Otimizar a logística para o e-commerce: embalagem, frete e prazos para a indústria

Otimizando a logística para o e-commerce: embalagem, frete e prazos para a indústria

A guerra de preços no varejo digital tornou-se um dos maiores desafios para empresas que competem pela atenção do consumidor. No ambiente online, a comparação é instantânea e a pressão para oferecer preços mais baixos é constante. Nesse cenário, a otimizar a logística deixou de ser uma questão operacional para se tornar estratégia central na busca por competitividade. Entregar com eficiência, em prazos adequados e com custos controlados tornou-se tão decisivo quanto o preço do próprio produto.

De acordo com a Ebit|Nielsen (2023), o frete é fator determinante para 87% dos consumidores na decisão de compra online. Já a ABComm aponta que mais da metade dos carrinhos virtuais é abandonada quando o valor do frete é considerado alto. Esses números revelam que o debate sobre a guerra de preços vai além das políticas comerciais e precisa incluir a forma como a indústria organiza suas operações logísticas. O equilíbrio entre custo, prazo e qualidade passou a definir a experiência de consumo.

Nesta reportagem, serão analisados os principais obstáculos enfrentados pela indústria que atua no e-commerce, com foco em embalagem, frete e prazos de entrega. Além disso, analisaremos como tecnologia, inovação e modelos colaborativos estão transformando a logística em diferencial competitivo no mercado digital. Ainda mais:

  • Como equilibrar eficiência, sustentabilidade e percepção de valor na escolha das embalagens atualmente?
  • Afinal, de que forma a indústria pode reduzir custos logísticos sem comprometer a qualidade?
  • Como atender prazos curtos sem elevar custos e impactos ambientais?
  • Quais inovações tecnológicas devem transformar a logística nos próximos anos?
  • Como a indústria pode encarar a logística como parte da experiência do cliente?

Embalagem como estratégia de valor

No setor de móveis, a embalagem exerce papel crucial para garantir a integridade do produto e influenciar diretamente a percepção de valor do cliente. Além disso, Vagno Rodrigues, consultor da VRodrigues Consultoria, lembra que embalagens mal planejadas podem gerar devoluções, retrabalho e frustração, comprometendo a experiência de compra. Por isso, ele defende soluções modulares, compactas e resistentes, que também sejam sustentáveis, como forma de equilibrar custo, imagem e eficiência. Nesse sentido, incluir instruções claras de manuseio e abertura transforma o unboxing em experiência positiva e ajuda a fidelizar o consumidor.

Por outro lado, Bruno Benini, CEO da Frete Gestão, reforça que a embalagem é parte da estratégia operacional e não apenas proteção. Segundo ele, embalagens maiores ou inadequadas aumentam custos de frete e desperdício. Assim, a saída está no uso de inteligência de dados para dimensionar pacotes corretamente, reduzir excessos e transmitir profissionalismo. Dessa forma, o equilíbrio entre eficiência, sustentabilidade e percepção de valor, para Benini, é o ponto-chave para tornar a logística competitiva sem elevar custos desnecessários.

Bruno Benini
Segundo Bruno Benini, CEO da Frete Gestão, a embalagem deixou de ser apenas proteção. Hoje, ela é estratégia: reduz custos, transmite profissionalismo e gera valor percebido pelo cliente.

Otimizar a logística como estratégia competitiva

Os custos de transporte estão entre os principais gargalos da indústria que atua no e-commerce, especialmente em setores que lidam com produtos volumosos e frágeis. Benini observa que o frete não deve ser visto apenas como despesa inevitável. Ele recomenda auditorias de fretes, automação de cotações e uso de múltiplas transportadoras como ferramentas para reduzir custos e ganhar eficiência. Além disso, defende a roteirização inteligente, que utiliza dados de demanda para consolidar cargas e otimizar o deslocamento. A discussão sobre a gratuidade do frete, inclusive, é um ponto-chave, como aponta o artigo Desconto ou frete grátis? Frete grátis!.

Vagno acrescenta que, no caso dos móveis, o desafio é ainda maior. O peso e o volume exigem transportadoras especializadas, capazes de lidar com agendamento e montagem. Ele aponta que descentralizar estoques e consolidar cargas são práticas que já geram resultados positivos. Outra frente, segundo ele, é adotar o compartilhamento de estruturas logísticas, tendência que deve crescer nos próximos anos. Mais do que reduzir custos, a ideia é evitar devoluções e preservar a imagem da marca diante do consumidor.

Prazos curtos e sustentabilidade

O consumidor acostumado a entregas expressas pressiona o setor a reduzir prazos, mesmo em segmentos complexos como o de móveis. Rodrigues avalia que hubs logísticos próximos a grandes centros, aliados a lockers e pontos de retirada, são alternativas eficazes para reduzir prazos sem elevar drasticamente os custos. Ele lembra que integrar serviços de montagem à entrega agrega conveniência ao cliente e aumenta a previsibilidade. Para ele, previsibilidade e flexibilidade são mais importantes que velocidade a qualquer custo.

Vagno Rodrigues, consultor da VRodrigues Consultoria,
Para, Vagno Rodrigues, consultor da VRodrigues Consultoria, mais do que velocidade, o cliente precisa de previsibilidade e flexibilidade. Sustentabilidade e prazo realista são fundamentais para a logística de móveis

Bruno concorda que a pressa não deve comprometer a sustentabilidade. Ele alerta que nem todos os produtos precisam ser entregues em poucas horas e que a promessa deve ser realista e transparente. Para equilibrar custo e impacto ambiental, sugere o uso combinado de modais, como rodoviário, aéreo e lockers. Segundo ele, investir em parcerias logísticas regionais e descentralizar estoques são caminhos eficazes para atender a demanda sem ampliar a pressão financeira sobre a operação. A sustentabilidade e a inovação são as maiores tendências para a cadeia de abastecimento.

Otimizar a logística: inovações e o futuro

A busca por eficiência e sustentabilidade está acelerando o uso de tecnologia na cadeia logística. Vagno afirma que soluções de inteligência artificial e machine learning já permitem prever demanda e otimizar rotas. Ele também destaca a importância da internet das coisas para monitoramento em tempo real e do blockchain para oferecer mais transparência. Segundo ele, veículos elétricos e armazéns automatizados devem ganhar espaço, reduzindo custos e elevando a eficiência das operações. O impacto da inovação tecnológica nas vendas do setor moveleiro é um tema cada vez mais relevante.

Para Benini, as inovações que vão transformar a relação entre indústria, operadores e e-commerce passam pela integração em tempo real entre sistemas e pela auditoria automatizada. Ele ressalta que rastreamento avançado e inteligência de dados tendem a se tornar padrão, permitindo operações mais confiáveis e centradas no cliente. O futuro, afirma, será marcado por uma logística mais colaborativa, em que tecnologia e parcerias caminham juntas para transformar o setor.

Otimizar a logística: como a indústria pode reagir à guerra de preços

Diante da guerra de preços, as empresas precisam enxergar a logística não apenas como um custo, mas como parte da estratégia competitiva. Vagno Rodrigues reforça que embalagens inteligentes, centros de distribuição próximos e processos colaborativos podem reduzir custos ocultos e transformar a experiência do consumidor. Para ele, cada obstáculo logístico pode ser encarado como oportunidade de inovação e diferenciação no mercado.

Bruno acrescenta que reduzir custos não significa sacrificar qualidade. Ao contrário, o segredo está em usar dados e tecnologia para enxergar o frete, a embalagem e os prazos como diferenciais estratégicos. Ele afirma que empresas que colocarem a logística no centro da experiência do cliente conquistarão não apenas eficiência, mas também fidelidade em um mercado digital cada vez mais competitivo.

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