Financiamentos e inovação no Setor Moveleiro: fontes de financiamento e estratégias para investir

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O setor moveleiro no Brasil, reconhecido por sua tradição e relevância econômica, enfrenta a crescente necessidade de inovar para se manter competitivo em um mercado globalizado e dinâmico. A inovação, vista como um motor essencial para o desenvolvimento sustentável e para a criação de valor, depende não apenas da criatividade e capacidade de adaptação das empresas, mas também de acesso a fontes de financiamento que possibilitem o investimento em novos processos, produtos e tecnologias. Contudo, essa busca por recursos enfrenta uma série de desafios que vão desde o desconhecimento das opções disponíveis até a complexidade dos processos de obtenção desses financiamentos.

Nesta reportagem, você vai entender um pouco mais sobre o cenário que o setor moveleiro está inovando, a opinião de especialistas, e ainda mais:

  • Quais são as principais fontes de financiamento disponíveis para inovação no setor moveleiro?
  • Atualmente, como as empresas do setor moveleiro podem superar os desafios culturais e burocráticos para acessar financiamento para inovação?
  • De que forma o financiamento de inovação pode impactar a competitividade e sustentabilidade das empresas moveleiras?
  • Afinal, quais são os benefícios da inovação para a participação das empresas moveleiras no mercado internacional?

A importância das fontes de financiamento no Setor Moveleiro

José Lopes Aquino, presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (SIMA) e da empresa Colibri Móveis, sublinha a importância do acesso a fontes de financiamento. De acordo com ele, o governo federal e estadual oferecem uma gama de possibilidades através de bancos de fomento e instituições de pesquisa e desenvolvimento. “Bancos como Fomento Paraná, BRDE, BNDES, além de instituições como Embrapii, Finep e Sebrae, oferecem linhas de crédito específicas para inovação. Muitas vezes, linhas com condições favoráveis, incluindo opções não reembolsáveis para projetos que tragam resultados concretos para o país”, afirma Aquino.

José Lopes Aquino, presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (SIMA) e da empresa Colibri Móveis
Para José Lopes Aquino, um dos maiores obstáculos é o próprio desconhecimento das empresas sobre as fontes. Além disso, dificuldade em formular projetos que atendam aos critérios exigidos pelos editais.

Outras fontes de financiamentos e incentivos fiscais

Claudia Lens, Secretária de Desenvolvimento Inovação Trabalho e Renda de Arapongas e sócia-diretora da Lens Química, reforça a visão de Aquino e acrescenta que, além dos financiamentos públicos, há diversas outras fontes que podem ser exploradas pelas empresas do setor moveleiro. Entre essas, estão os incentivos fiscais. A Lei do Bem (Lei 11.196/05) é um exemplo, que oferece deduções fiscais para empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica. “A Lei do Bem permite que empresas deduzam do imposto de renda parte dos gastos com atividades de PD&I. Isso inclui a aquisição de bens para pesquisa e contratação de pesquisadores,” explica Lens. Além disso, a Lei da Inovação (Lei 10.973/04) estimula a pesquisa em empresas. Ela facilita parcerias com instituições científicas e tecnológicas para o desenvolvimento de produtos e processos inovadores.

Além das leis de incentivo, Claudia menciona outras opções de financiamento. O capital de risco, fundos de investimento dedicados à inovação, aceleradoras, incubadoras e investidores-anjo. “Esses mecanismos são fundamentais para empresas que estão em estágio inicial ou em rápido crescimento. Isso permite que captem recursos financeiros em troca de participação acionária,” afirma. Ela também destaca o papel do crowdfunding. Uma ferramenta recente de financiamento coletivo que tem ganhado espaço como alternativa para captar recursos de um público mais amplo, interessado em apoiar projetos inovadores.

O impacto dos Financiamentos na Competitividade e Sustentabilidade

Para além dos desafios burocráticos, Aquino destaca outro obstáculo crítico: a cultura organizacional. “Muitas empresas do setor moveleiro não têm uma cultura que favoreça a inovação, o que dificulta a implementação de projetos inovadores,” diz. A inovação, segundo ele, deve estar no DNA da empresa, sendo incorporada como um valor central que permeia todos os níveis da organização. No entanto, mudar essa cultura é um processo complexo e demanda tempo, investimento em treinamento e, principalmente, um comprometimento das lideranças.

Em termos de impacto, o financiamento para inovação pode ser transformador para as empresas moveleiras, tanto em termos de competitividade quanto de sustentabilidade. A inovação não só melhora a eficiência operacional e a qualidade dos produtos. Também abre novas oportunidades de mercado, permitindo que as empresas se destaquem em um cenário global.

Claudia Lens
Para Claudia Lens, as empresas que inovam têm maior capacidade de adaptação e resiliência. Esses são fatores essenciais para manter a competitividade em um mercado cada vez mais volátil e exigente.

Pesquisas recentes apontam que o setor moveleiro brasileiro tem um potencial significativo de crescimento através da inovação. Um estudo da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (ABIMÓVEL) revela que, entre as empresas que investem em inovação, 60% conseguiram aumentar sua participação no mercado internacional. Além disso, dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) indicam que o volume de crédito destinado à inovação no setor moveleiro cresceu 15% nos últimos cinco anos. Isso evidencia um movimento positivo na busca por modernização e competitividade.

Inovação Sustentável: Um Caminho para o Futuro do Setor Moveleiro

A sustentabilidade também é um aspecto fundamental na discussão sobre inovação no setor moveleiro. A adoção de práticas sustentáveis, impulsionada por investimentos em inovação, não só atende a demandas regulatórias e de consumidores cada vez mais conscientes, mas também pode gerar economias significativas em termos de consumo de recursos e redução de resíduos. Jose destaca que “muitas das melhorias implementadas no dia a dia das empresas podem ser vistas como inovação sustentável. Isso serve como potencial para acessar recursos financeiros específicos que impactam positivamente o fluxo de caixa.”

O caminho para a inovação no setor moveleiro brasileiro passa, inevitavelmente, pelo acesso a fontes de financiamento adequadas. No entanto, para que esse processo seja bem-sucedido, é necessário superar desafios culturais e burocráticos. Além disso, desenvolver uma visão estratégica de longo prazo que incorpore a inovação como um pilar central da competitividade. Somente assim as empresas do setor poderão se destacar em um mercado global cada vez mais competitivo e dinâmico, garantindo seu crescimento e sustentabilidade.

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