Quando o assunto são móveis infantis, a segurança vem antes de qualquer coisa. Cada detalhe, do material escolhido às instruções de uso, precisa seguir padrões rigorosos para garantir o bem-estar das crianças. A certificação, nesse caso, mostra que a empresa leva a sério sua responsabilidade e o cuidado com o consumidor. E, num setor em que a confiança faz toda a diferença, cumprir as normas é, também, uma forma de reforçar a credibilidade da marca
No universo da indústria moveleira, poucas categorias exigem tanta responsabilidade quanto a de móveis voltados ao público infantil. Berços, camas, beliches e demais mobiliários destinados a bebês e crianças devem, acima de tudo, garantir segurança.
Quando o público final é vulnerável, como recém-nascidos e crianças pequenas, não há margem para erros: cada centímetro, cada material e cada etapa da produção precisam estar em conformidade com padrões técnicos rigorosos.
Nesse cenário, a certificação de móveis infantis se consolida não apenas como exigência legal, mas como um compromisso ético com a vida.
A conformidade com normas como a ABNT NBR 15860, que trata da segurança de berços infantis, assegura que os produtos tenham passado por testes criteriosos.
Estabilidade, ausência de bordas cortantes, resistência das grades, segurança dos sistemas de travamento e espaçamentos adequados entre ripas são apenas alguns dos aspectos verificados.
Não se trata de burocracia, mas de prevenção. Um berço que não atenda a esses requisitos pode causar sufocamentos, quedas, fraturas e, em casos extremos, acidentes fatais.
Para além da segurança, a certificação funciona como um diferencial competitivo. Em um mercado onde o consumidor está cada vez mais informado, apresentar ensaios realizados por laboratórios acreditados, selos de conformidade e evidências de adequação legal transmite confiança.
Dessa forma, atender aos requisitos normativos não é apenas uma obrigação regulatória, mas também uma estratégia para ampliar mercado e fortalecer a reputação da marca.
Apesar da evolução do setor, ainda são frequentes as ocorrências de falhas em aspectos fundamentais do projeto e da produção. A observação de casos recorrentes de não conformidade revela padrões importantes que servem de alerta para toda a cadeia moveleira.
Quebra de base ou laterais dos berços, resultantes do uso de MDF de baixa resistência, estão entre os principais problemas encontrados. Esse tipo de material, quando submetido a cargas estáticas ou impactos, pode se romper ou deformar além do permitido, comprometendo a integridade do berço.
Outro ponto crítico envolve os espaços inadequados entre as ripas laterais, base ou entre o colchão e as extremidades do móvel.
A Norma estabelece limites precisos para evitar riscos de sufocamento, aprisionamento ou estrangulamento, mas muitos produtos ainda apresentam medidas fora dos padrões, seja por erro de projeto, fabricação ou falhas nas instruções fornecidas.
Os espaços laterais superiores a 30 milímetros entre colchão e estrutura, por exemplo, são especialmente perigosos, pois podem permitir que a cabeça da criança deslize e fique presa.
Além da conformidade física do produto, é essencial garantir uma comunicação clara com o consumidor. Muitos berços ainda são reprovados por falhas no manual de instruções, que deixam de orientar corretamente sobre montagem, uso seguro e dimensões compatíveis do colchão.
Mesmo um berço bem construído pode representar risco se não for utilizado da forma correta. Portanto, o manual deve ser tratado como parte integrante da segurança, e não como um mero apêndice documental.
A segurança de móveis infantis deve ser compreendida como uma obrigação inegociável. Mais do que atender a uma exigência normativa, investir na certificação é uma demonstração de responsabilidade com a vida, de respeito ao consumidor e de maturidade empresarial.
Cabe à indústria moveleira assumir esse compromisso com seriedade, garantindo que cada berço colocado no mercado represente, de fato, um ambiente seguro. A excelência na fabricação precisa ser constante, porque quando se trata de crianças, não há espaço para falhas.
Escreveu esse artigo
Sandra Fürst, que é engenheira de produção e CEO na SK Mentoria e Desenvolvimento.
Engenheira de produção e tecnóloga moveleira, é especialista em normatização, certificação e conformidade no setor moveleiro. Com experiência internacional, atuou em laboratórios nos Estados Unidos e na Europa, aprofundando seu conhecimento em testes de qualidade, segurança e desempenho de móveis.
Atualmente, coordena o Instituto Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) de Tecnologia em Madeira e Mobiliário em Santa Catarina, liderando iniciativas que promovem inovação, excelência e conformidade na indústria moveleira.
Apaixonada pelo desenvolvimento profissional, também atua como mentora em gestão de carreiras e negócios, ajudando profissionais e empreendedores a estruturarem estratégias, tomarem decisões assertivas e alcançarem crescimento sustentável em suas áreas de atuação.
