Design thinking no desenvolvimento de produtos: benefícios, desafios e impacto no setor industrial

Design thinking no desenvolvimento de produtos: benefícios, desafios e impacto no setor industrial

Num cenário de consumo acelerado, personalização em alta e transformações tecnológicas contínuas, desenvolver um produto não é mais apenas uma questão de forma e função. A indústria, pressionada por demandas cada vez mais complexas, busca metodologias que promovam inovação de maneira estruturada. É nesse contexto que o design thinking se fortalece como uma abordagem estratégica e humana para o desenvolvimento de soluções centradas no usuário. Empresas dos mais variados setores, inclusive os mais tradicionais como o moveleiro, começam a adotar essa mentalidade como parte fundamental de seu planejamento.

O design thinking, mais do que um processo, é uma mudança de cultura dentro das organizações. Ele propõe colaboração multidisciplinar, escuta ativa e experimentação constante, o que resulta em produtos mais aderentes às necessidades reais dos consumidores. Em mercados historicamente compartimentados, como o de móveis, a aplicação dessa abordagem pode ser a chave para romper silos internos, alinhar times diversos e construir propostas de valor mais consistentes. Mas essa transição não é simples: envolve desafios culturais, técnicos e operacionais que precisam ser superados com visão estratégica.

Nesta matéria, você vai entender o que é o design thinking e como ele está revolucionando o desenvolvimento de produtos. Vai descobrir se essa é apenas uma tendência passageira ou uma mudança estrutural no setor produtivo. Exploraremos os principais benefícios e obstáculos dessa metodologia, com base em dados recentes, além de saber como as empresas podem implementá-la de forma eficaz. Ainda mais:

  1. O que é design thinking e como ele se aplica ao desenvolvimento de produtos?
  2. Essa abordagem é uma tendência ou uma mudança definitiva no setor?
  3. Quais são os principais benefícios para as empresas que a adotam?
  4. Quais desafios impedem sua aplicação plena, especialmente em setores tradicionais?
  5. Como implementar o design thinking de forma estratégica e alinhada ao negócio?

O que é design thinking e por que está ganhando espaço nas empresas

Design thinking é uma abordagem de solução de problemas que coloca o ser humano no centro do processo. Originado na área de design, ganhou força no mundo dos negócios pela sua capacidade de estimular inovação, empatia e colaboração. Segundo a IDEO, consultoria norte-americana que popularizou o conceito, o design thinking envolve cinco etapas: empatia, definição do problema, ideação, prototipagem e teste. Cada uma delas ajuda as equipes a entender profundamente o usuário antes de criar soluções.

A aplicação vai muito além de produtos físicos. No relatório de tendências da McKinsey & Company (2023), foi destacado que empresas que investem em design estratégico têm desempenho financeiro 32% superior em relação às concorrentes. Isso ocorre porque o design thinking não é apenas uma ferramenta criativa, mas sim uma metodologia que conecta inovação, experiência do usuário e propósito organizacional, resultando em soluções mais eficazes e sustentáveis.

Design estratégico no setor moveleiro: o impacto de uma nova mentalidade

Para Katalin Stammer, diretora da Escola Curitibana de Design, a abordagem é especialmente valiosa em setores como o moveleiro, onde o design precisa dialogar com a estratégia de negócios. “O design thinking é uma grande ferramenta para os negócios. No setor moveleiro, mais ainda, porque você une o design do produto com a comunicação com o público. É algo necessário e que deve estar no planejamento estratégico das empresas”, afirma.

Nesse mercado, onde tradição e repetição de modelos são comuns, o design thinking oferece um caminho para o reposicionamento. Em vez de lançar produtos baseados apenas em tendências de mercado, as empresas podem identificar dores reais do consumidor e criar soluções sob medida. “Desenhar estrategicamente como tudo isso vai se colocar para o mercado é romper com a mentalidade tradicional”, explica Katalin, ao defender a integração entre setores como design, logística, financeiro e RH desde o início do processo criativo.

Como as soluções podem atender às novas demandas do trabalho híbrido e remoto?
Katalin Stammer, arquiteta e diretora da Escola Curitibana de Design, destaca que o design estratégico começa no processo criativo e conecta todas as áreas da empresa.

O design thinking como tendência ou transformação definitiva?

Embora tenha ganhado visibilidade recentemente, o design thinking está longe de ser uma novidade. No entanto, sua consolidação em setores industriais ainda está em curso. De acordo com a pesquisa “State of Design 2023” da InVision, 92% das empresas que aplicaram a abordagem relatam maior eficiência no desenvolvimento de produtos. Isso reforça a ideia de que mais do que uma tendência, trata-se de uma mudança profunda na forma como as empresas inovam.

O movimento também é endossado por gigantes da tecnologia, como Google, IBM e Apple, que incorporaram o design thinking às suas metodologias ágeis. No Brasil, empresas como Natura e Magazine Luiza têm investido na formação de times com foco em empatia e experimentação. Em mercados industriais, o desafio é maior, mas os ganhos são igualmente expressivos, tanto em diferenciação quanto em redução de desperdícios e retrabalho.

Desafios para aplicar o design thinking: da resistência cultural à limitação orçamentária

Apesar de seus benefícios, aplicar o design thinking exige superar uma série de obstáculos. O maior deles é, sem dúvida, o cultural. “A dificuldade está em romper com a mentalidade tradicional, em que cada setor trabalha isoladamente. O design thinking integra tudo de forma mais orgânica”, destaca Katalin. A sensibilização das equipes, segundo ela, é fundamental para que a metodologia funcione.

Outro ponto de atenção são os limites técnicos e orçamentários. Em muitos casos, as ideias surgem com base em escuta ativa e empatia, mas esbarram em restrições de produção. O equilíbrio está em simplificar os processos e valorizar a criatividade brasileira. “A ideia simples, que muitas vezes o mercado lá fora não faz, pode ser nosso diferencial. O segredo está em olhar para o design de forma fluida, sem perder a estética e a ergonomia sensorial”, pontua Katalin.

Como adotar o design thinking de forma efetiva nas organizações

A aplicação eficaz do design thinking depende de planejamento, formação de equipes e apoio da liderança. O primeiro passo é capacitar os times em escuta ativa, prototipagem e testes rápidos. Isso pode ser feito com treinamentos internos ou consultorias especializadas. O segundo passo é garantir que a metodologia seja aplicada desde a concepção até a entrega final do produto, respeitando as especificidades de cada setor.

A equipe de design, segundo Katalin, tem papel fundamental. “Ela deve ter a visão mais ampla, porque é a partir dela que surgem os diferenciais que se consolidam em todas as outras áreas”, reforça. A integração com áreas como marketing, logística e financeiro precisa ser estimulada desde o início. O design thinking, quando bem aplicado, se torna mais que uma técnica: transforma-se em cultura organizacional.

Inovação orientada pelo usuário como vantagem competitiva

O design thinking se mostra, portanto, uma ferramenta essencial para empresas que desejam inovar com propósito. Mais do que criar produtos esteticamente agradáveis, trata-se de desenvolver soluções que resolvem problemas reais e geram valor tanto para o consumidor quanto para a marca. Setores mais tradicionais, como o moveleiro, podem encontrar na abordagem não apenas uma nova forma de criar, mas uma nova forma de pensar o próprio negócio.

Em um mundo onde inovação e sustentabilidade caminham juntas, o design thinking pode ser um catalisador de transformação. Ao unir escuta, empatia e estratégia, as empresas não apenas desenvolvem produtos melhores, mas também constroem relações mais sólidas com seus públicos. E isso, sem dúvida, é um dos caminhos mais seguros para um futuro de crescimento sustentável.

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