O setor moveleiro brasileiro desempenha um papel fundamental na economia do país, sendo responsável por uma cadeia produtiva que emprega milhares de trabalhadores direta e indiretamente. No entanto, a escassez de mão de obra qualificada tem sido um desafio crescente para indústrias do ramo, que precisam se adaptar às novas demandas do mercado. Para enfrentar esse cenário, as empresas têm investido em estratégias de desenvolvimento de talentos, promovendo capacitação técnica, aprimoramento de competências comportamentais e inovação no ambiente de trabalho.
As mudanças tecnológicas e a crescente automação também estão reformulando as exigências para os profissionais da área. Se antes a experiência prática era suficiente para atuar no setor, hoje é necessário um conjunto de habilidades que inclui conhecimentos técnicos especializados, capacidade de adaptação e um pensamento voltado à inovação. Nesta matéria, exploramos como as empresas moveleiras estão lidando com essa realidade, quais são os benefícios do investimento no desenvolvimento de talentos e os desafios que precisam ser superados. Ainda mais:
- Atualmente, quais são as principais estratégias adotadas pelas empresas para identificar e desenvolver talentos no setor moveleiro?
- De que maneira o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais contribui para a inovação e competitividade na indústria?
- Como as novas tecnologias e metodologias de treinamento estão sendo implementadas para capacitar os profissionais do setor?
- Quais desafios específicos o setor moveleiro enfrenta na formação e retenção de talentos e como podem ser superados?
- Quais são os benefícios de investir no desenvolvimento de talentos para as empresas do setor moveleiro afinal?
Estratégias para identificar e desenvolver talentos
O desenvolvimento de talentos no setor moveleiro requer uma abordagem estruturada e estratégica. Empresas como o Grupo Officina, presidido por Adeilton Pereira, têm implementado programas específicos para formação de profissionais. “Nossa empresa, juntamente com dois outros colegas fabricantes de móveis, nos unimos a uma ONG chamada Centro de Formação Educativo Comunitário (CEFEC) e criamos um curso de iniciação à marcenaria há 13 anos. Posteriormente, criamos outros dois cursos voltados ao setor: um de montador de móveis e outro de projetista de móveis”, explica Pereira.
Além das parcerias externas, o Grupo Officina também apostou no desenvolvimento interno dos colaboradores. “Criamos um programa de formação de estagiários que batizamos de Performe, e nossa Universidade Corporativa, a Universidade Officina (UNO), para garantir a capacitação contínua dos nossos profissionais”, acrescenta. Para fortalecer ainda mais a formação de profissionais e garantir um setor mais competitivo, algumas estratégias têm sido amplamente adotadas por empresas moveleira, tais como:
Cultura Organizacional e Retenção de Talentos
- Desenvolver uma cultura empresarial que valorize o crescimento interno, oferecendo benefícios além do salário, como planos de carreira estruturados e reconhecimento profissional.
- Estabelecer um ambiente de trabalho inclusivo e motivador, onde a criatividade e a inovação sejam estimuladas.
- Aplicar pesquisas de clima organizacional para entender as motivações dos funcionários e implementar melhorias na retenção de talentos.
Programas de Aprendizagem e Estágio
- Criar parcerias com escolas técnicas, universidades e centros de formação profissional para oferecer programas de estágio e aprendizagem focados na indústria moveleira.
- Estabelecer um programa de trainee para identificar talentos promissores e acelerar seu desenvolvimento dentro da empresa.
- Oferecer estágios remunerados e incentivos para jovens profissionais, tornando a área mais atraente.
Mapeamento de Competências e Planos de Desenvolvimento
- Implementar avaliações regulares para mapear competências técnicas e comportamentais dos funcionários.
- Criar trilhas de desenvolvimento individual, adaptando treinamentos conforme as necessidades de cada colaborador.
- Desenvolver um banco de talentos interno, identificando funcionários com potencial para cargos estratégicos e promovendo oportunidades de crescimento dentro da empresa.

A importância das competências técnicas e comportamentais
O setor moveleiro exige dos seus profissionais tanto habilidades técnicas quanto comportamentais. Segundo Pereira, é essencial que o desenvolvimento dessas competências comece ainda nos processos de recrutamento, seleção e integração. “Quando o trabalhador desenvolve competências técnicas, ele se qualifica para contribuir com a inovação dentro da indústria, pois adquire domínio sobre a atividade desempenhada. Assim, ele enxerga os gargalos e as possíveis soluções e oportunidades de melhorias incrementais”, explica o executivo.
No entanto, o conhecimento técnico por si só não basta. Pereira destaca que as competências comportamentais são determinantes para o sucesso de qualquer colaborador e empresa. “Atitude empreendedora, disciplina e organização são algumas habilidades que podem ser desenvolvidas e estimuladas por meio de alinhamento de expectativas, avaliação de desempenho, programa de desenvolvimento individual (PDI), política de consequências claras, mentorias e coaching”, pontua.
Tecnologias e metodologias de treinamento no setor
As novas tecnologias têm revolucionado a formação de profissionais no setor moveleiro. “Em nossa empresa, utilizamos aulas presenciais e online na nossa Universidade Corporativa, além de workshops e exercícios práticos em máquinas e equipamentos CNC”, afirma Pereira. Essa abordagem permite um aprendizado mais eficiente e adaptado às novas demandas do mercado, garantindo que os colaboradores se mantenham atualizados com as tendências tecnológicas do setor.
Desafios na formação e retenção de talentos
Atrair e reter talentos tem sido um dos maiores desafios para o setor moveleiro. “Um dos maiores desafios é tornar o setor atraente frente à concorrência com outras atividades, principalmente aquelas ligadas à tecnologia. As empresas cada vez mais estão sendo obrigadas a tornarem-se verdadeiras escolas de formação de mão de obra”, comenta Pereira. Além disso, oferecer benefícios competitivos e oportunidades de crescimento profissional tem se mostrado uma estratégia essencial para reduzir a alta rotatividade. “As empresas precisam ir além das exigências legais e ofertar benefícios adicionais para atrair e reter talentos”, conclui.
Os benefícios do investimento em talentos
O desenvolvimento de talentos gera benefícios tanto para os profissionais quanto para as empresas. Uma equipe qualificada e motivada resulta em maior eficiência operacional, redução de desperdícios e produtos de melhor qualidade. Além disso, colaboradores capacitados contribuem para um ambiente de trabalho mais dinâmico, com inovação contínua e maior competitividade no mercado. Investir na formação e retenção de talentos não é apenas uma estratégia para suprir a escassez de mão de obra qualificada, mas também uma maneira de fortalecer toda a cadeia produtiva moveleira, preparando-a para os desafios do futuro.