Buscando por referências no Google, deparei-me com um artigo da Forbes datado de 2017 e assinado por Ann Latham – que, entre muitas funções, é também uma estrategista no ramo de carreiras. Embora antigo e em meio a um universo tão amplo de sugestões dadas pelo mecanismo de busca, o que me chamou a atenção num primeiro momento foi o título desse conteúdo em questão: “What the heck is strategy anyway?”. Título um tanto agressivo, mas que sintetiza muito bem o sentimento de vários profissionais, podendo ser traduzido para algo como: “O que diabos é estratégia, afinal?”.
Na visão de Ann, o maior problema, naquele cenário, estava no modo como as organizações vinham definindo estratégia no seu dia a dia. Confundindo, sobretudo, estratégia com planejamento. E, claro, não foi uma surpresa perceber que hoje, mais escancarado do que nunca, o problema continua o mesmo.
Então, o que diabos é estratégia, afinal?
Num cenário habitual, por meio de um planejamento bem alinhado podemos analisar o presente com cuidado, antecipar mudanças em nosso mercado ou setor e, a partir daí, criar estratégias para termos sucesso no futuro. Até aí… ótimo! Mas como poderíamos antecipar uma pandemia, por exemplo? Como encontrar espaço para sermos analíticos com tudo mudando o tempo todo?
É aqui que entra uma boa Gestão de Risco dentro do escopo macro do planejamento, mas falaremos mais sobre isso em outra oportunidade. A questão aqui é que em 2020, o planejamento passa a ser uma ferramenta de uso cotidiano, observando e entendendo desde as mudanças de comportamento do consumidor até as medidas tomadas diariamente por governos, instituições financeiras, sindicatos, entre outras questões que possam afetar ao seu negócio direta ou indiretamente.
Por isso, mantenha-se constantemente antenado! Busque compreender não só às necessidades dos seus clientes, mas as dos clientes deles. Interaja com a concorrência. Crie um ambiente próspero, saudável e de união. Acompanhe e faça parte da rotina das entidades de defesa do setor. Aliás, o grupo de WhatsApp Setor Moveleiro reúne figuras-chaves da área, sendo uma ótima fonte de informação e espaço de discussão em tempo real – envie sua solicitação por DM ou para o e-mail carlosbessa@setormoveleiro.com.br.
Do pensamento à ação
A partir de uma contextualização do cenário atual é muito mais fácil repensar seu objetivo para este período e, portanto, agir estratégica e assertivamente. Se, no início do ano, o objetivo de muitas moveleiras era aumentar a produção em X por cento até o final de 2020. Talvez um objetivo mais tangível e sustentável nesse momento seja retomar a produção em 100% e se focar em sair um passo à frente no processo de recuperação econômica.
Para isso talvez seja preciso se concentrar em buscar maneiras de não demitir, mas sem onerar; de reduzir custos operacionais; de reestruturar o modelo de negócio; de se trabalhar remotamente; de criar diferenciais de mercado que respondam a um novo perfil de consumo emergente; de investir em e-commerce e engajamento digital; de encontrar novos materiais etc. Dessa maneira, não abrimos mão de nossos objetivos, mas os adaptamos à realidade, repensando o processo, ou seja, os meios e os prazos para alcançarmos aquele crescimento esperado.
É importante lembrar que a indústria moveleira passou por mudanças muito significativas nas últimas décadas, readaptando toda sua linha de produção e modelos de gestão para se adequar às transformações sociais e mercadológicas que aconteceram rapidamente. Se a reestruturação e o investimento tecnológico foram os grandes métodos usados para chegarmos até AQUI, acreditamos que a produção orientada em pesquisa, no acesso às informações de mercado e na sinergia entre as diferentes áreas que compõem a cadeia moveleira devam ser o foco nesse momento, resultando não só em bons números, mas numa visão mais atualizada e coerente do seu negócio.
Parece fácil perder o controle num percurso tão íngreme, com tantas curvas perigosas e inesperadas, num sobe e desce desenfreado. Vence quem tem o pulso mais firme e os olhos mais atentos, não na linha de chegada, mas nas surpresas do caminho, incluindo o comportamento daqueles à sua volta. O destino é o objetivo, mas é a atenção à jornada, a estratégia, que nos levará até lá.