Requisitos de sustentabilidade: preparando o setor moveleiro e colchoeiro para o futuro

Requisitos de sustentabilidade

Nos últimos anos, a demanda por práticas sustentáveis tem ganhado força em diversos setores da economia, e a indústria moveleira e colchoeira não ficou de fora. A sustentabilidade, antes vista como diferencial, agora é uma necessidade imposta por consumidores mais conscientes e pelas regulamentações ambientais. O impacto desses requisitos de sustentabilidade afeta desde o design dos móveis até a escolha dos materiais e o ciclo de vida dos produtos.

Nesta matéria, vamos explorar como o setor moveleiro está se adaptando aos novos requisitos de sustentabilidade, as certificações mais relevantes, os desafios enfrentados e as oportunidades que surgem para as empresas que incorporam práticas sustentáveis. Além disso, apresentaremos a visão de especialistas para entender como uma das maiores empresas do setor está navegando por essas águas. Ainda mais:

  • Como a sustentabilidade está impactando atualmente o design e a fabricação de móveis?
  • Quais são as principais certificações ambientais no setor?
  • Quais desafios as empresas enfrentam para adotar práticas sustentáveis?
  • Afinal, como a adoção de materiais recicláveis e biodegradáveis pode beneficiar as marcas?
  • Quais são as tendências futuras para o setor em termos de sustentabilidade?
Requisitos de sustentabilidade
Segundo um estudo da Global Furniture Market (2023), 71% dos consumidores globais preferem marcas que adotam práticas sustentáveis na fabricação de móveis. Isso reforçando a importância da sustentabilidade como um fator decisivo de compra.

Como os requisitos de sustentabilidade está impactando o design e a fabricação de móveis

O conceito de sustentabilidade já se consolidou como parte essencial do desenvolvimento de novos produtos na indústria moveleira. Alexandre Katsukake, gerente de marketing de produtos dos segmentos Indústria Moveleira e Revenda Madeireira da Eucatex, destaca que as empresas conscientes têm buscado minimizar os impactos ambientais em todas as etapas de seus processos produtivos. “Nas empresas com um sistema ESG maduro, os projetos estão focados no uso de materiais como madeira certificada, tecidos reciclados e espumas não-tóxicas”, comenta Katsukake. As certificações CERFLOR e FSC, por exemplo, são obrigatórias para garantir a origem sustentável da madeira utilizada pela Eucatex, uma das líderes no setor.

Além disso, o design de móveis está evoluindo para maximizar a eficiência energética e a durabilidade dos produtos. O uso de acabamentos de baixa emissão de compostos orgânicos voláteis (VOC) e a escolha de matérias-primas mais sustentáveis têm sido uma resposta a consumidores que exigem maior transparência sobre a origem e impacto dos produtos que adquirem.

Certificações ambientais no setor moveleiro: quais são as principais?

As certificações ambientais funcionam como um selo de garantia de que os produtos seguem normas sustentáveis. As principais certificações exigidas no setor moveleiro incluem o FSC (Forest Stewardship Council). Ela garante que a madeira utilizada é proveniente de florestas manejadas de forma responsável, e a CERFLOR, voltada especificamente para o mercado brasileiro.

Esses selos não apenas asseguram práticas de manejo sustentável, mas também são cruciais para que as empresas se posicionem em mercados cada vez mais exigentes. A obtenção dessas certificações, no entanto, envolve desafios logísticos e financeiros, pois é necessário garantir que toda a cadeia de suprimentos atenda aos critérios estabelecidos. “A rastreabilidade dos materiais é um dos maiores desafios, especialmente em cadeias complexas com múltiplos fornecedores”, afirma Katsukake.

Alexandre Katsukake
De acordo com Alexandre, as certificações como FSC e CERFLOR são fundamentais. Isso garante que a madeira utilizada no setor moveleiro seja proveniente de fontes sustentáveis e manejadas de forma responsável.

Benefícios de materiais recicláveis e biodegradáveis para cumprimento dos requisitos de sustentabilidade

A adoção de materiais recicláveis e biodegradáveis traz benefícios claros para as empresas que conseguem integrar essas práticas de forma eficiente. Do ponto de vista financeiro, apesar de o custo inicial desses materiais ser mais elevado, há um retorno a longo prazo. Estudos indicam que processos de reciclagem e uso de materiais sustentáveis podem reduzir significativamente os custos operacionais ao longo do tempo. Especialmente à medida que as empresas atingem economias de escala. Um relatório da Ellen MacArthur Foundation (2021) aponta que a transição para a economia circular, que inclui o uso de materiais recicláveis, pode gerar até US$ 4,5 trilhões em ganhos econômicos globais até 2030.

Além disso, a implementação dessas práticas também melhora a resiliência das cadeias de suprimento. Afinal, uma vez que as empresas que adotam modelos circulares e sustentáveis, ficam menos expostas à volatilidade de preços e escassez de matérias-primas não renováveis. Isso é especialmente relevante para o setor moveleiro, onde a escassez de madeira certificada é uma preocupação crescente.

O impacto do cumprimento dos requisitos na indústria e varejo

No aspecto da imagem corporativa, a adoção de práticas sustentáveis fortalece a marca, criando uma diferenciação significativa em um mercado cada vez mais competitivo. De acordo com Alexandre Katsukake, para a Eucatex, ser reconhecida como uma empresa sustentável não apenas melhora a percepção pública, mas também atrai investidores e consumidores que valorizam práticas ambientais responsáveis. “O reconhecimento como uma empresa sustentável fortalece a marca e pode justificar preços mais altos para os consumidores que buscam produtos verdes”, conclui.

Essa valorização de marca é apoiada por um estudo da Nielsen (2022), que revelou que 66% dos consumidores em todo o mundo estão dispostos a pagar mais por produtos de empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade. Ou seja, além de atrair um público mais consciente, essa postura pode abrir novas oportunidades de negócios, como acesso a linhas de financiamento e investidores que priorizam práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) em suas carteiras de investimentos.

Tendências futuras em sustentabilidade no setor moveleiro

Olhando para o futuro, algumas tendências já começam a se destacar no setor. A economia circular, com foco em móveis modulares e recicláveis, será uma prioridade nos próximos anos. Essa abordagem exige que as empresas repensem seus processos de design para que os produtos possam ser facilmente desmontados e reciclados ao fim de sua vida útil.

Outro avanço esperado é o uso de materiais 100% oriundos de reflorestamento ou reciclados, além de uma pressão crescente pela neutralidade de carbono. Nesse sentido, a Eucatex já deu um passo importante ao firmar um contrato de energia solar, o que permitirá à empresa reduzir significativamente suas emissões de CO₂ nos próximos anos.

As empresas que desejam se preparar para essas mudanças precisam investir em inovação contínua e estabelecer parcerias estratégicas com fornecedores que compartilhem os mesmos valores de sustentabilidade. Além disso, a formação de equipes capacitadas para integrar práticas sustentáveis em todas as fases do processo produtivo será um diferencial competitivo no futuro.

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