Nos últimos anos, o conceito de ambiente de trabalho passou por uma grande transformação. Com o crescimento do trabalho híbrido e remoto, as empresas buscam cada vez mais soluções que conciliem o design funcional e a flexibilidade, o que inclui a criação de espaços corporativos que não só maximizem a produtividade, mas também promovam bem-estar e colaboração, independentemente de onde os colaboradores estejam. Na matéria abaixo, você vai saber mais sobre as tendências para os espaços corporativos e, também, sobre os desafios que o novo contexto do trabalho trouxe ao mercado moveleiro.
O mundo corporativo tem vivido uma verdadeira transformação nos últimos anos, impulsionada pela necessidade de adaptação a novas formas de trabalho.
O modelo híbrido e remoto, que inicialmente surgiu como uma resposta à crise global de saúde, se consolidou como uma tendência que veio para ficar.
Com isso, as empresas têm buscado criar espaços que atendam às necessidades de um cenário de trabalho mais flexível e dinâmico.
Esse movimento, por sua vez, além de refletir uma mudança na cultura organizacional, redefine o conceito de escritório, que, agora, deve ser pensado como um ambiente multifuncional e adaptável.
Design de interiores
Dentro desse novo contexto, o design de interiores para espaços corporativos assume um papel fundamental. É preciso pensar em ambientes que não somente sejam visualmente agradáveis, mas que também proporcionem conforto, funcionalidade e eficiência para quem trabalha tanto no escritório quanto em casa.
Isso inclui, por exemplo, a incorporação de móveis ergonômicos, áreas de colaboração versáteis e o uso inteligente da tecnologia para conectar equipes dispersas geograficamente.
Elementos como iluminação, acústica e organização espacial também devem ser repensados para atender a um novo tipo de profissional, que valoriza o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e a flexibilidade para escolher onde e como trabalhar.
Sustentabilidade e bem-estar
Ao mesmo tempo, a sustentabilidade e o bem-estar dos colaboradores ganham protagonismo nesse cenário de mudanças. O design funcional, com isso, passa a ir além da estética e da praticidade, buscando criar espaços que promovam a saúde física e mental.
Nesta matéria, que irá lhe apresentar as principais tendências para os espaços corporativos e os desafios que as transformações trazem ao mercado moveleiro, você vai conferir:
- Quais são as principais tendências de design que favorecem a funcionalidade?
- Como o design pode ajudar a criar ambientes de trabalho presencial e remoto?
- Quais materiais e móveis são indicados para promover flexibilidade e adaptação?
- Como a ergonomia e o bem-estar dos funcionários influenciam o design funcional?
- Quais são os desafios e oportunidades na adaptação dos escritórios tradicionais?
Quais são as principais tendências do design funcional que favorecem os espaços corporativos híbridos?
As principais tendências de design funcional para espaços corporativos híbridos giram em torno da flexibilidade e da multifuncionalidade.
Ergonomia sensorial
De acordo com Katalin Stammer, que é arquiteta e designer, a ergonomia sensorial é um dos pontos de destaque.
“Esse trabalho consiste em uma pesquisa que temos feito e aprofundado, na qual os projetos, agora, têm que contemplar mais do que simplesmente medidas fisiológicas confortáveis. Na linha que seguimos, o projeto tem que trazer toda uma medida emocional e que ofereça, assim, visões ideológicas para os seus usuário”, explica.
A arquiteta aponta, ainda, que as pessoas querem estar inseridas em ambientes que conversem consigo em aspectos mais amplos do que simplesmente ser um ambiente confortável na ergonomia fisiológica ou só no tamanho do mobiliário, por exemplo.
“Precisamos que o design consiga alcançar uma tendência mais completa e mais abrangente desse universo sensorial. Nesse sentido, podemos dizer que o corpo percebe e que acaba tendo um envolvimento emocional com o local também.”
Design funcional: mobiliário modular e adaptável
Outra abordagem relevante, nesse contexto, é o uso de mobiliário modular e adaptável, que permite reorganizar o layout do escritório conforme necessário.
Mesas dobráveis, divisórias móveis e estações de trabalho ajustáveis facilitam a criação de diferentes configurações, desde áreas colaborativas até espaços mais reservados para atividades que exigem concentração.
Essa adaptabilidade é essencial para atender a um fluxo de pessoas que varia ao longo da semana e para suportar múltiplas formas de trabalho, como reuniões presenciais, videoconferências ou momentos de foco individual.
Incentivo à produtividade e à criatividade
A consultora industrial Claudia Lens acrescenta, também, que o design funcional deve ser planejado para incentivar a produtividade e a criatividade dos profissionais, que defende a criação de ambientes mais acolhedores e confortáveis que possam ser usados tanto para atividades individuais quanto para atividades em grupo.
“Em espaços híbridos, estimular a motivação e o engajamento tem se tornado uma tendência cada vez mais presente, com foco na consciência e no impacto que o ambiente pode ter na produtividade e no bem-estar dos colaboradores. Isso vai além do design dos móveis e da decoração, já que estamos falando em provocar experiência, sentimento de união e integração”, destaca.
Design biofílico
Além disso, o design biofílico tem se destacado como uma forte tendência que favorece tanto a saúde quanto a criatividade dos colaboradores.
Incorporar elementos naturais, como plantas, luz natural, fontes de água e materiais orgânicos, não apenas melhora a qualidade do ar e a acústica dos ambientes, mas também reduz o estresse e aumenta a satisfação no trabalho.
Zonas de rejuvenescimento no design funcional
A criação de “zonas de rejuvenescimento” com áreas verdes e espaços de descompressão estimula pausas regenerativas e reforça a conexão dos colaboradores com o ambiente ao seu redor, contribuindo para um ambiente de trabalho mais agradável e produtivo.
Como o design de interiores pode ajudar a criar ambientes que atendam tanto ao trabalho presencial quanto ao remoto?
O design de interiores tem o poder de criar ambientes que suportem perfeitamente tanto o trabalho presencial quanto o remoto, integrando tecnologia e ergonomia de maneira fluida.
“O projeto de design se torna cada vez mais interessante pelo aspecto de criar um ambiente que se adequa a muitas situações. E isso serve muito nessa questão de ambientes híbridos, nos quais é importante vislumbrarmos ambientes que sejam possíveis de adaptação”, aponta Stammer.
Lens complementa a visão da arquiteta, apontando que o design de interiores deve ser capaz de promover ambientes mais aconchegantes, que cumpram suas funções, pensando sempre na personalização e na adequação do espaço à necessidade do usuário.
Conectividade e colaboração digital
Em um cenário onde os colaboradores dividem seu tempo entre a casa e o escritório, é importante que o espaço corporativo ofereça infraestrutura que favoreça a conectividade e a colaboração digital.
Isso inclui, por exemplo, o uso de tecnologias avançadas, como sistemas de videoconferência de alta qualidade, áreas com acústica projetada para reuniões virtuais e equipamentos de fácil acesso que possibilitam a integração com ferramentas de trabalho remoto.
Dessa forma, o escritório se torna um hub de conexão, onde o presencial e o digital coexistem de maneira harmoniosa.
Design funcional: conforto e personalização do trabalho remoto
Além das tecnologias, o design de interiores também pode criar ambientes que ofereçam uma experiência de trabalho que simula o conforto e a personalização do trabalho remoto.
Áreas de trabalho individuais mais tranquilas, com móveis confortáveis e iluminação ajustável, permitem que os colaboradores tenham a sensação de estarem em um espaço personalizado e adaptado às suas necessidades, semelhante ao que possuem em casa.
Ao mesmo tempo, áreas de convivência, como lounges e cafés, promovem o networking e a troca de ideias que muitas vezes são limitados no trabalho remoto.
“É importante analisar o espaço disponível e as atividades essenciais que deverão ser desenvolvidas, além da iluminação, da acústica e da ventilação, que são pontos fundamentais para espaços flexíveis e que podem interferir diretamente no resultado do trabalho dos funcionários”, pontua a consultora industrial.
Ao balancear essas duas frentes, é possível afirmar que o design de interiores torna o ambiente corporativo mais atraente, valorizando o retorno ao escritório sem perder os benefícios do trabalho remoto.
Quais materiais e móveis são mais indicados para promover flexibilidade e adaptação em espaços de trabalhos híbridos?
Para promover flexibilidade e adaptação em espaços de trabalho híbridos, a escolha dos materiais e móveis é crucial.
Móveis modular e multifuncionais no design funcional
Nesse sentido, a arquiteta defende que móveis modulares e multifuncionais são recomendados, pois permitem reconfigurações rápidas e fáceis de acordo com as necessidades do momento.
“Quando compramos uma cadeira de escritório, por exemplo, há a possibilidade de fazer todas as adaptações necessárias. Porém, quando falamos de móveis, como uma estante, nem sempre temos a opção de adaptá-los a vários usos e essa adaptabilidade das funções é muito importante”, complementa Stammer.
Mesas ajustáveis em altura, por exemplo, oferecem a possibilidade de alternar entre posições de trabalho sentado e em pé, proporcionando mais conforto e saúde ergonômica aos colaboradores.
Sofás modulares e poltronas leves, que podem ser rearranjados para formar áreas de colaboração ou de descanso, também são ideais para esses ambientes. Essa versatilidade, além de otimizar o uso do espaço, incentiva uma cultura de trabalho mais dinâmica e colaborativa.
“Os móveis, no geral, devem atender à necessidade da atividade, que pode ter pontos bem específicos e, ao mesmo tempo, se harmonizar com o ritmo do dia a dia, gavetas, portas, divisões, são importantes para manter a organização durante ou depois das atividades”, explica a consultora industrial.
Durabilidade e sustentabilidade como focos
Quanto aos materiais, a arquiteta ressalta que o foco está na durabilidade, na sustentabilidade e no conforto. “Tecidos de alta qualidade e fáceis de limpar, como poliéster reciclado e couro sintético, são ideais para estofados, pois combinam estética e funcionalidade.”
Nesse sentido, Lens ressalta que trabalho híbrido ficou mais evidente com a crise sanitária vivida durante a pandemia e, por isso, uma das premissas para os espaços corporativos é utilizar materiais de fácil limpeza e manutenção.
“Além disso, podemos dizer que o uso de padrões mais neutros e flexíveis, a monocromia ou a sua combinação com madeirados ou padrões que remetem à pedras podem ser uma boa pedida.”
Pisos e paredes
Para o revestimento de pisos e paredes, materiais como madeira certificada, bambu e vinil reciclado são populares por sua resistência e apelo ambiental.
Ademais, o uso de painéis acústicos feitos de fibras recicladas ou lã de rocha pode ajudar a controlar o ruído em ambientes abertos, melhorando a concentração e o bem-estar dos colaboradores.
Como a ergonomia e o bem-estar dos colaboradores influenciam o design de espaços corporativos modernos?
Conforme destaca Lens, a ergonomia e o bem-estar dos colaboradores são pilares importantes no design de espaços corporativos modernos, uma vez que impactam diretamente na saúde, produtividade e satisfação dos funcionários.
“Principalmente em trabalhos que exigem muito tempo em uma mesma posição ou que se tem pouca mobilidade, é fundamental pensar de forma ergonômica, já que o bem-estar, o conforto, a segurança e a qualidade estão diretamente ligados à produtividade dos funcionários”, pondera.
Móveis ergonômicos, como cadeiras com apoio lombar ajustável, mesas com altura regulável e teclados e mouses ergonômicos, são indispensáveis para reduzir o risco de lesões por esforços repetitivos e desconfortos musculares.
Além de evitar problemas de saúde, conforme aponta a arquiteta, esses elementos ajudam a criar um ambiente de trabalho mais confortável e adaptável às necessidades individuais, promovendo um aumento na concentração e na eficiência das equipes.
Design funcional: iluminação, ventilação e qualidade do ar
Além do mobiliário, o design de interiores deve considerar outros fatores que afetam o bem-estar, como iluminação, ventilação e qualidade do ar.
A iluminação natural é especialmente valorizada, pois está associada à melhoria do humor, à redução da fadiga ocular e ao aumento da produtividade.
Quando a luz natural não é suficiente, a iluminação artificial deve ser ajustável, com níveis de intensidade que se adaptem às diferentes atividades.
Ademais, ambientes bem ventilados e com plantas naturais favorecem o bem-estar, reduzindo níveis de estresse e aumentando a satisfação dos colaboradores.
“No geral, o design ergonômico deve colaborar para melhorar a postura, prevenir lesões musculoesqueléticas e criar espaços que se adaptam às necessidades individuais dos colaboradores”, pontua a consultora industrial.
Quais são os desafios e oportunidades na adaptação de escritórios tradicionais às novas demandas do trabalho híbrido?
A adaptação de escritórios tradicionais às novas demandas do trabalho híbrido apresenta desafios significativos, começando pela necessidade de repensar layouts que historicamente foram projetados para um modelo de trabalho fixo e centralizado.
Transformação de espaços rígidos
Um dos principais desafios, nesse sentido, é a transformação de espaços rígidos e hierarquizados em ambientes mais abertos e colaborativos, sem perder a funcionalidade e o conforto.
Isso, muitas vezes, requer reformas estruturais, como a remoção de paredes e divisórias, além da modernização de infraestruturas tecnológicas para suportar uma maior conectividade.
“O trabalho remoto, muitas vezes, pode deixar os empresários inseguros por conta da sensação de falta de controle. Nesse aspecto, ter um ambiente bem organizado pode fazer toda a diferença, porque interfere na produtividade e na qualidade do trabalho”, indica Stammer.
Gestão do uso dos espaços no design funcional
Outro desafio é a gestão do uso dos espaços, já que o fluxo de pessoas no escritório varia conforme as políticas de trabalho híbrido e as preferências dos colaboradores, exigindo um planejamento eficiente para evitar áreas subutilizadas ou superlotadas.
Por outro lado, essa transição também oferece várias oportunidades para empresas que estão dispostas a inovar.
Desafios internos
Além disso, Lens destaca que as empresas enfrentam desafios internos, como a necessidade de implementar novas tecnologias e ferramentas de trabalho, a gestão de equipes híbridas, a manutenção da cultura organizacional e a resistência de líderes e gestores.
Nesse contexto, ao adaptar seus espaços às novas realidades do trabalho híbrido, as organizações têm a chance de criar ambientes que refletem uma cultura de flexibilidade e inclusão.
“Espaços adaptáveis que permitem diferentes estilos de trabalho – desde áreas silenciosas para concentração até zonas de colaboração criativa – podem atrair talentos e aumentar a retenção de funcionários, pois atendem às expectativas de um ambiente de trabalho moderno e estimulante”, complementa a arquiteta.
Práticas sustentáveis e soluções tecnológicas
Além disso, essa adaptação pode ser uma oportunidade para as empresas adotarem práticas sustentáveis e soluções tecnológicas avançadas, melhorando não apenas a funcionalidade do espaço, mas também promovendo uma imagem de inovação e responsabilidade social no mercado.
Surgimento de oportunidades com o design funcional
Conforme ressalta a consultora industrial, ao mesmo tempo em que existem obstáculos, é importante pontuar que, com essa nova realidade, surgiram oportunidades, como a redução da rotatividade, o aumento da produtividade, a diminuição do estresse associado ao trânsito, a redução dos custos relacionados ao transporte público, a contribuição para um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado.
“O grande desafio, portanto, consiste em buscar o equilíbrio entre o formato tradicional e as novas práticas de trabalho”, finaliza.