O ambiente de trabalho moderno tem evoluído rapidamente, com um aumento significativo no uso de tecnologias e na adaptação de novos formatos laborais, como o home office. No entanto, o que muitas empresas ainda negligenciam é a importância de manter a ergonomia e padrões adequados, fator crucial para o bem-estar dos colaboradores e para a produtividade a longo prazo.
Nesta matéria, abordamos os desafios e benefícios de se atender os padrões no ambiente de trabalho, trazendo também a opinião de especialistas na área, e ainda mais:
- Qual é a importância de atender a padrões ergonômicos no ambiente de trabalho?
- Afinal, quais os principais desafios que as empresas enfrentam para implementar ergonomia?
- Atualmente, como a falta de ergonomia afeta a saúde dos trabalhadores?
- Quais são os benefícios da ergonomia para empresas e colaboradores?
O impacto da ergonomia na saúde do trabalhador
A ergonomia, ciência que estuda a relação entre o ser humano e seu ambiente de trabalho, é essencial para prevenir lesões e melhorar o conforto dos profissionais. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), distúrbios musculoesqueléticos (DME), como dores nas costas e lesões nos punhos, são responsáveis por uma parcela significativa de afastamentos do trabalho. A ausência de um mobiliário adequado, a má postura e a sobrecarga repetitiva de atividades são fatores determinantes para o surgimento desses problemas.
Segundo o American Journal of Industrial Medicine, a implementação de um programa ergonômico abrangente pode reduzir em até 67% as lesões relacionadas ao trabalho, como LER/DORT, além de diminuir o tempo de afastamento dos colaboradores e os custos associados a essas lesões. Porém, a falta de ergonomia não só afeta a saúde física dos colaboradores, mas também sua saúde mental. Quando um funcionário trabalha em condições inadequadas, a produtividade cai e o risco de estresse aumenta.
Os desafios para a implementação da ergonomia no ambiente corporativo
Implementar padrões ergonômicos nas empresas, no entanto, não é uma tarefa simples. Além do custo de adaptação de mobiliário, como cadeiras ajustáveis, mesas com regulagem de altura e suportes para monitores. Há uma resistência cultural entre muitos gestores, que veem essas mudanças como despesas desnecessárias.
Segundo Marcos Boch, consultor moveleiro, as pequenas e microempresas, especialmente no setor moveleiro, priorizam investimentos em gestão, mercado, layout e equipamentos, deixando a ergonomia em segundo plano. Ele ressalta, entretanto, que “as áreas comerciais e de recursos humanos já estão começando a implementar melhorias, como ambientes bem iluminados, climatizados e com mobiliário flexível”.
Outro desafio importante é a falta de educação ergonômica. Muitos trabalhadores desconhecem a maneira correta de ajustar seus equipamentos ou manter a postura ideal ao longo do dia. Boch sugere que “investir em treinamentos periódicos e programas de conscientização pode ser uma solução para que as empresas tenham ambientes mais saudáveis e produtivos”.
Impactos do home office na ergonomia
Com a pandemia, o home office se tornou uma realidade para muitos trabalhadores. No entanto, a adaptação para essa nova modalidade trouxe desafios ergonômicos significativos. Boch observa que “o home office tem causado um aumento nas lesões por esforços repetitivos (LER). Além disso, nas doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), devido à falta de um ambiente ergonômico adequado”.
Ele explica que “nem todos os profissionais conseguiram adaptar suas casas para oferecer condições ergonômicas ideais”. Isso levou muitos trabalhadores a adotarem posturas inadequadas, trabalhando em locais não apropriados, o que agravou os problemas de saúde relacionados à ergonomia. Diego Luft, instrutor técnico do SESI/PR, reforça essa preocupação, apontando que “o home office pode ser visto tanto como um benefício concedido pelo empregador quanto como uma estratégia organizacional, mas, em ambos os casos, esse regime de trabalho deve ser tratado com bastante cuidado, especialmente no que diz respeito à segurança e à saúde do trabalhador”.
Luft ainda destaca que “o home office equipara-se ao trabalho presencial no que diz respeito às responsabilidades do empregador de fornecer condições seguras e adequadas. No entanto, garantir que o trabalhador utilize corretamente os recursos oferecidos pela empresa é um grande desafio, já que o lar é considerado inviolável, dificultando a verificação das condições em que o funcionário realiza suas atividades”.
Benefícios da ergonomia para empresas e colaboradores
Quando bem implementada, a ergonomia oferece uma série de benefícios. As empresas, além de reduzir custos com afastamentos e indenizações, observam maior engajamento dos colaboradores. Empresas que priorizam a saúde dos profissionais criam ambientes de trabalho mais sustentáveis e humanos. Diego reforça que “para melhorias significativas na ergonomia e no bem-estar dos colaboradores, é essencial investir em análise dos postos de trabalho, adaptação de mobiliários, ginástica laboral, rodízio de funções e treinamentos”.
É importante que as organizações vejam a ergonomia como um investimento no futuro do trabalho. Essa mudança requer o esforço conjunto de líderes, colaboradores e especialistas. Ainda de acordo com Luft, essas ações “resultam em maior produtividade, qualidade e redução de afastamentos.”
Em síntese, a ergonomia é crucial para garantir bem-estar no ambiente de trabalho. Com conscientização, educação e apoio de líderes, é possível transformar o ambiente laboral em um espaço mais saudável e produtivo, beneficiando empresas e colaboradores.