A política de alta dos juros para conter a inflação cobra seu preço com a perda de dinamismo da atividade industrial ao final do ano. Impactando também no emprego e nas expectativas dos empresários na indústria brasileira. É o que aponta a CNI (Confederação Nacional da Indústria), com base nos resultados da última “Sondagem Industrial”.
Apesar de crescer 0,2 ponto na passagem de outubro para novembro de 2022, com o índice de produção industrial ficando, então, em 48,7 pontos no penúltimo mês do ano, o leve aumento foi insuficiente para alterar o quadro de queda na produção industrial, que está abaixo da linha divisória de 50 pontos desde setembro. O que indica desempenho insatisfatório no período.
Dinâmica que reflete na intenção de investimento do empresário industrial, que cresceu 0,3 ponto em dezembro de 2022 na comparação com o mês anterior, mas que segue no segundo patamar mais baixo no ano. Isso porque a intenção de investir perdeu força nos últimos meses de 2022. Ainda assim, é relativamente alta comparando-se ao índice de produção, ficando acima da média histórica, de 51,4 pontos, mas abaixo da média de janeiro a novembro de 2022, de 56,8 pontos.
Expectativas e planejamento na indústria
Diante desse cenário de “pé no freio” tanto por parte dos consumidores quanto dos empresários, os estoques permanecem acima do planejado pelo quinto mês consecutivo. O índice de estoque efetivo em relação ao planejado em novembro ficou em 51,3 pontos. Mais do que o esperado, o que não é um bom indicativo. Apesar disso, o dado é 1,1 ponto menor do que em outubro. Essa queda demonstra um ajuste parcial nos estoques na passagem de outubro para novembro.
Com tudo isso, o emprego também caiu na indústria em novembro de 2022. O índice de emprego recuou 0,6 ponto na comparação com outubro e encerrou o mês em 49 pontos, o que denota queda disseminada. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) permaneceu em 71%, e também se encontra abaixo do patamar praticado nos meses de novembro dos últimos dois anos.
Vale ressaltar, contudo, uma expectativa otimista para o mês de dezembro em relação às exportações, o que pode vir a alavancar a produção. O índice de expectativa de quantidade exportada de dezembro de 2022 cresceu 1,1 ponto na comparação com novembro, alcançando 50,7 pontos. Previsão, portanto, de alta das quantidades exportadas.
O índice de expectativa de demanda, contudo, caiu de 51,4 pontos para 50,8 pontos. Apesar da queda, o índice mostra que as expectativas se mantêm positivas por parte do empresariado.
Sondagem Industrial revela impacto da inflação e da alta de juros na produção
Dessa forma, a Sondagem Industrial confirma o que se esperava para o fim de 2022, diante da necessidade de uma política monetária mais contracionista para tentar frear o avanço inflacionário, que vem impactando todos os setores, com grande influência negativa no moveleiro.
“A indústria apresentou bons resultados até o meio do ano. Mas os efeitos da alta dos juros foram se acumulando, tornando-se bastante intensos. A atividade do setor está mais fraca em novembro e, como consequência, temos expectativas de menos contratações e menos investimentos no final do ano”, completa o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo.