Desenvolvimento de talentos no setor moveleiro: capacitação para a inovação e competitividade

Desenvolvimento de talentos no setor moveleiro: capacitação como chave para a inovação e competitividade

Em um cenário de mudanças aceleradas, impulsionado pela digitalização e pelos novos comportamentos de consumo, o setor moveleiro brasileiro enfrenta um desafio cada vez mais evidente: atrair, desenvolver e manter talentos alinhados às transformações do mercado. O avanço da tecnologia, por si só, já exige um perfil profissional mais flexível e propositivo. No entanto, torna-se ainda mais urgente preparar equipes capazes não apenas de executar tarefas, mas também de pensar estrategicamente, liderar mudanças e propor inovações. Nesse contexto, o desenvolvimento de talentos desponta como uma prioridade essencial para que as empresas possam acompanhar o ritmo do mercado e garantir competitividade no longo prazo.

Segundo dados da ABIMÓVEL (2024), o Brasil possui mais de 21 mil empresas atuando na indústria moveleira. Embora a cadeia produtiva siga desempenhando papel relevante na economia nacional, a escassez de profissionais qualificados já impacta diretamente a competitividade do setor. Para reverter esse cenário, é necessário ir além de ações pontuais e investir em programas estruturados de formação, com foco em aprendizado contínuo. Nesse sentido, a qualificação técnica e comportamental deixou de ser um diferencial e passou a ser uma prioridade.

Mais do que um custo operacional, o treinamento contínuo representa hoje uma vantagem estratégica. As empresas que enxergam o desenvolvimento de pessoas como parte central de sua atuação conseguem reter talentos, estimular a inovação e, ao mesmo tempo, fortalecer sua posição no mercado. A indústria moveleira, tradicionalmente voltada à produção, começa a reconhecer que o conhecimento e a capacitação são os pilares que sustentam o crescimento e a sustentabilidade a longo prazo. Nesta matéria você vai entender melhor o cenário do desenvolvimento de talentos no setor moveleiro, estratégias e opinião de especialistas da área. Ainda mais:

  • Quais competências o setor exige dos profissionais atualmente
  • Como as empresas podem identificar e reter talentos
  • O setor moveleiro está investindo o suficiente em capacitação?
  • O que engaja as novas gerações de trabalhadores nas fábricas e escritórios
  • Quais são os principais desafios e caminhos para superá-los

Desenvolvimento de competências: um caminho para a resiliência e a inovação

Para além da habilidade técnica, competências comportamentais têm ganhado espaço como prioridade no processo de formação profissional. Rafael Bacetto, vice-presidente do Baianão Móveis, observa que a adaptabilidade e a resiliência emocional se tornaram cruciais. Segundo ele, a velocidade das transformações exige profissionais que liderem com firmeza e visão, conduzindo equipes mesmo em cenários instáveis. Esse perfil, portanto, não se constrói sem investimento contínuo e atenção ao ambiente organizacional.

Nesse contexto, a figura do líder ganha nova dimensão. Não se trata apenas de administrar processos, mas de ser um verdadeiro “timoneiro”, capaz de manter a direção mesmo em águas agitadas. Por isso, empresas que desejam se manter competitivas precisam revisar seus métodos de gestão e seus programas internos. Adotar práticas que incentivem o protagonismo e o pensamento crítico tem se mostrado essencial para avançar com consistência.

Como identificar e reter talentos em um setor em transformação

Atrair talentos no setor moveleiro demanda mais do que um bom pacote de benefícios. Bacetto destaca que a nova geração é guiada por propósito. Essa busca não é superficial: profissionais mais jovens querem compreender como seu trabalho gera impacto e transformação. Para ele, o setor moveleiro carrega um trunfo nesse sentido, pois lida com produtos que transformam lares e criam conforto. Comunicar isso de forma eficaz pode ser um diferencial decisivo.

Para reter essas pessoas, no entanto, é preciso mais do que um discurso inspirador. As empresas devem criar ambientes de pertencimento, onde a contribuição individual seja reconhecida e valorizada. Além disso, construir trajetórias claras de crescimento e aprendizado tem sido uma das estratégias mais eficazes para manter talentos engajados. Muitas vezes, o que falta não é motivação, mas oportunidades reais de evolução.

Rafael Bacetto – Vice-Presidente do Baianão Móveis.
De acordo com Rafael Bacetto, Vice-Presidente do Baianão Móveis, para atrair e reter talentos, especialmente as novas gerações, as empresas devem enfatizar seu propósito e comunicar o impacto positivo que geram na vida dos clientes.

Ainda se investe pouco em capacitação, principalmente no varejo

Apesar de algumas iniciativas promissoras surgirem em feiras e eventos, como apresentações de cases e discussões sobre tendências, o setor ainda caminha lentamente. Bacetto reconhece que há avanços, mas pontua que a estruturação de áreas dedicadas ao desenvolvimento profissional é exceção, sobretudo no varejo. Para ele, a ideia de que treinamento atrapalha a produtividade precisa ser urgentemente revista, já que essa mentalidade impede o avanço das equipes.

De fato, o treinamento não deve ser encarado como interrupção, mas como fortalecimento da base operacional. Empresas que investem regularmente em seus profissionais colhem ganhos expressivos na qualidade, no clima interno e até nas vendas. O retorno, portanto, é evidente. Segundo estudo publicado pela IBM (2023), organizações que priorizam o desenvolvimento de talentos têm 33% mais chance de liderar em inovação no seu segmento.

O engajamento das novas gerações começa com o propósito

Para as novas gerações, o trabalho precisa ter um significado claro. Ainda que isso soe como um clichê, Bacetto reforça que a conexão com um propósito é o que impulsiona esses profissionais. Isso se traduz na forma como as empresas apresentam seus objetivos e, principalmente, na forma como integram os colaboradores à missão da marca.

Nas fábricas e nos escritórios de design, conectar as tarefas diárias com um “porquê” maior é um caminho eficaz para engajamento. Mostrar como aquele móvel vai impactar a vida de uma família, por exemplo, pode parecer simples, mas faz diferença. Quando o colaborador compreende o valor do que produz, ele se sente parte do resultado. Essa percepção amplia o comprometimento e estimula entregas mais conscientes e inovadoras.

Barreiras estruturais e o futuro da competitividade do setor

O setor moveleiro ainda enfrenta obstáculos importantes. A falta de investimento sistemático em formação, a resistência à inovação e a visão ultrapassada sobre produtividade são alguns dos principais entraves. No entanto, é possível superar essas barreiras. Bacetto afirma que as empresas que quebram esses paradigmas se destacam no mercado, porque conseguem unir propósito e desempenho em uma mesma estratégia.

O desenvolvimento de talentos, quando colocado como prioridade, gera reflexos positivos em todas as áreas do negócio. Aumenta a eficiência, melhora a comunicação interna e, principalmente, prepara as equipes para os desafios do futuro. Em um ambiente onde a concorrência é global, sair na frente nesse aspecto pode ser o diferencial entre crescer ou estagnar.

Valorizar talentos é preparar o setor para o futuro

Investir em pessoas é, hoje, uma das decisões mais estratégicas que uma empresa moveleira pode tomar. Formar talentos não significa apenas oferecer cursos, mas criar um ecossistema que favoreça a aprendizagem constante, a criatividade e o protagonismo. Nesse processo, as lideranças têm papel fundamental, tanto no exemplo quanto na condução das mudanças culturais. O desenvolvimento de talentos, portanto, não é tendência passageira. É pilar de sustentação para empresas que desejam permanecer relevantes em um mercado competitivo e dinâmico. Cabe ao setor reconhecer que, sem profissionais preparados, não há inovação. E sem inovação, não há futuro.

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