No mercado moveleiro, a qualidade dos produtos é um diferencial crucial para conquistar e manter a confiança dos clientes. Nesse cenário, as certificações e normas de qualidade são instrumentos essenciais que garantem que os móveis produzidos atendam a padrões elevados de desempenho, segurança e sustentabilidade. Na matéria abaixo, você vai saber mais sobre o tema, bem como irá conhecer as principais certificações, selos e normas que devem estar presentes na indústria moveleira do Brasil. Boa leitura!
No cenário atual, onde a sustentabilidade e a qualidade são cada vez mais valorizadas, as indústrias moveleiras enfrentam o desafio de se manterem competitivas e alinhadas às expectativas do mercado.
A demanda por produtos que não somente atendam aos requisitos estéticos, mas que também garantam segurança e respeito ao meio ambiente, tem levado o setor a adotar rigorosas certificações e normas de qualidade.
Essas medidas, por sua vez, são, além de um diferencial competitivo, uma necessidade para se adequar às exigências legais e às expectativas dos consumidores mais conscientes.
As certificações e as padronização dos processos de produção
As certificações e normas de qualidade desempenham um papel fundamental na padronização dos processos de produção, assegurando que os produtos finais atendam a critérios específicos de desempenho e durabilidade.
Para as indústrias moveleiras, seguir esses padrões é vital para garantir que seus produtos sejam confiáveis e seguros, reduzindo o risco de problemas futuros e aumentando a satisfação do cliente.
Além disso, a conformidade com normas internacionais pode abrir portas para novos mercados, permitindo a expansão global e a diversificação das oportunidades de negócio.
Por outro lado, a adoção dessas certificações e normas não se trata apenas de seguir regras, mas de incorporar uma cultura de excelência e responsabilidade em toda a cadeia produtiva.
Desde a escolha das matérias-primas até os processos de fabricação e o acabamento final, cada etapa deve ser cuidadosamente planejada e executada para atender aos rigorosos critérios estabelecidos.

Nesta matéria, que irá lhe apresentar as principais certificações e normas de qualidade na indústria moveleiro, bem como os principais benefícios de implementá-las, você vai conferir:
- Quais são as certificações mais relevantes para a indústria moveleira e por quê?
- Como as normas de sustentabilidade influenciam as certificações na indústria?
- Qual é o processo para uma empresa moveleira obter uma ou mais certificações?
- Quais são os benefícios econômicos e de mercado de ter certificações de qualidade?
- Quais são os desafios enfrentados pela indústria moveleira na implementação?
Quais são as certificações mais relevantes para a indústria moveleira e por quê?
Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), acredita ser importante definir os conceitos de certificação, norma e normalização.
De acordo com Munoz, as certificações são atestados formais de conformidade com normas ou padrões, emitidos por organizações independentes.
Enquanto isso, normas são documentos que fornecem regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, estabelecidos por consenso e aprovados por uma organização reconhecida.
“Já a normalização é o processo de formulação e aplicação de normas técnicas, definindo requisitos específicos para garantir segurança, eficiência e qualidade de produtos, processos e serviços”, complementa.

Certificações no mercado moveleiro
Entre as certificações mais relevantes para a indústria moveleira, destaca-se a ISO 9001, que estabelece critérios para um sistema de gestão da qualidade eficaz.
Essa norma de qualidade, por sua vez, é reconhecida internacionalmente e ajuda as empresas a garantir que seus produtos e serviços atendam consistentemente aos requisitos do cliente e regulamentares.
Segundo o presidente da Abimóvel, a implementação da ISO 9001 promove a melhoria contínua dos processos internos, aumentando a eficiência operacional e a satisfação do cliente.
Empresas moveleiras que obtêm essa certificação demonstram um compromisso com a qualidade e a excelência, fatores que podem fortalecer sua posição no mercado e atrair novos clientes.
A ISO 14001, conforme aponta Munhoz, também é relevante no contexto da indústria moveleira, já que está ligada ao sistema de gestão ambiental e “minimiza os impactos ambientais e demonstra o compromisso com a sustentabilidade”.
Outra certificação crucial é a FSC (Forest Stewardship Council), que assegura que a madeira utilizada nos produtos provém de florestas manejadas de forma responsável, respeitando os princípios ambientais, sociais e econômicos.
A certificação FSC é particularmente importante em um momento em que a sustentabilidade é um diferencial competitivo significativo.
Produtos certificados pelo FSC não só atendem às exigências dos consumidores preocupados com a preservação ambiental, como também cumprem com regulamentos mais rigorosos em mercados internacionais.

Normas para a indústria de móveis
“Além dessas certificações citadas, precisamos destacar as normas, como da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que define requisitos de qualidade e segurança para fabricação de mobiliário; e, claro, as Normas Regulamentadoras, ou NRs, que são estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego no Brasil”, explica Munhoz.
Nesse contexto, uma das Normas Regulamentadoras mais conhecidas no País é a NR-12, que dispõe sobre a segurança no trabalho no que se refere às máquinas e aos equipamentos usados pelos colaboradores.
“O cumprimento dessas normas é essencial para garantir um ambiente seguro e produtivo, ao mesmo tempo em que traz respaldo jurídico e financeiro para as empresas do setor”, pontua o presidente da Abimóvel.
Normalizações no setor moveleiro
No que se refere às normalizações para a fabricação de mobiliário, Munhoz destaca o Projeto de Normalização de Móveis, que tem sido desenvolvido pela Abimóvel, em parceria com a ABNT, e que abrange cozinhas, guarda-roupas e estofados.
“Este projeto visa desenvolver e atualizar normas técnicas para esses segmentos, garantindo que os produtos atendam aos requisitos de qualidade, segurança e desempenho alinhados com o mercado global”, explica.
De acordo com o presidente da Abimóvel, a normalização de mobiliário padroniza as especificações dos produtos, facilita o comércio nacional e internacional, e aumenta a confiança do varejo e dos consumidores em relação à qualidade, durabilidade, ergonomia e usabilidade das peças adquiridas.

Certificações no mercado de colchões
No que se refere à indústria de colchões, a certificação mais relevante é, segundo Débora Fernandes, que é diretora executiva do Iner (Instituto Nacional de Estudos do Repouso), a do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que avalia o desempenho dos produtos.
“Essa é uma certificação compulsória (obrigatória), ou seja, todas as indústrias fabricantes de colchões estabelecidas em território nacional têm a obrigatoriedade de submeter os seus produtos à certificação do Inmetro. Por essa razão, para o consumidor, é fundamental um colchão com o certificado do Instituto”, explica.
Fernandes pontua, ainda, que, além da certificação obrigatória, algumas marcas agregam valor aos seus produtos os submetendo à certificação voluntária.
Certificado Pró-Espuma, do Iner
“Há 40 anos, o certificado Pró-Espuma, criado pelo Iner, é reconhecido como o certificado com o mais alto padrão de exigência do mercado brasileiro.”
Conforme explica a diretora executiva do Instituto, os produtos que são homologados e recebem o certificado Pró-Espuma são submetidos a sete testes de performance em que os padrões e variações permitidos são mais rigorosos que a certificação obrigatória.
“Além disso, a metodologia de coleta e análise de produtos se difere, pois as indústrias que têm em seu mix de produtos colchões homologados pelo programa Pró-Espuma recebem três vezes ao ano o auditor da Falcão Bauer, um organismo de certificação, para a verificação de adequação laboratorial e coleta de produtos variados para análise.”
Com isso, é possível afirmar que o certificado Pró-Espuma tem uma função complementar à certificação do Inmetro, pois garante um produto de qualidade superior, com foco em melhoria contínua e não com foco apenas em fiscalização.

Como as normas de sustentabilidade influenciam as certificações na indústria?
As normas de sustentabilidade têm um impacto significativo nas certificações da indústria moveleira, influenciando não apenas a escolha dos materiais, mas também os processos de produção e a gestão de resíduos.
“A sustentabilidade não é só uma expressão da moda, é uma urgência. Com grande parte dos mercados e consumidores se tornando cada vez mais conscientes sobre o impacto do que consomem, eles passam a buscar, portanto, móveis fabricados de maneira ética e ecologicamente mais adequada”, argumenta Munhoz.
Certificações em gestão e proteção ambiental
Normas como a ISO 14001, que estabelece critérios para um sistema de gestão ambiental eficaz, incentivam as empresas a minimizar os impactos ambientais de suas atividades.
Ao implementar essa norma, as indústrias moveleiras são levadas a adotar práticas mais sustentáveis, como a redução do consumo de energia e água, a gestão adequada de resíduos e a utilização de materiais recicláveis ou de origem sustentável.
Essas práticas não apenas ajudam a proteger o meio ambiente, mas também podem resultar em economia de custos e melhoria da eficiência operacional.
“Entre as certificações mais notáveis neste sentido estão o selo Carbono Zero, o Carb (California Air Resources Board) e o FSC (Conselho de Manejo Florestal), que asseguram a neutralidade de emissão de carbono, a procedência da madeira utilizada nos móveis e o impacto ambiental dos processos de produção”, exemplifica Munhoz.

Cerfificações para transparência e responsabilidade ambiental
Além disso, a crescente demanda por transparência e responsabilidade ambiental está impulsionando a adoção de certificações que garantem a sustentabilidade ao longo de toda a cadeia de valor.
Certificações como a Ecolabel da União Europeia ou a certificação GreenGuard são exemplos de padrões que asseguram que os produtos atendam a rigorosos critérios ambientais e de saúde.
“Vale citar como exemplo o caso da União Europeia, um dos principais mercados-alvo da indústria brasileira de móveis, que adotou uma lei proibindo a importação de produtos oriundos de desmatamento, além de ter acabado de aprovar um novo ‘Regulamento de Ecodesign para Produtos Manufaturados Comercializados no Mercado Europeu’, incluindo importados e mobiliário”, destaca.
Essas certificações, por sua vez, avaliam desde a origem das matérias-primas até o impacto dos produtos no ambiente interno dos consumidores, como a qualidade do ar em ambientes fechados.

Qual é o processo para uma empresa moveleira obter uma ou mais certificações?
Para uma empresa moveleira obter uma ou mais certificações, o primeiro passo é realizar um diagnóstico detalhado de seus processos e práticas atuais.
Esse processo, por sua vez, envolve uma análise minuciosa das operações, desde a aquisição de matérias-primas até a fabricação e distribuição dos produtos.
A empresa deve identificar áreas que precisam de melhorias para atender aos critérios específicos da certificação desejada. Essas etapas, frequentemente, requerem a contratação de consultorias especializadas, que auxiliam na interpretação dos requisitos das normas e no desenvolvimento de um plano de ação personalizado.
Implementação de mudanças
Uma vez que as áreas de melhoria são identificadas, a empresa moveleira deve implementar as mudanças necessárias para alinhar suas práticas aos padrões exigidos.
Isso pode incluir a adoção de novas tecnologias, a capacitação dos colaboradores e a reestruturação dos processos produtivos.
Após essas melhorias, a empresa deve passar por uma auditoria formal conduzida por uma entidade certificadora independente.
Durante a auditoria, serão avaliados todos os aspectos relacionados à certificação, e a empresa precisa demonstrar total conformidade com os requisitos.

Após a aprovação
Se aprovada, a empresa recebe a certificação, que deve ser mantida por meio de auditorias periódicas e um compromisso contínuo com a melhoria de seus processos e práticas.
“O processo para uma empresa moveleira obter certificações de qualidade envolve várias etapas: iniciar com uma análise dos requisitos-base de cada certificação, treinar a equipe, implementar os sistemas de gestão necessários, realizar auditorias internas para identificar melhorias, selecionar um organismo certificador, passar por auditorias externas, corrigir não conformidades, obter a certificação e mantê-la por meio de auditorias periódicas e renovações”, resume o presidente da Abimóvel.
A importância das consultorias especializadas
De acordo com Munhoz, a Associação, inclusive, conta com parcerias com consultorias especializadas para apoiar seus associados na conquista de certificações.
“As revisões propostas pela Abimóvel buscam adaptar a indústria a essas mudanças, garantindo segurança, resistência, durabilidade e estabilidade, bem como alinhando-se às mais relevantes normas internacionais, como as Normas ISO, que devem ser utilizadas como padrões para garantia da qualidade e da competitividade do mobiliário em escala global.”

O passo a passo na indústria de colchões
No mercado de colchões, a empresa precisa, para obter as certificações necessárias, primeiramente, ter implementado um sistema de gestão da qualidade, que atenda parcialmente ou na íntegra os requisitos da norma ABNT NBR ISO 9001.
Segundo Guilherme Nunes, head de qualidade do Iner, o processo de certificação da qualidade requer que a empresa apresente e garanta, por meio de documentos, que seus processos produtivos e de gestão estão em conformidade com as normas.
“O produto colchão é compulsório, portanto, para empresa obter o Certificado de Conformidade e o Selo do Inmetro, na prática, o processo começa pela análise da solicitação e da conformidade da documentação, auditoria inicial no sistema de gestão da qualidade, avaliação do processo produtivo, coleta de amostras, testes laboratoriais dos produtos e análise crítica do desempenho e/ou conformidade dos produtos pelo OCP (Organismo de Certificação de Produtos), acreditado pelo Inmetro para conduzir o processo de certificação”, acrescenta.

Quais são os benefícios econômicos e de mercado de ter certificações de qualidade?
A obtenção de certificações de qualidade traz diversos benefícios econômicos e de mercado para as empresas moveleiras.
Redução de desperdícios e custos operacionais
Conforme destaca Munhoz, economicamente, as certificações podem levar à redução de desperdícios e custos operacionais através da implementação de práticas mais eficientes e organizadas.
“A melhora na qualidade dos produtos pode reduzir retrabalhos e devoluções, aumentando a margem de lucro.”
Aumento da confiança dos consumidores
Além disso, certificações como a ISO 9001 e a FSC podem aumentar a confiança dos consumidores e dos parceiros comerciais, resultando em um incremento nas vendas e na fidelização dos clientes.
Produtos certificados são frequentemente percebidos como mais confiáveis e de melhor qualidade, o que pode justificar preços mais elevados e, consequentemente, margens de lucro maiores.
“No mercado, as certificações conferem um diferencial competitivo, aumentando a confiança e a fidelidade de compradores e dos consumidores. Além disso, empresas certificadas podem acessar novos mercados e participar de licitações que exigem conformidade com normas específicas, ampliando suas oportunidades de negócio”, ressalta o presidente da Abimóvel.

Novos mercados
Ademais, as certificações podem abrir portas para novos mercados, especialmente internacionais, onde os requisitos de conformidade e sustentabilidade são rigorosos e frequentemente mandatórios.
Do ponto de vista operacional, a implementação das normas de qualidade e sustentabilidade leva a uma maior eficiência nos processos produtivos, reduzindo desperdícios e otimizando o uso de recursos. Isso pode resultar em economias significativas de custos ao longo do tempo.
Impulsionamento da inovação
A melhoria contínua, incentivada pelas certificações, também pode impulsionar a inovação, ajudando a empresa a se adaptar rapidamente às mudanças do mercado e às novas demandas dos consumidores.
Adicionalmente, empresas certificadas têm maior facilidade em estabelecer parcerias estratégicas e participar de licitações, já que muitas vezes esses processos exigem comprovações de qualidade e sustentabilidade.
“Do ponto de vista jurídico, as certificações garantem que a empresa está cumprindo as regulamentações vigentes, priorizando a segurança dos colaboradores, bem como reforçando o bem-estar das comunidades ao redor, demonstrando uma atuação ética e responsável da empresa”, acrescenta Munhoz.

Quais são os desafios enfrentados pela indústria moveleira na implementação?
A implementação de certificações e normas de qualidade na indústria moveleira apresenta uma série de desafios que as empresas precisam superar para garantir o sucesso do processo.
“Os desafios comuns enfrentados pelas indústrias moveleiras na implementação de normas de qualidade e certificações incluem custos iniciais, a complexidade dos requisitos, a adoção de novas práticas, a necessidade de treinamento e por vezes uma resistência à mudança na cultura organizacional”, resume Munhoz.
Custo inicial
Conforme destacado pelo presidente da Abimóvel, um dos principais obstáculos é o custo inicial associado à adaptação dos processos e à obtenção das certificações.
Investir em novas tecnologias, treinar colaboradores e, possivelmente, reestruturar a linha de produção requer um desembolso significativo de recursos financeiros.
Para muitas empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, esses custos podem ser um obstáculo considerável, exigindo planejamento financeiro cuidadoso e, em alguns casos, a busca por financiamentos ou incentivos governamentais.
“Implementar certificações pode exigir investimentos em consultoria, auditorias e melhorias de infraestrutura, mas é importante destacar que entidades como a Abimóvel estão aqui para oferecer suporte às empresas do setor na busca por parcerias que minimizem tanto os custos quanto os esforços na conquista desses selos e na adaptação às normas necessárias”, assegura.

Resistência à mudança
Outro desafio relevante é a resistência à mudança dentro da própria organização.
Implementar novas práticas e procedimentos muitas vezes implica em uma mudança cultural, onde todos os níveis da empresa, desde a alta gestão até os operadores de fábrica, precisam estar alinhados com os novos objetivos de qualidade e sustentabilidade.
Essa mudança pode ser dificultada por uma falta de conhecimento ou compreensão dos benefícios das certificações, bem como por uma possível resistência a sair da zona de conforto.
Superar essa barreira requer uma comunicação eficaz, programas de formação contínua e o engajamento de líderes internos que possam servir como exemplos positivos.

Manutenção da conformidade
Além disso, manter a conformidade com as normas requer um esforço contínuo de monitoramento e melhorias, o que pode ser um desafio operacional significativo para as empresas moveleiras.
“Manter a certificação exige atualizações frequentes e gestão eficiente, mas com o suporte contínuo, as empresas podem se adaptar às exigências e aproveitar os benefícios de estarem em conformidade com as exigências atuais”, finaliza Munhoz.