Não precisamos mais sequer falar sobre como a pandemia do novo Coronavírus abalou à toda estrutura social e econômica ao redor do globo. Tendo como o primeiro grande afetado a China – maior fabricante, exportador e consumidor de móveis do mundo. Apesar de toda a potência desse mercado – que oferece uma concorrência praticamente imbatível no segmento popular -, ao olharmos para o comportamento do setor moveleiro na China em 2020, vemos um processo parecido com o que ocorreu e vem ocorrendo no Brasil.
No início da pandemia por lá, o consumo de móveis caiu em grande medida. Com a indústria de móveis local experimentando uma queda de quase 24% nos primeiros quatro meses do ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Gerando, assim, forte pressão, sobretudo, entre as fábricas de médio, pequeno e micro porte, bem como aos fornecedores da indústria. Ao mesmo tempo, medidas preventivas adotadas por governos em todo o mundo impediram atividades como do comércio internacional e de investimentos transfronteiriços – segmentos comerciais essenciais para a manutenção das estratégias do mercado chinês.
Passos curtos para trás
Pesquisa realizada pela China National Furniture Association (CNFA), apontou que durante o surto da COVID-19, os maiores problemas enfrentados pelos fabricantes chineses foram a queda nos pedidos e até o cancelamento de ordens anteriores; bem como interrupções na logística, no fornecimento de materiais e na força de trabalho. Ou seja, exatamente as mesmas questões enfrentadas pela indústria moveleira no Brasil. Numa dinâmica bastante assustadora, replicada em diversos outros mercados ao redor do mundo.
Em relação ao fornecimento de suprimentos para indústria, aliás – provavelmente o maior assunto do momento por aqui -, membros da CNFA revelaram o ambiente de estresse e tensão entre os fornecedores. “Houve falta de confiança nesse segmento e a previsão ainda é muito desanimadora.”
Recuperação industrial e neutralização econômica no setor moveleiro na China
Para neutralizar os efeitos econômicos da COVID-19, então, o governo federal e as instituições locais na China implementaram uma série de políticas de apoio para um melhor ambiente de negócios. Por meio do Congresso Nacional do Povo, foi firmado o compromisso do governo com quatro grandes políticas macroeconômicas de corte adicional de impostos e taxas; redução dos custos operacionais e de produção das empresas; aumento do apoio financeiro para manter as operações comerciais estáveis e reunir todos os esforços para tanto estabilizar como expandir o emprego.
Ações essas, com foco na recuperação industrial. Ao mesmo tempo em que o governo comprometeu-se a continuar estimulando a demanda interna. O que deverá equilibrar a queda negativa das exportações e ajudar a sustentabilidade da indústria de móveis.
Associações moveleiras e empresas no exterior também mostraram seu apoio à indústria chinesa e incentivaram ambos os lados a sustentar a prosperidade no futuro. Por sua vez, enquanto tentavam retomar o trabalho, os fabricantes também buscaram por alternativas e oportunidades de expansão em outros campos, como na Internet / e-commerce, Inteligência Artificial, marketing e inovação, atendimento ao cliente etc.
Em recuperação
Tendo o distanciamento social como um dos maiores propulsores da queda nas vendas no varejo mundial. Conforme a disseminação do vírus vai ficando sob controle na China, felizmente as pessoas podem se deslocar na maioria das cidades. Com a economia, assim, aos poucos voltando aos padrões pré-pandemia.
Basicamente 100% das indústrias já voltaram a ativa na China. Bem como shopping centers e lojas do varejo. A exemplo de diversos eventos públicos. No entanto, as feiras de negócios que ocorreriam no primeiro e no segundo semestre tiveram de ser readequadas ao modelo digital ou agendadas para o próximo ano – apesar da insistência de muitos organizadores que mantiveram suas datas oficiais o tanto quanto puderam.
Setor moveleiro na China: Passos largos para a frente
Diante da situação atual, em um cenário otimista, a indústria moveleira chinesa começa a se recuperar no segundo semestre. Com o comércio internacional, no entanto, devendo levar mais tempo para ser retomado, a depender da administração da pandemia a nível global. Numa perspectiva mais longa, o maior mercado moveleiro do mundo compromete-se a dar passos ainda mais largos na modernização de seus parques fabris e modelos de negócios. Buscando, assim, maior valor agregado e agilizo na produção.
“Durante esse período de transformação haverá muito trabalho a ser feito em aspectos como gestão de custos, proteção ambiental, crescimento de marcas, recrutamento de talentos e inovação. Espera-se que, com todos os esforços para lidar com os gargalos, a indústria de móveis da China traga produtos de melhor qualidade aos consumidores. Bem como melhore a eficiência de funcionamento, chegando a um nível ainda mais alto no futuro”, anuncia a CNFA.
Para a indústria moveleira no Brasil, apesar das similaridades nos impactos durante a pandemia – da queda à ascensão – fica o questionamento de como podemos nos aproximar ao modelo de recuperação chinês. Com foco em investimento e ampliação, bem como melhoramento produtivo e aperfeiçoamento / atualização de produtos, em vez de contenção. Sabemos se tratar de realidades bastante diferentes num panorama regular. Mas fica a interrogação, de qualquer maneira. Agora, no entanto, é esperar para vermos os resultados e quais mercado, efetivamente, conseguem manter o aquecimento atual.