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Guerra econômica Estados Unidos-China: navegando nas complexidades e oportunidades para o setor moveleiro

Guerra econômica Estados Unidos-China: navegando nas complexidades e oportunidades para o setor moveleiro

A guerra econômica entre Estados Unidos e China tem remodelado o cenário do comércio global, impactando diretamente cadeias produtivas em diversos setores, o que inclui o moveleiro. Em meio a tarifas, restrições e reposicionamentos, os gestores da indústria de móveis enfrentam o desafio de adaptar suas operações e, ao mesmo tempo, enxergar oportunidades em um ambiente cada vez mais volátil. Marcelo Prado, diretor do Iemi – Inteligência de Mercado, fala sobre o tema em entrevista exclusiva ao Vitrine Setor Moveleiro e destaca pontos importantes para os gestores da área

A intensificação da disputa econômica entre Estados Unidos e China tem desenhado um novo mapa de desafios e oportunidades para diversos segmentos da economia global, e o setor moveleiro está entre os diretamente impactados. 

Para compreender melhor esse cenário, o quadro Vitrine Setor Moveleiro, do canal da Plataforma Setor Moveleiro no YouTube, recebeu Marcelo Prado, diretor do Iemi – Inteligência de Mercado, que, por meio de uma entrevista exclusiva, destaca quais são os caminhos diante das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Guerra econômica Estados Unidos-China: navegando nas complexidades e oportunidades para o setor moveleiro
Marcelo Prado, diretor do Iemi – Inteligência de Mercado, destaca quais são os caminhos diante das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo

A ameaça da sobreoferta asiática no mercado brasileiro

Com o aumento das barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos à China, especialmente tarifas sobre móveis e outros bens manufaturados, os produtos chineses enfrentam dificuldades para manter sua presença no mercado estadunidense. 

De acordo com Prado, essa situação pode provocar um redirecionamento das exportações asiáticas para novos mercados, o que inclui o Brasil.

“Se, com o fechamento ou as restrições que estão sendo colocadas nas exportações asiáticas para os Estados Unidos, em especial a China, isso deverá gerar uma sobreoferta desses produtos no mercado, e eles vão buscar novos mercados. O Brasil é um alvo óbvio para qualquer exportador chinês, ou mesmo asiático, para recolocar esse produto”, explica.

Essa sobreoferta, muitas vezes subsidiada por políticas industriais dos países asiáticos, representa um risco para a indústria moveleira nacional, que pode sofrer com uma concorrência desleal, prejudicando margens de lucro e a sustentabilidade da produção local.

Embate Estados Unidos-China: navegando nas complexidades e oportunidades para o setor moveleiro
Essa sobreoferta, muitas vezes subsidiada por políticas industriais dos países asiáticos, representa um risco para a indústria moveleira nacional

A importância da negociação com fornecedores

Diante desse cenário, é importante que o setor moveleiro brasileiro atue de forma estratégica nas relações comerciais internacionais. 

Para o diretor do Iemi, é fundamental que os gestores adotem uma postura ativa e inteligente na negociação com fornecedores estrangeiros, de modo a evitar o enfraquecimento da indústria nacional.

“Temos que estar preparados para poder atuar de uma maneira inteligente na negociação com esses países fornecedores, para não colocar em risco a indústria nacional, porque ela pode deixar a prova ser substituída, em parte, pelas importações de outros países”, argumenta.

Além de posicionamento estratégico nas negociações, Prado destaca, ainda, que é necessário que o setor conte com políticas públicas que protejam a indústria local e estimulem a inovação, a diferenciação de produtos e o fortalecimento da marca brasileira no exterior.

“A articulação entre empresas, entidades de classe e o governo é fundamental para equilibrar a abertura comercial com a preservação da competitividade da indústria brasileira. Medidas como salvaguardas, incentivos à inovação e estímulo à exportação podem fazer a diferença.”

Guerra econômica Estados Unidos-China: navegando nas complexidades e oportunidades para o setor moveleiro
É fundamental que os gestores adotem uma postura ativa e inteligente na negociação com fornecedores estrangeiros, de modo a evitar o enfraquecimento da indústria nacional

Oportunidades na janela estadunidense

Apesar dos desafios, a guerra comercial entre os gigantes também abre uma brecha importante para os fabricantes brasileiros. 

O aumento das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos a produtos chineses, especialmente móveis de madeira, pode favorecer a entrada do Brasil nesse mercado competitivo. 

Nesse contexto, o diretor do Iemi pontua a diferença no volume de exportações para ilustrar o potencial ainda pouco explorado.

“Atualmente, a China exporta para o mercado estadunidense doze bilhões de dólares. Quarenta por cento desses doze bilhões, então, cinco bilhões, aproximadamente, são de móveis de madeira. O Brasil exporta só duzentos e sessenta milhões de dólares.”

Ou seja, mesmo diante das adversidades, há um oceano de oportunidades a ser explorado. Para isso, o setor moveleiro precisa investir em qualidade, design, logística e certificações que atendam às exigências internacionais, especialmente dos Estados Unidos.

Embate Estados Unidos-China: navegando nas complexidades e oportunidades para o setor moveleiro
O aumento das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos a produtos chineses, especialmente móveis de madeira, pode favorecer a entrada do Brasil nesse mercado

Fortalecimento da indústria nacional brasileira

Mais do que reagir às pressões externas, o setor moveleiro do Brasil tem a chance de se reposicionar globalmente, aproveitando a conjuntura internacional para ganhar terreno em mercados estratégicos. 

Essa postura, portanto, exige articulação entre empresas, entidades de classe e governo, além de investimentos contínuos em tecnologia, capacitação e sustentabilidade, elementos cada vez mais valorizados nas cadeias globais de valor.

A guerra econômica entre Estados Unidos e China é, sem dúvida, um campo minado para a indústria global. Mas para quem souber ler o cenário com atenção e se preparar estrategicamente, ela também pode representar um trampolim para o crescimento. 

O Brasil tem potencial para assumir um papel de destaque e, de acordo com Prado, basta que o segmento de móveis esteja disposto a agir com inteligência, visão de longo prazo e senso de oportunidade.

Mais do que reagir às pressões externas, o setor moveleiro do Brasil tem a chance de se reposicionar globalmente

A inteligência de mercado como diferencial para as empresas

Em tempos de instabilidade global, a capacidade de ler cenários e agir com agilidade se torna um diferencial competitivo para as empresas. 

Para além das reações pontuais às crises, o diretor do Iemi destaca que as organizações do setor moveleiro precisam investir em inteligência de mercado, monitorando indicadores internacionais, tendências de consumo e movimentos da concorrência.

A análise preditiva, por exemplo, pode ajudar os gestores a identificar oportunidades antes da concorrência, redirecionar esforços produtivos, ajustar portfólios e até mesmo explorar mercados alternativos, já que, nesse caso, estar bem-informado faz toda a diferença.

Essa postura proativa também passa pela diversificação de mercados e canais de distribuição, reduzindo a dependência de um único parceiro ou região. Assim, mesmo em um contexto de guerra comercial, é possível proteger os negócios e até encontrar caminhos de crescimento.

Embate Estados Unidos-China: navegando nas complexidades e oportunidades para o setor moveleiro
Em tempos de instabilidade global, a capacidade de ler cenários e agir com agilidade se torna um diferencial competitivo para as empresas

Considerações finais

As tensões entre Estados Unidos e China vão continuar a influenciar o comércio global por um bom tempo, e o setor moveleiro precisa estar atento a todos os desdobramentos. Com desafios e oportunidades à vista, a informação de qualidade se torna uma aliada importante.

Quer entender mais sobre os impactos dessa disputa para a indústria nacional e quais caminhos podem ser trilhados? Assista à entrevista completa com Marcelo Prado no quadro Vitrine Setor Moveleiro, disponível no canal da Plataforma Setor Moveleiro no YouTube!

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