Importação de móveis: o que o aumento em 2024 revela sobre o setor?

Importação de móvies

A importação de móveis no Brasil cresceram de forma significativa em 2024. Esse avanço reflete mudanças importantes no comportamento dos consumidores, que buscam cada vez mais por produtos diferenciados em design, qualidade e funcionalidade.

Essa alta também evidencia um cenário de diversificação do mercado moveleiro, com destaque para itens de escritório, cozinha e móveis plásticos. Com a China liderando como principal fornecedor, o movimento traz à tona questões sobre competitividade, dependência de importações e os desafios enfrentados pela indústria nacional para atender às novas demandas do público brasileiro.

Nesta matéria, exploraremos as razões desse aumento, os desafios para o setor nacional, e as oportunidades que surgem diante desse cenário. Além disso, discutiremos como a indústria pode se adequar às novas demandas do mercado global. Ainda mais:

  • O que impulsionou o aumento das importações de móveis em 2024?
  • Quais os principais benefícios e desafios dessa alta?
  • Esse crescimento é uma tendência ou algo pontual?
  • Como o Brasil pode se proteger da dependência de fornecedores estrangeiros atualmente?
  • Afinal, o que a indústria moveleira nacional pode fazer para competir melhor?
Importação de móvies
De acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, as importações brasileiras totalizaram US$ 25,1 bilhões em outubro de 2024, um aumento em relação aos US$ 23,4 bilhões de setembro.

Por que a importação de móveis cresceu em 2024?

Dados da fintech Vixtra apontam que o crescimento nas importações se deve, principalmente, à busca dos consumidores por produtos que aliam funcionalidade e design diferenciado. Móveis de escritório lideraram o aumento, com alta de 177%, seguidos pelos móveis de plástico (121%) e de cozinha (95%). A China se mantém como principal fornecedor, respondendo por 80% das importações brasileiras, seguida por Estados Unidos (9%) e Alemanha (4%).

Essa diversificação reflete mudanças comportamentais pós-pandemia, como o aumento do trabalho híbrido e maior valorização do tempo em casa. Móveis ergonômicos para escritórios e soluções práticas para cozinhas têm sido os protagonistas dessa nova realidade, segundo Leonardo Baltieri, co-CEO da Vixtra. “A globalização do comércio e o acesso facilitado ao e-commerce permitiram que consumidores brasileiros explorassem opções globais, ampliando a competitividade no setor”, explica.

Benefícios e desafios da importação de móveis: o impacto para o mercado nacional

Apesar das oportunidades, o aumento das importações pressiona a indústria moveleira brasileira. “A dependência de poucos fornecedores estrangeiros, como a China, pode tornar o mercado vulnerável a flutuações externas”, alerta Irineu Munhoz, presidente da ABIMÓVEL. Além disso, produtos importados, muitas vezes mais baratos, competem diretamente com os móveis nacionais de menor valor agregado.

Irineu Munhoz
De acordo com Irineu Munhoz, o aumento das importações é um alerta para a indústria nacional reforçar seus diferenciais,

Por outro lado, o Brasil possui vantagens competitivas. Dados apontam que o país produziu 287,1 milhões de peças de móveis e colchões entre janeiro e agosto de 2024, um avanço de 9,1% em relação a 2023. Isso reforça a força produtiva local, que continua sendo a maior da América Latina e a sexta maior do mundo.

Para se destacar, a indústria nacional deve explorar seus diferenciais, como design autoral, práticas sustentáveis e uso de materiais certificados. “É essencial investir em inovação e na criação de produtos que expressem a brasilidade, aliando funcionalidade e estética”, afirma Munhoz.

Fonte: SECEX. Elaboração: IEMI para ABIMÓVEL.

Tendência ou movimento pontual?

Especialistas acreditam que o crescimento das importações reflete uma tendência global de diversificação de consumo, mas alertam para possíveis limitações. A alta de 2024 está atrelada à reconfiguração dos ambientes de trabalho e à maior demanda por soluções personalizadas. No entanto, fatores como a volatilidade cambial e políticas comerciais podem afetar a continuidade desse movimento.

“Com o aumento da digitalização e a expansão do comércio eletrônico, a competitividade entre produtos nacionais e importados se intensifica. A indústria brasileira precisa se adaptar rapidamente para atender às expectativas dos consumidores”, analisa Baltieri.

Leonardo Baltieri
Para Leonardo Baltieri, o crescimento das importações de móveis em 2024 reflete uma tendência global de diversificação de consumo.

Como o Brasil pode minimizar a dependência de importações?

A concentração de fornecedores em países como a China representa um risco estratégico. Além da diversificação de mercados, é crucial investir em políticas públicas que apoiem a indústria moveleira nacional. Medidas como a redução da carga tributária, incentivos fiscais à inovação e o fortalecimento de normas técnicas são fundamentais para equilibrar a concorrência.

Programas como o Projeto de Normalização de Móveis, da ABIMÓVEL em parceria com a ABNT, buscam garantir padrões de qualidade e segurança para os produtos nacionais, fortalecendo a posição da indústria brasileira no mercado interno e externo.

Competitividade nacional: como atender às novas demandas

Os consumidores buscam móveis que vão além da funcionalidade, valorizando design, sustentabilidade e inovação. Para competir com produtos importados, a indústria brasileira deve explorar seu potencial criativo e cultural. Iniciativas como o Prêmio Design da Movelaria Nacional incentivam a criação de peças que traduzam a identidade brasileira, combinando características locais com tendências globais.

Outro ponto crucial é o investimento em práticas sustentáveis. O mercado global privilegia empresas que adotam processos ecologicamente responsáveis, como o uso de materiais de origem comprovada e redução de impactos ambientais. Esses diferenciais não apenas agregam valor aos produtos, mas também ampliam sua aceitação nos mercados internacionais.

A alta nas importações de móveis em 2024 é um reflexo das transformações no consumo e na produção global. Embora apresente desafios, também oferece oportunidades para que a indústria nacional se reinvente, fortalecendo sua posição no mercado. Para isso, será necessário um esforço conjunto entre empresas, governo e consumidores, criando um setor mais competitivo, diversificado e sustentável.

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