Nos últimos anos, o setor moveleiro tem assistido a mudanças profundas na forma como os consumidores se relacionam com os produtos. Muito além da estética e da funcionalidade, o que tem se destacado são as novas maneiras de experimentar os móveis antes mesmo de comprá-los. Em um mercado cada vez mais competitivo e digitalizado, oferecer uma jornada de compra inovadora passou a ser uma exigência — não mais um diferencial.
Nesse contexto, as tecnologias imersivas surgem como protagonistas de uma nova era, conectando a indústria, o varejo e o cliente final com experiências interativas, práticas e emocionais. Com o uso da realidade aumentada (AR) e da realidade virtual (VR), empresas têm conseguido não apenas impressionar o consumidor, mas também facilitar decisões de compra, reduzir devoluções e ampliar as possibilidades de personalização. A promessa é clara: transformar a forma como móveis são apresentados, escolhidos e até projetados. Nesta matéria, você vai entender como as tecnologias imersivas estão impactando o setor moveleiro, seus desafios e oportunidades. Ainda mais:
- Afinal, o que são tecnologias imersivas e como elas funcionam no setor moveleiro?
- Elas são realmente uma tendência ou apenas uma moda passageira?
- Quais são os principais benefícios da realidade aumentada e virtual para lojistas e consumidores?
- Quais barreiras dificultam a implementação dessas soluções atualmente?
- Como empresas podem se preparar para essa transformação?
O que são as tecnologias imersivas e por que elas importam
As tecnologias imersivas utilizam recursos visuais e sensoriais para criar experiências que simulam a realidade ou ampliam a percepção do mundo físico. No setor moveleiro, isso significa poder visualizar um sofá dentro da própria sala antes de comprá-lo, ou explorar um showroom completo sem sair de casa. A gigante IKEA, por exemplo, já aplica essas soluções com sucesso. Seu aplicativo com realidade aumentada permite que o cliente veja o móvel no ambiente real, o que reduz incertezas e aumenta a confiança na decisão. Segundo um estudo da PwC publicado em 2022, o mercado global de VR e AR deve atingir US$ 1,5 trilhão até 2030, com impacto significativo em setores como varejo, construção e manufatura. Esse dado demonstra como a tendência já está consolidada em diversos segmentos.
Benefícios concretos de usar tecnologias imersivas para vendas e personalização
Para Paulo Pacheco, especialista em indústria e varejo de móveis e proprietário da Evecom Marketing Estratégico, a adoção de realidade aumentada e virtual vai além da inovação estética. “Essas tecnologias podem e devem melhorar significativamente a experiência de compra, desde que bem implementadas”, afirma. Ele destaca que a principal vantagem está na praticidade, tanto para lojistas quanto para clientes de e-commerce B2B.

Pedro Henriques Guimarães Filho, sócio da INDICCA ponto COM, também vê valor na possibilidade de contextualização do móvel. “A visualização em AR e VR facilita a percepção do produto em relação a textura, dimensão e ambiente. Isso gera mais segurança na compra”, explica. No comércio eletrônico, especialmente, essas ferramentas elevam o engajamento e reduzem a taxa de devoluções.
A experiência imersiva e seu impacto no design
Além de revolucionar a venda, as tecnologias imersivas também estão transformando, de forma significativa, o processo de design de móveis. A personalização, por sua vez, ganha força quando é possível testar variações de cores, materiais e formatos em tempo real. A realidade virtual, nesse sentido, permite que os consumidores interajam com protótipos virtuais, o que contribui diretamente para otimizar tempo e reduzir custos de produção.
Com os óculos de VR, por exemplo, os clientes podem “caminhar” por ambientes decorados e observar, em detalhes, como diferentes móveis se integram. A experiência não apenas encanta, como também ajuda a construir decisões mais assertivas e seguras. “Essas soluções trazem um nível de imersão que vai além da simples visualização. Elas aproximam o cliente do produto antes mesmo do toque físico”, afirma Pedro.
Barreiras culturais e investimentos ainda são desafios
Apesar dos avanços, a implementação de tecnologias imersivas ainda enfrenta obstáculos relevantes. Segundo Paulo Pacheco, um dos principais entraves é o conservadorismo de parte da indústria. “Muitas empresas preferem esperar que outras testem e obtenham sucesso para só então investir. Essa postura limita as chances de diferenciação no mercado”, ressalta.
Além disso, o investimento inicial também é um ponto crítico. Ferramentas imersivas exigem, antes de tudo, infraestrutura tecnológica adequada, profissionais capacitados e integração eficiente com sistemas de venda. Por esse motivo, a adoção pode ser desafiadora para empresas de pequeno e médio porte. Soma-se a isso a questão da acessibilidade: nem todos os consumidores possuem dispositivos compatíveis, como smartphones com bom desempenho ou óculos de realidade virtual.
Pequenas e grandes empresas podem aproveitar a inovação
A adoção das tecnologias imersivas não está restrita às gigantes do setor. Startups, com maior agilidade e cultura de inovação, tendem a implementar essas soluções com mais rapidez. Mas empresas tradicionais também podem se beneficiar, desde que abracem a transformação digital. Para isso, é necessário investir em cultura organizacional, capacitação e parcerias estratégicas. Segundo Pedro Guimarães, até mesmo prestadores de serviços podem tirar proveito da imersão. “Imagine um hotel mostrando seus ambientes via VR ou uma oficina apresentando sua estrutura em tempo real. A tecnologia aproxima o cliente e agrega valor”, argumenta. No setor moveleiro, a lógica é a mesma: quanto maior o envolvimento do consumidor, maiores as chances de fidelização.

Um futuro imersivo e personalizável
O futuro das vendas e do design de móveis tende a ser cada vez mais imersivo. A combinação entre tecnologia e personalização será a base da nova jornada de compra. “Estamos apenas no começo dessa transformação”, afirma Paulo. Ele acredita que o e-commerce se tornará cada vez mais visual e sensorial, exigindo novas abordagens na apresentação de produtos. O investimento em treinamento também será fundamental. Vendedores e equipes técnicas precisarão dominar essas ferramentas para garantir sua efetividade. “Sem capacitação, a tecnologia perde impacto”, alerta Pedro. Portanto, para acompanhar a evolução do mercado, é imprescindível que empresas se adaptem rapidamente.
Tecnologias imersivas são tendência com potencial competitivo
As tecnologias imersivas não são mais uma aposta distante. Elas já se mostram como tendência sólida e representam uma vantagem competitiva real para quem souber utilizá-las com inteligência. Os benefícios vão desde a melhoria na experiência do cliente até o fortalecimento da marca e aumento nas conversões de venda. Contudo, essa revolução só será efetiva com a quebra de paradigmas e o investimento consistente em inovação. O setor moveleiro, que sempre foi sensível a tendências de design, agora precisa incorporar também a inovação tecnológica como parte da sua identidade. A jornada para isso já começou — e está mais envolvente do que nunca.