprovação da Lei 15.042 em dezembro de 2024, as empresas passaram a ter metas claras de redução de emissões, além de acesso a mecanismos de compensação e financiamento verde. Essa estrutura estimula o investimento em práticas sustentáveis e reposiciona o Brasil como player estratégico na economia de baixo carbono, alinhado às exigências internacionais.

Iniciativas como as da Madesa Móveis, que utiliza madeira de reflorestamento e adota processos limpos de produção, demonstram que sustentabilidade e eficiência não apenas podem coexistir, como geram valor de mercado. Essas práticas atendem tanto às exigências legais quanto às preferências dos consumidores e investidores, cada vez mais atentos à origem dos produtos e aos impactos ambientais da cadeia produtiva. Além disso, agregam reputação e ampliam a aceitação dos produtos em mercados regulados.

Setor moveleiro ainda busca mais voz nas políticas públicas

Apesar dos avanços, o setor moveleiro ainda enfrenta obstáculos significativos para consolidar sua presença nas decisões estratégicas sobre políticas industriais. Embora programas como o Brazilian Furniture e entidades como a ABIMÓVEL tenham contribuído para ampliar a competitividade internacional, há carência de uma representação mais incisiva nas discussões que moldam o futuro do setor. Muitas vezes, as especificidades da indústria moveleira não são contempladas de maneira adequada nas políticas industriais mais amplas.

Vitor Guidini ressalta que “a participação efetiva de sindicatos e associações, como o SINDIMOL, é essencial para garantir que as necessidades do setor sejam consideradas. Seja nos marcos regulatórios, como nas diretrizes de financiamento”. Além disso, ele defende a criação de conselhos consultivos com participação de lideranças empresariais. Isso como forma de tornar o diálogo entre governo e indústria mais eficiente e alinhado com a realidade produtiva. Por isso, essa articulação institucional pode ser, na prática, a chave para fortalecer a voz do setor.

 Vitor Guidini
De acordo com Vitor Guidini, Sócio – Diretor comercial da CIMOL MOVEIS e presidente do SINDIMOL, é fundamental que o setor moveleiro esteja presente nas discussões sobre políticas industriais para que possamos contribuir com soluções que atendam às nossas necessidades específicas.

Caminhos para adaptação às políticas governamentais

Para que o setor moveleiro aproveite ao máximo as oportunidades geradas pelas políticas governamentais, é preciso investir continuamente em modernização. A adoção de tecnologias digitais, automação e inteligência artificial tem permitido ganhos reais de eficiência e redução de custos em diversas etapas da produção. Além disso, a digitalização amplia o acesso a novos mercados e melhora a experiência do cliente, criando vantagens competitivas duradouras.

Outro ponto essencial é a qualificação da mão de obra. Parcerias com instituições de ensino e pesquisa fortalecem a capacidade de inovação das empresas e tornam possível o desenvolvimento de produtos com maior valor agregado. Investir em design, materiais renováveis e modelos produtivos inteligentes é uma estratégia concreta para atender às novas exigências do consumidor e do mercado internacional. Nesse sentido, o alinhamento entre educação técnica, pesquisa aplicada e política industrial torna-se decisivo.

As políticas governamentais têm, portanto, papel central na transformação do setor moveleiro brasileiro. Para que seus efeitos sejam duradouros, é necessário engajamento das empresas, articulação institucional eficaz e disposição para inovar. Com planejamento estratégico, investimentos consistentes e integração entre políticas públicas e setor privado, o Brasil pode consolidar sua indústria moveleira como referência global em competitividade e sustentabilidade.

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