Há algumas semanas trouxemos aqui um panorama do Banco Santander para a economia e a indústria moveleira polonesa . Hoje, é a vez de conhecermos as avaliações e projeções do Banco Bradesco para a economia brasileira neste e no próximo ano.
A economia brasileira tem crescido de maneira satisfatória nos últimos dois trimestres. Isso tem deixado para trás projeções mais negativas realizadas no início da pandemia. Atualmente, a expectativa para os economistas do Banco Bradesco é que o setor econômico nacional contraia 4,5% em 2020. Voltando, esperançosamente, a crescer 3,5% em 2021. Números que ainda nos deixariam aquém das perspectivas pré-Coronavírus, mas numa posição bem mais confortável do que poderíamos vislumbrar num primeiro momento de caos econômico e produtivo.
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O fim do auxílio emergencial
Como já estamos pontuando há meses aqui na Plataforma Setor Moveleiro, a principal dúvida também para os especialistas está em como a atividade doméstica deverá se comportar à medida que o auxílio emergencial for sendo removido. “Nós temos três fatores que devem mitigar a queda do consumo com essa redução do auxílio, porém”, diz o economista-chefe do Banco Bradesco, Fernando Honorato. Ele pontua:
1- “Em primeiro lugar, nós acreditamos que o mercado de trabalho deva ter um performance melhor ao longo do próximo ano. Em especial se as vacinas forem efetivas na imunização.”
2- “Em segundo, um conjunto de estímulos foi concedido à economia ainda neste ano e esses estímulos devem persistir ao longo de 2021. Ajudando na retomada, incluindo o crédito.”
3- “Em terceiro lugar, foi formada uma poupança durante a pandemia que as famílias devem acessar ao longo do primeiro semestre do próximo ano para justamente suavizar a queda de renda. Eventualmente vindo seja de um mercado de trabalho um pouco mais fraco, seja da saída do auxílio emergencial.”
Estas razões apontadas por Honorato, portanto, sustentam a aposta do Bradesco na aceleração do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 3,5% em 2021. Mas há ainda outra série de dúvidas a serem levadas em conta no atual cenário. Em particular as relacionadas às contas públicas. Essas dúvidas, conforme revela o economista, tem mantido os prêmios de risco elevados nos ativos brasileiros. Isso, inclusive, fez com que o próprio banco revisasse a taxa de câmbio para R$/US$ 5,40 ao final deste ano. Mantendo-a em R$/US$ 5,20 para o ano que vem — isso, claro, sob a hipótese de que o teto dos gastos será mantido e de que as reformas avançarão.
Fator câmbio e a inflação no Brasil
Em função dessa depreciação do câmbio combinada à alta no preço dos commodities, aliás, a inflação também tem acelerado. Dessa forma, a nova estimativa do Banco Bradesco é que o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre esse ano em 3,10% e acelere para 3,40% em 2021. Valor alto e que já vem afetando ao consumidor, mas considerado “ainda confortável com a inflação” para a instituição. O que deverá levar o Banco Central a normalizar a taxa de juros para 3,5% no final do próximo ano – como também já estamos falando bastante por aqui.
“Com tudo isso, nós imaginamos que com o avanço das reformas, a economia possa ter um desfecho positivo em 2021. Com um pouco mais de crescimento, uma inflação sob controle, ainda que com uma taxa de juros um pouco maior do que nós estimamos inicialmente”, fala, mais uma vez, Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco.
Segunda onda de Covid-19 pode desacelerar economia brasileira
Por fim, no ambiente internacional, o aumento no número de casos de Covid-19 na Europa — que pode, inclusive, ter implicações para o Brasil — tem preocupado ao especialista, deixando ao setor econômico em alerta. Mas, por ora (início de novembro), essa nova onda de contágio não tem produzido um fechamento generalizado na maioria dos países, como vimos inicialmente. Portanto, os efeitos sobre a economia devem ser menores, ainda que alguma desaceleração seja esperada.